Uma pista

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   O sol nasceu. Uma manhã cansativa se iniciava. Me levantei e o Lucas já estava na varanda  tomando café.

   - cadê o sr Inácio? 
   - num sei.
   - ué, ele sai e te deixa sozinho ?
   - não. As vezes ele me deixa com a vizinha. Ou aproveita que eu tô na escola.

  Olhei em volta pra ver se ele tinha deixado alguma coisa. E encontrei um bilhete em cima do armário. A letra era horrível, mas eu consegui ler.
Eu li em voz alta

  " Fulano, precisei resolver um problema, por favor cuida do Lucas
Pra mim "

- ele me chamou de " fulano" ?
- chamou
-poxa, agora que eu percebi que não tenho nome, digo, não lembro do meu nome - me encostei na mesa e continuei-  - Se ao menos eu tivesse uma pista do meu passado.

  Depois de eu dizer isso, o Lucas ficou todo desconfiado, e falava como  se estivesse escondendo algo.

-- pois e né, que pena , quem dera tivesse algo que te ajudasse a lembrar de algo ou de alguma coisa. Uma  pena

-- Eu não entendi nada que você falou.

Ele começou a encarar a xícara. Tava com cara de quem fez algo errado

-- Tá me escondendo alguma coisa Lucas ?

-- Eu?  Não!

Nesse momento eu encarei esse menino com o olhar mais amedrontador que pude.

-- você tem certeza? - perguntei com a voz bem firme.

Ele saiu correndo

- LUCAS !

  Eu corri atrás dele mais ele corria mais rápido que eu. Ele foi direto para o quarto. Quando cheguei lá ele correu de volta para a varanda.

" Como é possível isso tudo numa casinha pequena ? "
  
   Reparei que ele estava com uma sacolinha na mão. Havia algo dentro.

  - que isso ?
  - tá quebrado ! Tu nem vai mais usar !
  - Usar o que criatura ?!!

corremos em volta da mesa umas 7 vezes até que ele resolveu parar

- tá bem, tá bem.  Desisto.

Ele me deu a sacolinha. Eu tirei o objeto de dentro e me deparei com um celular. Era pequeno, digital e a tela estava quebrada.

- um celular ?

- quando nois te achemo isso tava no teu bolso, e como não ligou pensei que tivesse quebrado. E resolvi ficar com ele.

- pra que se não funciona?
- pra brincar ué! 

    Enquanto ele dava os motivos dele, eu continuava olhando o celular.

- por acaso você...  pressionou o botão de ligar ?
- pressionar ?

Eu pensei "... e se.. "
Pressionei o botão de ligar. O celular vibrou e a logo da marca apareceu. Deu 0 % ,vibrou de novo e desligou.
 
- É isso ! Como eu pensei ! Não tá quebrado, tá descarregado ! - comecei a rir como uma criança.

- oxe ?
você não entendeu Lucas ? Esse celular pode me dar uma pista do meu passado. Ou ao menos pode ter meu nome! - comecei a rir de novo.

- e vai carregar ele como ? Com uma corda ? - o Lucas disse em tom irônico

- cala boca moleque!

  
 
  

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