Capítulo 05

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A lua surgiu no céu sem estrelas e um vento estranho e atípico inflou as velas, obrigando Borther a segurar o timão para manter o navio na direção correta. O homem estava tão ocupado com esta tarefa que não notou a aproximação dos piratas que logo o subjugaram, jogando-o no chão de madeira e amarrando suas mãos nas costas.

– Não podemos nem experimentar? – perguntou um dos vampiros, as presas a mostra e as pupilas com uma coloração difícil de definir, entre o ocre o dourado. Ele chegou a fazer menção de se aproximar da jugular de Borther, mas foi impedido por um companheiro que o esbofeteou.

– John disse que só poderíamos matá-los depois que ele acabar com Morgan. São as ordens dele e nós devemos segui-las. – o pirata nocauteado se levantou e ainda com as presas a mostra rosnou, indignado. – E quem nomeou John o rei? Se eu quiser, corto a garganta deste imediato maldito agora mesmo e me esbaldo com seu sangue!

Borther, que estava sentado com as mãos amarradas para trás, assistia tudo em silencio, apenas pensando o quão mal formulado havia sido aquele motim. Eles não concordavam em nada e nem sequer o haviam desarmado. Sua espada jazia dentro da bainha, presa ao seu cinto, tudo o que precisava era se desamarrar, uma tarefa um tanto quanto difícil, mas não impossível.

Enquanto isso, na cabine de James, o mesmo acordou com a sensação fria do metal contra a pele morna de seu pescoço. Ao abrir os olhos, se deu conta de que estava cercado. O amarraram, assim como com Borther e o levaram para o mesmo lugar onde o imediato fingia ainda estar bem amarrado com a corda.

– John disse para amarrá-lo no pé do mastro! – gritou o vampiro que não permitiu ao outro beber do humano. Este pirata era Pit, que tentava a todo custo seguir as ordens passadas por seu amante. Sabia que qualquer passo em falso resultaria em fracasso.

– Curly não manda em nada, pelo menos não até que nos traga a cabeça de Morgan como prova. – respondeu o que trazia James em um dos ombros, como um saco de batatas.

Enquanto a discussão se desenvolvia proximo ao timão, John Curly e os outros piratas cercavam a porta da cabine de Morgan, preparando-se para uma invasão explosiva e violenta. Chutou a porta com violência, obrigando-a a abrir e expor o cômodo... Vazio.

– Onde está esse cão sarnento? Onde? Ele não pode ter fugido! Entrem, vasculhem a cabine, achem esse pestilento! – ordenou John, permanecendo na porta enquanto os outros invadiam a cabine, abrindo armários, revirando móveis e arrancando o colchão da cama. Nada.

– Interessante, pensei que fosse fiel a mim, John Curly. Pelo menos, fez os votos no dia em que aceitou se tornar parte do Stella Sanguis. – a voz melodiosa de Morgan soou como um sussurro mortal próximo aos ouvidos do outro, o qual teve certeza de que se o sangue ainda fluísse em seu corpo, teria ficado congelado nas veias.

– Es... Estamos de... Declarando Mo-mo-motim! – um gargalhar diabólico ecoou dentro da cabeça de Curly enquanto a mão pálida e fria do loiro segurava seu pulso, quebrando-o completamente com um simples aperto e o obrigando a derrubar a espada.

– Não me faça rir com esta encenação barata, TODOS VOCÊS, FORA DA MINHA CABINE! – a voz ecoou dentro do cômodo atingindo a todos como um relâmpago poderoso. Eles conheciam a historia de Morgan, sabiam do que ele era capaz se fosse provocado. Pois dentro dele estava todo o poder absorvido de Ernest Gray, que por sua vez o adquiriu através da morte de outro vampiro poderoso.

– Então... Vocês declaram motim? Estou correto? – a parte da tripulação que estava até aquele momento na cabine negou com veemência e acusaram John de ser o único idealizador. Eles podiam ter vida eterna, mas temiam a morte. Que ironia, pensou Morgan.

Encheu então uma das mãos com os cabelos negros de Curly e o puxou até onde estavam os outros piratas e os dois humanos. Ao vê-lo ileso e tendo o mandante cativo, os olhos dos outros vampiros se arregalaram de horror. Tudo havia saído errado.

Sangue e OuroOnde histórias criam vida. Descubra agora