Boas vindas

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A alguns dias eu aceitei ser babá, aceitei ir pra uma casa no meio do nada, talvez só pra fugir do meu cotidiano.
A viagem de carro demorou bastante, o que acabou me fazendo dormir encostada com a cabeça no vidro, então fui acordada com uma batida no vidro. Era o motorista.

-Desculpe, eu não sabia como acorda-la.

Melody: *Ri* tudo bem.

Eu desci do carro.
A casa era enorme, me passava um ar sombrio e assustador.

-Suas malas já estão lá dentro, pode entrar senhorita, o senhor e senhora Heelshire saíram, mas logo voltam.

Melody: Tudo bem, obrigada.

Eu subi os degraus para a varanda, podendo ver então o homem sair com o carro.
A porta era feita de madeira escura, com vidros coloridos. Eu espiei o interior, pois estava com receio de entrar. Eu girei a maçaneta gelada, e finalmente entrei no casarão.
O lado de dentro parecia maior que o lado de fora, tinha uma grande escadaria, um monte de portas, o primeiro cômodo que vi foi a cozinha, tinha uma estética moderna, o que pra mim foi estranho, ver uma cozinha moderna em uma casa com uma arquitetura antiga.

-Você chegou. - uma voz surgiu do nada.

Eu levei um susto, e quando olhei pra trás vi uma senhora.

Sra. Heelshire: Você é Melody Miller?

Melody: Sim sou eu.

Sra. Heelshire: Ah muito prazer, sou a senhora Heelshire, estou muito feliz que tenha aceitado vir aqui. - ela apertou a minha mão.

Eu sorri sem graça.
O senhor Heelshire entrou logo depois dela, ele falou com ela e só depois me notou, mas não falou comigo.

Sra. Heelshire: Nós dê apenas um segundo querida.

Melody: Tudo bem.

Os dois saíram da cozinha.
Eu podia ouvir os cochichos dos dois, mas não podia dizer com certeza do que eles estavam falando. Algo me diz que eu não devia me meter.
Apenas a Senhora Heelshire voltou. Ela parecia mais séria.

Sra. Heelshire: Venha, vou lhe apresentar ao meu filho.

Ela me guiou até o que parecia ser a biblioteca, o senhor Heelshire estava ajoelhado de frente a poltrona, falando alguma coisa para alguém, mas eu não podia ver o que era.

Sr. Heelshire: Por favor Brahms, comporte-se. - foi a única coisa que consegui escutar.

O senhor Heelshire se levantou, e na poltrona, havia um boneco de porcelana, vestindo um terno preto. Parecia me encarar.

Sra. Heelshire: Esse é o Brahms.

Eu não soube como reagir, então acabei rindo achando que eles estavam brincando comigo, mas eles olharam estranho pra mim.

Melody: Ah.

Eu cheguei perto, e peguei na mão do boneco, como se fosse estivesse apertando a mão dele.

Melody: É um prazer conhecê-lo Brahms, espero que possamos ser amigos.

Foi muito estranho, mas ao menos foi o bastante para mudar a expressão deles.
A senhora Heelshire, pegou o boneco nos braços.

Sra. Heelshire: Vamos, vou-lhe explicar tudo que precisa fazer.

Eu a segui até a escada.

Sra. Heelshire: Tivemos muitas possíveis babás, mas o Brahms rejeitou todas elas, embora elas não fossem bonitas e jovens como você.

Chegamos ao que parecia ser um quarto infantil.

Sra. Heelshire: As 7 horas deve acorda-lo e vesti-lo, vai encontrar as roupas dele bem ali -ela apontou para a cômoda.

Ela colocou um terno cinza no boneco. Ela me deu ele para que eu carregasse, enquanto eu a seguia até a biblioteca.

Sra. Heelshire: Brahms tem 2 horas de estudo, ele gosta que comece com contos e poesia, conhece algum?

Melody: Bom, meu favorito é o corvo de Edgar Allan Poe.

Sra. Heelshire: Que coincidência, Brahms também ama esse conto.

Ela se aproximou da estante e começou a olhar os livros.

Sra. Heelshire: Brahms adora música, ele não pode viver sem música, claro que ele gosta um pouco mais alto do que eu. - ela pôs a agulha no disco, e uma alta melodia começou a tocar.

Eles me chamaram para jantar com eles, eu sentei em frente ao boneco, que estava com o prato cheio.
Eu peguei os restos da comida e fui até a cozinha.

Sra. Heelshire: Nós não jogamos comida fora senhorita Miller, está é uma casa de campo, então evitamos jogar comida fora para não atrair vermes.

Eu coloquei a comida em um pote que ela me deu, enquanto eu pensava se tinha como tudo ficar mais estranho do que já estava.

Presa com Brahms Onde histórias criam vida. Descubra agora