É isso ai galera, esse aqui sou eu e é óbvio que eu não tô no meu melhor momento.
Digo isso porque nesse exato segundo tem um homem enorme com uma arma em cada mão atirando num grupo de zumbis e ele tá literalmente em cima de mim.
Não é um daqueles momentos "aaah esse cara podia pisar em mim que eu pedia mais", mas seria muito bom se fosse. No caso eu tava aqui na minha curtindo o meu sol e ele simplesmente saltou colocando um pé em cima de mim enquanto atirava ma-jes-to-sa-men-te ui quase me perdi, mas esse homem é um monumento!
Será que eu devo esperar até avisar? Vai que ele se assusta e mete uma bala na minha cara?! Foi muito difícil chegar vivo até aqui no meio desse surto todo. Se eu falar com jeitinho quem sabe?
– Oi, é... com licença?
Chamei assim como quem não quer nada na maior das boas intenções. Ele deve ter estranhado a minha voz falhada que nem a de um adolescente. Talvez eu precise de uma pastilha de menta.
– É... então, eu tô aqui embaixo.
Minha voz mais parecia um engasgo mas ele finalmente olhou pra baixo devagar como se eu fosse uma assombração.
ARMA! Abordagem errada! abordagem errada!
– Pera, peraí mano faz isso não!
Ergui as mãos na frente do rosto. Foi um ato desesperado e covarde? Foi, mas fazer o que? Santo Deus as minhas unhas estão grandes demais, lascadas e quebradas que vergonha.
– Na cara não que vai estragar o velório!
Berrei e ele baixou uma sobrancelha se entregando ao grande ponto de interrogação que pairava sobre a sua cabeça. Eu sei, a boca roxa e a pele cinza podem dar um sustinho. Será que se eu der um sorrisinho ele não me mata?
– Talvez, se você puder tirar esse pézão 44... não? 42? Tá!
Vamos combinar que eu fui muito corajoso de encostar nele com uma arma apontada na minha cabeça. Aposto que ele tava pensando como caralhos eu tava falando daquele jeito.
– Se você tirar essa lancha de cima de mim talvez você possa me ajudar a entender QUE DESGRAÇA TÁ ACONTECENDO!!
Agora sim acho que consegui a atenção dele porque finalmente saiu de cima e pulou pro chão. Ok que eu não sou lá grande coisa, mas como foi que ele não me viu aqui embaixo?
– Mas que porra...
Ele deixou escapar quando me viu me sentar sem dificuldade em cima da pilha de concreto.
– Não é rapaz?! Eu também tô pensando a mesma coisa.
Curvei os lábios balançando a cabeça enquanto olhava em volta. Francamente eu não fazia ideia de onde eu tava, muito menos como tinha ido parar ali.
– Que zona hein. Cê que fez isso tudo?
Apontei com o polegar para os corpos dos mortos-vivos... bom agora mortos de verdade pelo chão.
– Por que é que você tá falando comigo?
Ele balançou a cabeça. Tá tão quente que eu aposto que ele ta achando que eu sou uma alucinação.
– Ou melhor, por que é que eu tô falando com um zumbi?!
– Caralho zumbi onde?!
Olhei para trás e pros lados com o cu na mão procurando o tal zumbi até me tocar que ele devia estar falando era de mim mesmo.
– Aaaah eu é que sou o zumbi. – Ah caramba a arma de novo não! – Peraí, achei que a gente já tinha passado dessa parte!
– Quer parar de se balançar?! - Ele berrou vendo as minhas pernas.
– Foi mal é que eu meio que não to controlando muito os meus movimentos sabe. – Avisei ainda com as mãos para cima. – Quer saber, talvez você possa me ajudar e então eu te ajudo, e aí tá fazendo o que por essas bandas? – Fazer uma amizade pra ver se ele desiste de me matar, essa é a estratégia do pai.
– Tô tentando achar o meu irmão e o amigo dele que estão por aí no meio dessa bagunça de fim de mundo. Vem cá por que você não para de falar e me deixa te matar logo?!
Rebateu impaciente com certeza puto por não ter sentado uma bala na minha cabeça na hora que me viu.
– Eu tô parado aqui! Você é que não atira, porque tem uma coisa chamada coração que eu seeei.
Dei uma piscadinha e me empurrei pra descer mas eu sou só um saco de ossos sem nenhuma agilidade. Digamos que a minha queda não foi muito impressionante.
– E ai, pode me explicar quem foi o idiota que decidiu jogar plants versus zombies com seres humanos de verdade?
– Olha, eu não sei que tipo de criatura deflagrada é você, mas eu não tenho tempo pra ficar de papo, eu tenho que achar o meu irmão.
Calma brother, eu achei que a gente estivesse construindo uma amizade sólida aqui. Com certeza ele é um policial. Meio obvio pela parte do uniforme marrom todo rasgado que certamente já tinha visto dias melhores.
– Ei peraí! – Droga de perna de zumbi que não responde comando nenhum! – Cê não vai embora e me deixar aqui sozinho né? – Consegui andar mais perto, mas ele me deu uma encarada – Tu já viu quanto bicho solto tem por aí?
– Se você é um deles vai se sair bem.
Ui, essa foi bem no peito.
– Nossa agora você me magoou. – Reclamei, mas tratando de adiantar o passo seguindo o policial de cabelo laranja. – Tá claro que eu não sou um deles.
– Mas também não é humano. – Desdenhou percebendo que eu o seguia e parou bruscamente fazendo o corpo dele se chocar contra o meu. – Qual é o seu problema?
– Eu não sei! Eu tava bem de boa de boaça mesmo e depois não tava mais.
– Fala enquanto anda. – Ihul ele teve que aceitar o fato de que eu não ia desistir fácil. Ou ficou se sentindo mal de largar uma bala na cabeça de alguém que fala igual a ele.
– Ou anda enquanto fala, acho que esse seria o termo certo. Tá bom, desculpa estou bem atrás de você senhor...
– Detetive Bang pra você.
– Ui tá bom, Senhor Detetive Bang. Meu nome é Han. Jisung, caso você esteja se perguntando.
– Não estou.
Ui mal educado. Que bicho mordeu a baratinha dele?
– É o fim dos tempos mesmo, antigamente as pessoas se apresentavam com um pouco de educação.
Vi a mão dele deslizar pela cintura até quase tocar a armas nas suas costas. Com ele era tudo na base da ameaça.
– Tudo bem, por onde eu começo? – Perguntei pra mim mesmo e ele bufou.
– Pelo começo. Onde você estava quando isso começou?
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SCAPE! | CHANSUNG
FanfictionChan estava na delegacia quando o surto começou. Ele precisava encontrar o seu irmão e salvar o mais novo. Ele só não contava encontrar Jisung no caminho, o zumbi que ainda tinha a consciência intacta e não fazia ideia do que estava fazendo.