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Lua Narrando:

— Silêncio! — resmungo para a minha irmã gêmea. Ela estava falando coisas emboladas e sem sentido algum.

— Me... me deixa! — me empurra e acaba esbarrando na mesinha que havia no meio da sala.

Eu queria mata-lá.

É errado?

E eu nem poderia gritar com ela ou arrasta-lá pelos cabelos escada acima. Alguém poderia nos ver e assim sim, estaríamos ferradas.

— Letícia, se você não calar a merda da boca eu vou fazer você engolir meu salto! — aponto meus sapatos em sua direção.

Eu só queria poder chegar até meu quarto sem ser vista por alguém. É pedir demais?

— Enzoooooo — ela grita e eu tampo sua boca para ninguém ouvir essa retardada.

— Nunca mais te levo junto! — aviso empurrando ela escada acima.

Agora era por volta das 5/6 da manhã e estávamos voltando de um baile que fomos escondidas dos nossos pais. Se meu pai nos pega, eu nem sei o que será de nós... eu sou muito nova pra morrer.

Respiro aliviada quando chegamos no topo da escada, não é fácil subir empurrando essa vadia da minha irmã.

— Enzo, me beija! — ela continua falando sem parar.

Eu poderia joga-lá em seu quarto, mas e o medo dela fazer alguma besteira? Eu não confio, tu confia?

Decido leva-lá ao meu quarto assim posso ficar de olho nela. E sinceramente, ela nem bebeu tanto assim pra estar nesse estado... O que um coração partido não faz...

Abro a porta do meu quarto com maior cuidado do mundo e adentramos o mesmo. Acendo a luz e viro de frente para a minha cama trombando na minha irmã. Caímos no chão. Eu poderia rir dessa situação? Com certeza, se meu pai não estivesse sentado em minha cama com o olhar assassino dele.

Agora, eu morro.

— Pai — Letícia diz se levantando rapidamente.

O olhar assassino do meu pai é tão poderoso que passou a embriaguez da gata rapidinho.

Me levanto rapidamente, ajeitando meu vestido. Meu pai continuava quieto nos encarando, e esse era pior do que ter ele gritando ou brigando com a gente.

— Podemos explicar! — digo rapidamente. E ele me olhou com a sobrancelha arqueada.

Meu pai se levantou da cama lentamente e andou pelo quarto ainda em silêncio. Ele estava tão furioso...

— Onde vocês estavam? — ele perguntou com a voz grossa.

— Não sei porque você tá perguntando se já sabe até que horas saímos de casa... — respondo e recebo uma cotovelada da Letícia, eu não consigo controlar minha língua. Mas isso é verdade, os vapores do meu pai são tudo uns fofoqueiros, bando de x-9.

— Não entendi, Lua, onde vocês estavam? — pergunta parando em minha frente.

— No baile pai... — resmungo.

Os herdeiros do morroOnde histórias criam vida. Descubra agora