E mais uma segunda-feira chegou, dessa vez decretando o fim das férias de verão. Enquanto se arrumava para voltar ao colégio aquela manhã, Dahyun tentava manter a calma para quando tivessem que revelar a Sana que boa parte do musical do Conselho Estudantil havia sofrido mudanças. Especialmente seu final. Embora ela quisesse a todo custo ajudar a mais velha, mesmo que para isso fosse preciso ir contra suas vontades, a coreana sempre se perguntava se realmente estava fazendo a coisa certa.
Tinha que acreditar que sim. Não podia se deixar abalar, não quando a visão de mundo da japonesa era tão alarmante. Aceitaria tudo: distância, mau humor, revolta, o que quer que fosse desde que Sana abrisse os olhos e parasse de odiar a si mesma e entendesse de uma vez por todas que ela não se resumia a um reflexo de sua irmã e que estava tudo bem não ser ou parecer perfeita como Haru – quem, agora, elas sabiam não ser lá tão perfeita assim. Jin que o diga, ele e os demais integrantes do Conselho Estudantil da época sofreram horrores nas mãos da garota. O que Dahyun não sabia é que o mundo de Sana sempre girou em torno de sua irmã, sempre.
Ela a ditava o que vestir, o que comer, o que gostar e quando não estavam juntas Sana se via completamente perdida e insegura. Talvez, por isso, costumasse ser tão retraída com as pessoas. Era extremamente tímida na infância. Não tinha amigos, muito menos notas boas e sempre duvidava das coisas que pensava por conta própria. Mas, seus pais não pareciam prestar muita atenção uma vez que tinham Haru para enchê-los de orgulho. Sana era a sombra dela desde sempre. Não apenas por ser manipulada o tempo todo, mas também porque Haru era sua única amiga e maior felicidade.
Para Sana, nunca foi um problema ter alguém escolhendo as coisas para ela porque a Haru que ela enxergava não tinha defeito algum. Ela era incrível em todos os sentidos e muito, muito afetuosa. Apesar da parte ruim, sua irmã a tratava com um carinho sem igual. Ela nunca gritou ou bateu nela, no entanto sempre dava um jeito de persuadi-la fazendo-a acreditar que as coisas eram mais dela do que de Sana. Haru sentia-se no direito de mexer em tudo o que pertencia a mais nova, mas ficava furiosa se acontecesse o contrário. Isso se repetia com quase tudo, ela é quem possuía a palavra final. Mesmo quando seus pais precisavam resolver algum assunto, lá estava Haru decidindo por eles. Seu carisma encantava qualquer um.
Assim que tomou café da manhã, Dahyun escovou os dentes e foi atrás de sua mochila. Nela, havia pendurado aquele chaveirinho de cachorro que fazia par com o de gato que ela e Sana tinham comprado sexta-feira. Começou a ficar nervosa com o pensamento de que a veria todos os dias de novo levando em conta a intensidade daqueles dois dias que tiveram desde que a outra avisou ter retornado do Japão, então não trocaram uma palavra sequer durante todo o domingo e ela se preocupou um pouquinho.
Só esperava do fundo do coração que a Minatozaki não estivesse arrependida de terem feito sexo. Porque ela não estava. Era meio bobo da sua parte, mas não podia ter sido mais especial. Sua primeira vez foi com alguém que ela ama e confia e que não poupa palavras e gestos em demonstrar seu amor por ela. É claro que doía não poder dizer isso em voz alta para Sana, mas tinha que ser paciente e dar um passo de cada vez. Despedindo-se de sua família, a menina Kim seguiu seu caminho casa afora notando a presença de alguém no finalzinho da rua à medida que chegava perto.
Sana estava parada na esquina onde sempre se separavam, mexendo na alça de sua bolsa algumas vezes enquanto olhava para o chão. Só foi notar a presença de Dahyun quando ela parou na sua frente. Seu coração batia como louco, estava extremamente corada e sua voz um pouco falha. A menor olhou para ela com a cara de paisagem de sempre e Sana pôde jurar que morreria ali mesmo, não sabia o que pensar ou como agir. Naquele momento, todas as suas inseguranças pareciam gritar no pé do seu ouvido.
Dahyun notou que ela havia pendurado o chaveirinho de gato na bolsa e escondeu um sorriso, fingindo olhar para alguma coisa do outro lado da rua. Tão fofa. Estava feliz de vê-la. Porém, um pouco aflita também já que a casa de Sana ficava há quatro estações dali e ela nunca chegava mais cedo que Dahyun na escola, muito menos se esbarravam pelo caminho. Será que tinha acordado mais cedo ou o quê? Que, pelo menos, tivesse dormido bem e se alimentado direito.

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Bloom Me - SAIDA
Romance[+18] Onde Sana é a apaixonada que não se importa de ser correspondida e Dahyun é a coração de gelo que se importa até demais, afinal como diabos era possível alguém se declarar para ela com menos de uma semana de convívio? Kim tinha que entender o...