— Por que eu fui dizer aquilo? — Eu te amo... Essas eram palavras que Dahyun sempre quis dizer, sempre quis sentir. E para quê? Uma vez ditas, sentidas: ela já não era mais capaz de compreender sua verdadeira essência. Desde o dia em que se declarou para Sana e foi rejeitada com aquele papo de que ela não podia superar suas expectativas, porque tinha se aproveitado da sua "incapacidade" de entender o amor, ignorado seu lado, a forçado a mentir, ficar calada e nos últimos tempos impedido que retribuísse o mínimo gesto ou carinho que fosse, o coração da coreana parecia entorpecido. Como se estivesse num lugar bem distante, imerso em lembranças, envolto por um manto extremamente pesado. — Droga.
Será que Dahyun realmente amava Sana? Não achava que fosse doer tanto, que ficaria tão irritada de vê-la toda vez que tinham reunião e tarefas do Conselho Estudantil durante a semana. Mal conseguia olhá-la nos olhos ou dizer muito mais que simples cumprimentos, assuntos do próprio grêmio. Eu te amo, Dahyun... Quantas vezes escutou isso da japonesa? Foram várias. Era tão injusta, tão cruel. Bastou Kim sentir o mesmo e dizer em voz alta para Sana pular fora. Talvez, não fosse amor.
Era egoísta, desajeitado, repentino e unilateral. Mesmo assim, brilhava. Brilhava tanto que não conseguiu se conter, quebrou sua promessa, agarrou aquele calor com as mãos, teve todos os sintomas: queria ver e estar com a Minatozaki todo santo dia, gostava de falar com ela, do cheiro dela, do toque, do beijo, do abraço, voz, seus olhos, rosto, reações, conversas... Adorava a certeza que Sana tinha ao direcioná-la aquelas palavras, a forma como era tratada com tanto carinho. Era admirável que, apesar de toda a sua insegurança, era capaz de afirmar seu amor e correr atrás de seus objetivos ainda que o maior deles não fosse lá muito saudável: concluir o que Haru não pôde, tornar-se um reflexo dela, ser admirada por todos, deixar coisas boas para trás e... Acabar como sua falecida irmã, a sete palmos do chão.
Depois do musical, no entanto, Sana parecia muito bem. Começou a frequentar uma psicóloga, virou trainee numa empresa de kpop e, embora não estivesse deixando que Dahyun retribuísse quase nada – coisa que ela era mais aberta no passado; parecia estar se divertindo com a vida, leve. Isso até a declaração da mais nova. Com aquela declaração, Sana percebeu quão mal estava fazendo para Dahyun e deu um fim no que elas tinham, estava com medo do amor. Não qualquer amor, mas de ser amada por Dahyun... Logo, Dahyun. Não seria capaz de corresponder suas expectativas mesmo que tentasse. Não entendia como, quando e o porquê ela se apaixonou, mas lá estava a menina Kim sofrendo, chorando na sua frente. Não era para isso acontecer.
Saiu do controle, não tinha conserto.
Talvez, não fosse amor. O coração de Sana nunca disparou por ninguém até Dahyun. A princípio: ela achou a outra adolescente bonita e só, não teve nada demais nisso. Seu coração só disparou quando ouviu da boca de Dahyun que ela não entendia o amor. Aquela afobação de estar com ela e tê-la para si veio logo depois, junto a tantas emoções, emoções que jamais sentiu antes, emoções muito boas. Talvez, Sana não amasse Dahyun, mas tudo que começou a sentir perto dela. Talvez, amasse o desejo, não a desejada. Dahyun se viu pensando a mesma coisa. Ela não sofria tanto quando desconhecia tal sentimento, ainda assim queria continuar amando. Mas, não podia ser qualquer pessoa. Bom, talvez pudesse.
Se amasse o desejo, não a desejada.
Por meses, Dahyun se empenhou em fazer com que Sana amasse a si mesma. Esse era seu maior objetivo, não queria ser sua única fonte de felicidade, jamais concordaria com isso. E, mesmo sabendo que as chances de tudo entre elas acabar eram grandes, não se arrependia de nada. Se ela estivesse bem, não fizesse mal a si mesma, não cometesse uma loucura, estava ótimo. Alguma hora, o coração da coreana pararia de doer.
Sana estava quase se formando, era o último dela. Depois disso, não precisariam nunca mais se ver. Parte de Dahyun sentia-se aliviada com isso, outra enchia-se ainda mais de agonia. Duas semanas se passaram desde a sua declaração, duas semanas que mais pareciam meses, só queriam que aquele ano acabasse de uma vez. Entraram na última semana de Novembro, torcendo para que Dezembro fosse melhor.
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Bloom Me - SAIDA
Romantik[+18] Onde Sana é a apaixonada que não se importa de ser correspondida e Dahyun é a coração de gelo que se importa até demais, afinal como diabos era possível alguém se declarar para ela com menos de uma semana de convívio? Kim tinha que entender o...