20. Mais e Mais

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Pode tentar desviar o olhar

Pode tentar esconder o que sente

Pode até tentar fugir de mim

Mas, quando abrir os olhos

E pensar em mim de repente

Me pertencerá outra vez

Vai pedir mais, mais, mais, mais

Mais e Mais


- More & More (Twice)


Chaeyoung estava de castigo. Mas, não um castigo qualquer. O PIOR DELES. Primeiro que não podia pegar no seu celular, usar a internet ou mesmo sair sem a presença do seus pais, segundo que estava sendo obrigada a se consultar duas vezes por semana com um psicólogo extremamente perturbado da cabeça, além de ter que pisar na igreja todo santo dia e rezar por perdão – mesmo que sua família não fosse lá tão religiosa assim e terceiro que fora proibida de ver Mina. SIM, PROIBIDA. O nível era esse. E o motivo para todo aquele escarcéu? Conseguia ser ainda pior.

Durante as férias, as adolescentes ficaram ainda mais próximas do que já eram. O que significava que queriam se amar o tempo inteiro e costumavam ser muito cautelosas quando o faziam, até o fatídico dia que a Son acabou largando a porta do quarto destrancada em uma das visitinhas da Myoui e, bom, o resultado foi sua mãe as flagrando... Na cama. SIM, SUA MÃE. Nem suas melhores amigas tinham conhecimento do seu envolvimento com a japonesa, muito menos sonhariam em vê-la naquela posição. Mas, é claro que seus pais foram os primeiros a saber. Claro. Sua progenitora não disse uma palavra sequer na hora, apenas lhe olhou com desgosto e sumiu dali. Os xingamentos só vieram depois que Mina foi embora. E foram vários.

Ela quase levou uma surra da coreana mais velha, mas seu pai interviu antes que as coisas chegassem naquele ponto. Então, sua mãe convocou uma reunião com os pais da Myoui para expor toda a situação e o castigo veio logo em seguida. Não conseguia nem imaginar como estava sendo para Mina ou como sua família reagiu ao ter conhecimento de tudo aquilo, mas para ela era um pesadelo em todos os sentidos. Son não via a hora das férias acabarem. Faltava apenas aquele final de semana e pronto, estaria de volta à escola. Isso a deixava estranhamente feliz.

Era meio irônico se parasse para pensar, nunca desejou tanto que uma segunda-feira chegasse. Chaeyoung estava presa aquela rotina infernal já fazia umas duas semanas, tudo o que ela mais queria na vida era poder rever Mina, suas amigas e todo o pessoal do colégio. Estava sofrendo horrores sem o celular, não tinha com quem interagir. A mãe dela mal lhe dirigia a palavra, o pai sempre foi um homem calado, o povo da igreja olhava-a atravessado e seu psicólogo era o maior conservador homofóbico. Mais um pouquinho e ela pediria para se internar num manicômio por conta própria.

§

— Sana, querida. — O pai dela lhe tocou o ombro, acordando-a aos poucos naquela manhã de sábado. Abriu um sorriso quando conseguiu. — Bom dia.

— Bom dia, pai... Que horas são?

— Cinco e pouco.

— Tão c-cedo assim? — Ela arregalou os olhos, preocupada. — Aconteceu alguma coisa?

— Não, pode ficar tranquila. Só vim dizer que sua mãe foi escalada pra substituir um colega numa reportagem que farão em Jeju hoje mesmo. Acabaram de avisar. Tudo pago, com direito a acompanhante e hora extra.

Bloom Me - SAIDAOnde histórias criam vida. Descubra agora