Capítulo 12

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FRANCESCA CECCON

Pela primeira vez — desde que esbarrei com o Pedri no aeroporto — eu sinto empatia por ele.

Está nítido o quão caótico é a sua situação. Pedri está coberto de incertezas sobre algo que ele não sabe o que é. E, isso é preocupante. O que está acontecendo com ele, está começando a afetar o seu trabalho, que é entrar em campo e dar o seu melhor. Mas, no fundo, eu acho que ele sabe o motivo de estar tão indeciso, apenas não quer assumir ou tem medo de enfrentar o que for que seja.

Resumindo, o Pedri precisa de uma boa terapia, e eu não sou psicóloga.

As suas expressões durante a nossa conversa, me deixaram um tanto curiosa para adentrar em sua mente e tentar decifrar o que está acontecendo com ele. Mas, do jeito que Pedri está, é capaz de revirar a sua mente e acabar ficando confusa junto com ele.

— Ei... — Caterina se aproxima de nós dois. — o Gavi me convidou para almoçar, vocês querem ir?

— Não, quero ir para casa. — sorrio. — Vá almoçar com o seu gato. — pisco o olho.

— Agradeço pelo convite, mas eu já tenho um compromisso com o Fernando. — Pedri responde. Ele levanta da cadeira e agacha para pegar o par de chuteiras que está emaranhado com as meias.

— Tudo bem! — Cat exclama. — O Gavi está sem carro hoje, você pode oferecer uma carona para a Fran? — ela pede, com uma expressão de medo no rosto.

— Ok. — dá de ombros. — Vamos. — ele se dirige à mim.

Pedri está tão fodido da mente, que não tem forças para me pirraçar. Me despeço de Caterina e aceno de longe para os meninos — que ainda estão no centro do campo.

Pedri permanece calado durante o trajeto até o apartamento de Cat. Em alguns momentos, ele canta baixinho algumas músicas que estão tocando no rádio do seu carro. E, percebo que quase todo o álbum do Coldplay está sendo reproduzido. Fecho os olhos e sinto a nostalgia invadir o meu corpo e mente, quando Fix You ecoa do rádio. É como voltar à Itália por alguns minutos.

Coldplay foi a minha obsessão por longos anos na pré-adolescência. Eu passava horas assistindo os seus shows pelo Youtube, ouvindo suas músicas durante o dia, ou no escuro do meu quarto durante a madrugada, imaginando o dia que estaria em frente ao palco, ouvindo pessoalmente as músicas da minha banda favorita. Óbvio que o embate deles e da Taylor Swift para ocupar o espaço no meu coração é gigantesco.

E, lembrar de casa, é como engolir um copo de ácido, dói, machuca, queima, arde. Conversar com o Pedri e falar sobre os meninos, foi uma péssima ideia, porque agora, ouvindo as músicas que marcaram a minha vida, é impossível não me recordar dos meus três melhores amigos.

Enrico, Ryan e Pietro são uma parte de mim. Eles estiveram comigo durante toda a minha vida até aqui. Eles acompanharam os momentos bons e difíceis, alegraram os meus dias mais sombrios, e não soltaram as minhas mãos quando mais precisei que alguém segurasse. E estar longe deles é doloroso.

As nossas mães são amigas desde a infância, e mesmo com todos os obstáculos que as três enfrentaram durante a vida, nunca se distanciaram. E, por uma coincidência do destino, as três engravidaram na mesma época. Uma gravidez não planejada.

Mas, um segredo que eu não revelei na conversa com o Pedri, até mesmo com o Valverde, é que eu já fiquei com o Ryan. Porém, não foi nada sério.

Estávamos no aniversário de catorze anos do Pietro. Foi algo momentâneo. Na época confundimos a nossa amizade com uma atração boba da pré-adolescência. E, eu tinha uma curiosidade enorme para saber como era beijar o Ryan, depois da Livian — minha colega de sala — espalhar pelo colégio que o loiro beijava super bem. Assim como eu, Ryan também tinha uma curiosidade para me beijar, mas por outro motivo, apenas para saber como era o gosto dos meus lábios com o gloss de melancia que eu tanto usava.

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