035- ROXO

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Saindo do quarto sinto meu corpo começar a formiga, minhas pernas tremerem, meu coração dar pulos insanos dentro do peito. 

Volto mais que depressa, depositando um celinho demorado em seus lábios. Algumas lágrimas minhas chegam a cair em seu rosto, mas ele dorme tão calmamente que nem as percebe ali. 

Olhar Tom dormindo como um bebê estraçalhava meu coração, ver o coração que batia tão calmamente em cerca de algumas horas estaria quebrado em mil pedaços. 

Saio sem olhar para trás, pego a outra caixa que estava em minha bolsa, a porta do quarto de Bill estava entreaberta, ele estava jogado na cama com a roupa por vestir. 

Ele roncava baixinho, sua respiração era pesada, ele com certeza havia bebido mais que Tom na noite passada. 

Deixo a caixa em sua escrivaninha, e me direciono até ele depositando um beijo em sua testa. 

Era impossível evitar lágrimas naquele momento. 

Saio do quarto ignorando qualquer pensamento invasivo. Principalmente os que me imploravam para deixar essa loucura para lá. 

Agora já estava feito, eu ja estava na porta da Mansão dos kaulitz e por sorte ninguém me viu saindo. 

Dou um tchauzinho em meio a lágrimas para câmera que ficava na frente da garagem, jogo um beijo demorado para a mesma com meus olhos fechados e apertados. 

Caminho até o carro que Max, meu motorista, estava dirigindo. 

Max: para a sua casa, senhorita? - ele pergunta. 

Minha cabeça estava encostada no vidro fechado do carro. Eu não tirava meus olhos da casa dos kaulitz. 

Nessa: Infelizmente... - em segundos ele liga o carro e segue para casa. 

Simplesmente não consigo lembrar do caminho, parece que foi tão rápido. 

Tudo estava passando muito rápido ultimamente, na verdade. 

Os dias, os momentos, as risadas... 

Entro dentro de casa, e a mesma estava silenciosa. Subo para o meu quarto ouvindo passos. 

Fineas: Que susto! Parece uma assombração. - ele ri depois de entender o próprio trocadilho. Eu riria também. Mas tudo que consigo fazer no momento é começar a chorar. — Ei calma. - ele me abraça. — Eu estou aqui, vai dar tudo certo. 

Nessa: eu não quero fineas, eu não quero... Por favor não me faça a fazer isso. - eu me jogo no chão e ele me abraça ali mesmo. — Eu não quero causar tanta dor assim a eles. Eu não quero viver sem meus meninos... 

Fineas: Nessa, confia em mim, está bem? Ta tudo bem, vai ficar tudo bem... - depois de um tempo abraçados no chão eu me levanto, eu só quero acabar com isso de uma vez para voltar para os meus meninos. 

Nessa: vamos andar logo com isso. - eu falava em um pingo de coragem me levantando. O quarto estava propositadamente meio bagunçado, havia uma taça cheia de vinho com a garrafa do mesmo jogada na cama. E muitos... Muitos remédios espalhados pelo quarto inteiro. — Você realmente já preparou tudo. 

Fineas: sim...- ele parecia aflito, queria me dizer algo mas ao meu ver não estava conseguindo. 

Nessa: vai, fala. Ja tô praticamente morta mesmo. - dei de ombros me sentando na cama. 

Fineas: Seu pai está desesperado pois ameaçaram ele usando seu nome ontem a noite de novo.... 

Nessa: papai se preocupa mais em se preocupar comigo do que demonstrar isso para mim. - sem demora abro a pequena gaveta ao lado da minha cama, pegando a caixinha que continha o comprimido da minha morte. Fico a encarando sem parar. 

Fineas: Já conversamos sobre isso...-ele cantarolou triste. — Bom... Só pra revisar, quando a máfia oposta descobrir de sua morte, não terão mais porque ou o que usar para ameaçar seu pai. Logo, você não estará correndo perigo nem um, nem os kaulitz. 

Nessa: eu... Eu só quero acabar com isso logo. - me encosto na cabeceira da cama, quase deitando totalmente na mesma. Pego o vinho que aparentemente havia sido servido na taça a pouco tempo antes de eu chegar. 

Fineas: funcionará da seguinte forma... Esse remédio demora dez minutos para fazer efeito. Eu tenho uma ejeção guardada na minha maleta. - ele apontou para a maleta no canto do quarto. — Eu tenho apenas 27 horas para lhe aplicar essa ejeção, se não... Você vai de base mesmo. 

Eu arregalo meus olhos, um mínimo riso escapa de minhas narinas. 

Nessa: obrigada por estar aqui... Eu realmente consigo entender porque papai confia tanto em você. - acaricio uma de suas mãos. — Algo mais que eu precise saber antes de morrer? - eu disse tomando um gole do meu vinho favorito. 

Fineas: a claro. A sensação desse remédio pode ser péssima antes de fazer efeito, por isso é bom ter alguém ao seu lado quando for tomar... Pesso apenas que mantenha bons pensamentos antes de cair no sono. Ele funciona como um sono profundo. Então antes de apagar, se certifique de estar pensando em coisas boas pois para você a sensação será estendida... 

Nessa: como assim estendida? - pergunto dando mais um gole no vinho. 

Fineas: na sua cabeça, parecerá que você estará vivendo outra vida, como se morasse em um sonho para sempre, por isso, certifique-se de que ele seja bom... Aqui fora será só algumas horas, enquanto na sua cabeça... 

Concordo com a cabeça entendendo exatamente o que ele queria me dizer. 

Em um ato de coragem tomo a pílula com vinho. Sentindo um pouco de ansia, ele era amargo. 

Termino de tomar a taça e a entrego para fineas. 

Fineas: isso pode alterar alguns sentidos... Não irei fazer um barulho se quer, pois isso seria torturante. Seus sentidos ficarão aguçados. Você verá melhor, ouvirá cada mínimo barulho... Suas mãos irão formiga e você começará a sentir tudo em sua volta. - concordo com a cabeça. — Quando estiver sentindo que está apagando, me faça um mínimo movimento para eu começar a cronometrar. Cada mínimo segundo é valioso. 

Minha boca começa a adormecer em questão de cinco minutos. 

Fineas: apenas tente ignorar os sons e os movimentos de seus órgãos, foque em coisas boas, lembre do que eu disse. - a voz de fineas ia ficando cada vez mais alta em meus ouvidos, mesmo eu sanando que ele tentava cada vez mais falar mais baixo. 

" Vai ficar tudo bem. Quando você acordar já estará tudo pronto. Seu velório será em caixão aberto e o enterro com o caixão fechado. Então eu te trago de volta depois do velório." 

Meus olhos começam a pesar, e respirar começa a ser um ato difícil. 

Vejo o filme de toda a minha vida passar em frente aos meus olhos, lágrimas involuntárias começam a cair. 

" Os médicos e todo mundo faz parte do plano, cada uma das pessoas que estiverem envolvidas sabem do plano, e irá dar tudo certo." 

Eu podia ver que ele estava sussurrando, mas em minha mente, era como se ele estivesse gritando bem Auto. 

Essa mesma sensação me fez lembrar da minha primeira overdose, eu sentia exatamente as mesmas coisas que estou sentindo nesse exato momento, porém com mais intensidade. 

Aperto a mão de fineas soltando um suspiro demorado. 

Minha última visão é do rapaz em minha frente mexer em seu relógio de pulso. 

NT autora: 

Eu não sei vocês, mas eu não tô NADA bem. 

Ꮖ ᎠᏆᎬ ҒϴᎡ ᎽϴႮ - Tom Kaulitz / h͓̽i͓̽a͓̽t͓̽o͓̽s͓̽Onde histórias criam vida. Descubra agora