God is a Woman - One Shots LÉSBICOS

A Sócia - Intersexual

Voltei pra fazer estrago, viu? 

Vamos ver se vocês descobrem quem é a intersexual.

(oYo)

Camila Estrabao

Não parava de deslizar a digital do polegar sobre minha aliança. Estava mais pensativa que o normal e isso sempre fazia minha cabeça fervilhar. Massageei minhas têmporas e soltei o ar pela boca. O café a minha frente já havia esfriado. 

Batidas na porta. 

- Desculpe a demora, senhora, a documentação só me foi entregue agora. - Patrícia, minha secretária, avisa. 

- Não há problema, obrigada. Fique perto do telefone. - digo, puxando o conteúdo do envelope preto. Olho para a cartela de remédio que ela, devagar, desliza sobre minha mesa, bem como uma pequena garrafa de água. 

- Tome, senhora. - sorrindo de modo gentil, ela pede. Patrícia está na casa dos 60, foi secretária do meu pai nesta mesma empresa por bons trinta anos e agora está comigo. 

- Não precisa me chamar assim quando estivermos sozinhas, sabe disso. - digo, sorrindo com os lábios. - A senhora me viu crescer, estudei e brinquei com suas filhas. - completo. 

- Eu sei, por isso te olho com orgulho. - ela sorri de forma gentil. - Com licença, vou enviar o relatório que me pediu para o setor da contabilidade.

- Sim, já havia esquecido. Pode ir, Patrícia. 

Ela se vai, tendo o zelo de fechar a porta com cuidado. Minhas enxaquecas chegaram num nível que até o som dos meus próprios saltos faz minha cabeça martelar. Respiro fundo, esperando que o remédio faça efeito. Mas não tenho paciência para esperar tanto, bufo e volto a dar atenção para a papelada. 

Meu pai dividia a presidência desta empresa com seu sócio, Derrick Hamilton. Os dois a fundaram há quarenta anos. Comecei a trabalhar aos 20 anos aqui, mesmo sendo herdeira, comecei de baixo, assim como meu pai em sua vida. Passei por quase todos os setores ao longo dos anos, isso me irritava, sempre que começava a entender como funcionava, meu pai me mandava para outra área. 

"Deve conhecer esta empresa e como tudo acontece como se fosse a palma de sua mão." 

Ele sempre me dizia. 

Levei bons anos para entender o que isso significa e não é exatamente literal. 

Fiz 33 anos quando meu pai se aposentou e passou sua cadeira para mim. Hoje conto com 34 e faz exatas 24h que o sócio dele, senhor Hamilton, aposentou-se. 

Seria simples se ele, juntamente com a notícia, não tivesse dito que vendeu sua parte na empresa sem qualquer tipo de aviso prévio. Nenhuma mísera reunião. 

Não era 50/50. 

Ele detinha 45%, assim como eu, já que os outros 10% estão distribuídos entre os demais investidores acionistas. 

Dia anterior

- Senhor, Hamilton, posso ajudar em algo? - pergunto, ao vê-lo em minha porta. Vinco as sobrancelhas ao vê-lo sorrindo feito uma criança que acabou de aprontar algo. É comum dele, mas minhas personalidade faz meu cérebro levar uns segundos para processar. Ele se aproxima.