God is a Woman - One Shots LÉSBICOS

Impossible

Esse capítulo é muito especial.

POV Camila

Saí do banheiro ainda com a toalha meio frouxa enrolada ao cabelo, deixei que caísse por si só enquanto caminhava até a cama

Deitei-me de bruços, vestindo apenas uma blusa longa e uma calcinha qualquer. Puxei o travesseiro da fronha branca e apoiei a face

Ouço o toque do meu celular vindo de algum lugar da casa. Da casa grande e vazia

Pisco os olhos de forma preguiçosa e respiro devagar

Oque eu devia fazer? Devia sair e caminhar um pouco? Deveria atender alguma dessas ligações?

Por que elas não desistem de uma vez? Não importa quantas vezes eu diga que eu estou bem, que não quero sair, que estou me alimentando, que... elas sempre voltam a ligar como se algo fosse mudar. Apesar de tudo minhas amigas não desistiram de mim.

Desistir...

Puxo o ar com falhas e prendo a respiração, eu não quero chorar. Eu não quero mais chorar por essa merda de fim de casamento.

Todo mundo disse que eu tenho que ser forte. Todos disseram algo, mas ninguém está no meu lugar. Nenhuma delas sabe o quão foi doloroso foi chegar em casa depois do trabalho e não encontrá-la, não ver mais suas roupas nas gavetas ao lado das minhas, não ver seus perfumes ou sua maquiagem largada em algum canto do banheiro que tanto me fazia reclamar.

Ela levou tudo com ela. A bagunça, as roupas, o meu sorriso, o meu amor...
Ela só deixou um cheiro leve neste travesseiro. O cheiro do cabelo macio, o cheiro que deixava minhas bochechas rosadas em nossos primeiros encontros.

Keana... Até quando você vai me machucar mesmo sem estar aqui?

[N/A:Calma, vai ser Camren]

***

Acordo com o som da porta sendo destrancada. Abro os olhos com certo esforço e tento ouvir algo que indique ser o ato de um ladrãozinho.

-Mila? Está aí em cima?

Reconheço a voz doce, mas volto a fechar os olhos

-Já que não atendeu minhas ligações ontem, resolvi vir te buscar.

-Pra me levar pra onde? Eu tô dormindo. -falo, ainda de olhos fechados

-Ah, sério? E com quem eu estou falando?

- Não sei. - Respondo, virando para o outro lado, mas acabo sentindo seu peso sobre a cama, sinalizando que ela sentou.

- Vou fazer cócegas se você não virar para mim.

Ela me adverte, mas continuo ignorando.

- Vou contar até 3. 1, 2...

- Não se atreva. - viro-me rapidamente.

- Oh, então resolveu olhar pra mim?

- Ally, eu não me sinto muito disposta hoje.

- É o que você vem dizendo nas últimas semanas e nos últimos meses também.

- Obrigada por estar contando, me ajuda muito. - falo.

- Você fica parecendo uma velha ranzinza, sabia? Hey... - ela faz uma pausa, visualizo seu rosto pequeno e capto seu olhar preocupado. - Não precisa passar por isso tudo sozinha, eu e as meninas sentimos sua falta.

- Eu vou ficar bem, sinto muito por preocupar vocês. - digo com sinceridade.

- Você poderia se ajudar um pouco, sabia? Abrir essas janelas, deixar que o vento circule um pouco pela casa. - Ally fica de pé e vai até a janela.