Dinastia Calazans - Lobo em Pele de Cordeiro

Capítulo 5

Leon

— Segunda esposa? — Mas que porra?

— Se não percebeu, Fred é muito parecido com papai. Esse casamento com Babi vai acabar mais dia, menos dia. Só não acabou ainda porque Fred tem medo da reação do vovô. Mas olha que conveniente. Vovô adora Paola. Aposto que amaria tê-la como neta de verdade. Então se Fred termina o casamento com Babi e fica com Paola, talvez até ganhe mais pontos. Ah, mas lavo minhas mãos, olha lá, o Padre Dalton chegou!

Ela se afasta e sigo sua figura elegante até que se encontra com um homem atraente com um cavanhaque escuro e cabelo bem cortado.

Aquele é o padre?

Cassandra beija sua mão e parece mais uma groupie em frente a um ídolo de rock do que uma beata em frente a um padre.

Viro minha atenção para onde há casais dançando e me enfureço ao ver Fred dançando com Paola.

As palavras de Cassandra envenenando meus pensamentos.

Não há sinal de Babi em lugar nenhum e me pergunto se ela é cega ou realmente não se importa. Até que a música cessa e Fred se despede de Paola com um beijo no rosto e algo sussurrado em seu ouvido.

Ela sorri, abaixando o olhar, e quando ele se afasta ela levanta a cabeça e me vê, e não escondo minha expressão de escárnio ao me aproximar.

Tem uma banda tocando no palco, músicas antigas, provavelmente da época que meu avô paquerava por aí. Estendo a mão.

— Vamos dançar.

Ela hesita.

— Ou só dança com irmãos casados?

Ela se enfurece me dá as costas, mas eu a seguro.

— Ei, foi uma brincadeira.

— Não foi.

Paola continua irritada, mas antes que se afaste, cinjo sua cintura e a levo para perto, nos movendo no ritmo.

— Não disse sim.

— Ia dizer.

— Você é sempre assim?

— Assim como?

— Insuportavelmente arrogante?

— Não sou. Só queria dançar, qual o problema?

— Nenhum, se eu quisesse dançar com você.

— Não estou vendo você correr.

— Não quero fazer uma cena. E tem razão. É só uma dança.

— Eu não te entendo, Paola.

— O que não entende?

— O que rola com o Fred.

Ela cora.

— Nada.

Mas o rubor em seu rosto diz outra coisa.

— Não é o que parece.

— É só que... Ele é o único que me trata bem nessa casa. Não é fácil viver aqui e ter todos os olhos me seguindo com raiva.

— Mas e meu avô?

— É justamente por causa dele que todos me odeiam.

— E qual o lance com o meu avô?

— Não pode estar insinuando isso...

— Não estou. Só quero entender. Vocês parecem amigos.

— Sim, acho que somos, mas ele ainda é o meu patrão. Porém, seu avô precisa de uma companhia. Alguém que não seja um dos netos que sempre parece querer algo dele.