Dinastia Calazans - Lobo em Pele de Cordeiro

Capítulo 7

Paola

Meus passos ecoam pelo chão de cascalho e arrasto meu olhar em volta, para ter certeza que estou sozinha, a Mansão Calazans às minhas costas e o jardim à minha frente.

Aperto o passo, o vento da madrugada despenteando meus cabelos quando alcanço o portão dourado, que se abre para eu passar.

Sorrio em agradecimento ao homem de cicatriz que está na guarita de segurança.

Ele não é o segurança e eu sei disso. O segurança da noite deve estar neste momento tirando um cochilo, como o bom vagabundo que é.

O que me é muito conveniente.

O carro está parado mais à frente e avanço até abrir a porta e saltar para a escuridão do interior com cheiro de patchouli.

Cheiro de infância, amor e castigo.

— Oi, vovó.

— Está atrasada.

Sabina Santi tem a voz rouca de quem fuma dois maços de cigarro há cinquenta anos. Nem quero imaginar a escuridão que é seu pulmão.

Teve um tempo que acreditava nas propagandas antitabagismo na TV que diziam que quem fumava tinha câncer e morria de forma horrível.

Minha avó está acima deste tipo de revés, aparentemente.

Ou ela ainda está viva esperando que sua tão ansiada vingança se concretize.

Não é por ela que estou aqui, enfiada na Mansão Calazans?

Desde que me entendo por gente, minha avó odeia os Calazans.

Eu cresci cercada de todo seu amargor e ressentimento pela família que roubou o que era nosso.

Mas chegou a hora de dar o troco.

Chegou a hora dos malditos Calazans devolverem o que nos roubaram.

— Desculpe, vovó. Houve um imprevisto.

Um imprevisto chamado Leon Calazans, completo em minha mente.

— Imprevisto? Não há lugar para imprevisto em nosso plano, Paola. E está demorando demais para fazer com que Frederico se livre da esposa, como você previu.

— Houve uma mudança de planos, vovó. Não precisamos mais do idiota do Fred.

Estremeço de nojo ao me lembrar de quantas mentiras tive que destilar até que Fred Calazans estivesse em minhas mãos.

Mas o imbecil tinha um empecilho. Sua esposa ridícula.

Eu estava disposta a destruir aquele casamento para que o meu se concretizasse.

Era o caminho mais fácil para se infiltrar na família Calazans e ter acesso a tudo o que possuíam, mas os casamentos não se desfazem do dia para noite.

Porém, o destino colocou em meu caminho o neto desgarrado da família Calazans.

Solteiro.

Arrogante a ponto de se achar irresistível demais para a pobre babá inocente que ele cobiça e acha que pode enganar.

Limpo minha boca, ainda com o gosto de Leon Calazans.

Infelizmente, um gosto melhor do que previ.

— Do que está falando? Precisa se casar com um Calazans!

— Eu achei outro idiota Calazans que vai nos servir muito mais, vovó. Vou conseguir entrar na família mais rápido do que supõe. Eu vou me casar com Leon Calazans.