Capítulo 6

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Leon

Cansado daquela festa que se transformou em um circo, entro no carro e dirijo pela cidade sem rumo por um tempo. A vontade de entrar em alguma boate é grande, mas não estou mais em Los Angeles. E me embebedar e transar com mulheres desconhecidas, festejando até o amanhecer, não é uma opção no momento.

Já basta que meu avô saiba dos meus deslizes.

Então retorno para a Mansão Calazans nas primeiras horas da madrugada e me surpreendo ao estacionar o carro e ver Nalva saindo.

— Ei, Nalva, não é tarde para ir embora? Tem dinheiro para pegar um táxi? Faz tempo que não moro no Brasil, mas sei que é perigoso ficar por aí a essas horas.

— Meu noivo está vindo me buscar, Seu Leon. Não se preocupe.

— Trabalha sempre até tão tarde?

— Só hoje, por causa da festa.

— Espero que tenham te pagado hora extra.

— Até parece... Dona Cassandra é uma muquirana, desculpa falar. Aposto que ela adoraria que ainda fôssemos escravos.

— Não duvido. Vou ver o que posso fazer por você, ok?

A moça sorri satisfeita.

— E não sei se gostaria de saber... — ela abaixa o tom de voz — sua irmã está muito brava depois da festa.

— Sim, por quê?

— Eu ouvi gritos vindos do quarto dela e do Seu Rodrigo. Não entendi tudo, mas era algo sobre ela querer que o marido peça ao seu avô para substituí-lo.

— Por que não me admiro?

Abro a carteira e tiro uma nota e um cartão.

— Não, não precisa me dar mais dinheiro, Seu Leon.

— Pegue. Fica como um extra.

— Se o senhor insiste...

— E eu queria que você me relatasse tudo o que escutar por aí, pode fazer isso?

— Fofocar, o senhor quer dizer.

Eu solto uma risada.

— Pode chamar como quiser, mas tem que ser discreta e fica só entre nós, ok?

— Claro, sem problemas.

— Principalmente sobre o Fred.

— Pode deixar. — Ela pisca e um carro buzina fora dos portões. — É meu noivo. Boa noite, Seu Leon.

— Boa noite, Nalva.

Eu entro na casa e vou para o quarto, tomo um banho e coloco uma calça de pijama. Antes de ir dormir, desço para beber água na cozinha, porém, quando acendo a luz, sou surpreendido ao ver Paola sentada na bancada de pernas cruzadas, usando um pijama curto e com um pote de sorvete e uma colher nas mãos.

Por um momento, eu me parabenizo pela minha sorte, um sorriso satisfeito se distendendo em meus lábios ao me deparar com ela sozinha.

A minha mercê.

Se eu fosse um cara legal, daria um passo atrás, lhe daria boa-noite e a deixaria em paz. Lembraria que ela é só uma menina inocente em meio às serpentes que habitam minha casa.

Esqueceria meus recentes e ardilosos planos de fazê-la instrumento da minha vingança contra meus irmãos.

Mas quem eu quero enganar?

Dinastia Calazans - Lobo em Pele de CordeiroOnde histórias criam vida. Descubra agora