Leon
Cansado daquela festa que se transformou em um circo, entro no carro e dirijo pela cidade sem rumo por um tempo. A vontade de entrar em alguma boate é grande, mas não estou mais em Los Angeles. E me embebedar e transar com mulheres desconhecidas, festejando até o amanhecer, não é uma opção no momento.
Já basta que meu avô saiba dos meus deslizes.
Então retorno para a Mansão Calazans nas primeiras horas da madrugada e me surpreendo ao estacionar o carro e ver Nalva saindo.
— Ei, Nalva, não é tarde para ir embora? Tem dinheiro para pegar um táxi? Faz tempo que não moro no Brasil, mas sei que é perigoso ficar por aí a essas horas.
— Meu noivo está vindo me buscar, Seu Leon. Não se preocupe.
— Trabalha sempre até tão tarde?
— Só hoje, por causa da festa.
— Espero que tenham te pagado hora extra.
— Até parece... Dona Cassandra é uma muquirana, desculpa falar. Aposto que ela adoraria que ainda fôssemos escravos.
— Não duvido. Vou ver o que posso fazer por você, ok?
A moça sorri satisfeita.
— E não sei se gostaria de saber... — ela abaixa o tom de voz — sua irmã está muito brava depois da festa.
— Sim, por quê?
— Eu ouvi gritos vindos do quarto dela e do Seu Rodrigo. Não entendi tudo, mas era algo sobre ela querer que o marido peça ao seu avô para substituí-lo.
— Por que não me admiro?
Abro a carteira e tiro uma nota e um cartão.
— Não, não precisa me dar mais dinheiro, Seu Leon.
— Pegue. Fica como um extra.
— Se o senhor insiste...
— E eu queria que você me relatasse tudo o que escutar por aí, pode fazer isso?
— Fofocar, o senhor quer dizer.
Eu solto uma risada.
— Pode chamar como quiser, mas tem que ser discreta e fica só entre nós, ok?
— Claro, sem problemas.
— Principalmente sobre o Fred.
— Pode deixar. — Ela pisca e um carro buzina fora dos portões. — É meu noivo. Boa noite, Seu Leon.
— Boa noite, Nalva.
Eu entro na casa e vou para o quarto, tomo um banho e coloco uma calça de pijama. Antes de ir dormir, desço para beber água na cozinha, porém, quando acendo a luz, sou surpreendido ao ver Paola sentada na bancada de pernas cruzadas, usando um pijama curto e com um pote de sorvete e uma colher nas mãos.
Por um momento, eu me parabenizo pela minha sorte, um sorriso satisfeito se distendendo em meus lábios ao me deparar com ela sozinha.
A minha mercê.
Se eu fosse um cara legal, daria um passo atrás, lhe daria boa-noite e a deixaria em paz. Lembraria que ela é só uma menina inocente em meio às serpentes que habitam minha casa.
Esqueceria meus recentes e ardilosos planos de fazê-la instrumento da minha vingança contra meus irmãos.
Mas quem eu quero enganar?
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Dinastia Calazans - Lobo em Pele de Cordeiro
RomanceTretas de família, disputas de poder, segredos do passado e um jogo de vingança perigoso e sedutor que transforma amantes em inimigos. Leon, o ambicioso. Leon, neto mais jovem da família Calazans, foi embora do país há dez anos e fez a própria fort...