𝐗𝐈

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𝐌𝐚𝐫𝐜 𝐌𝐚́𝐫𝐪𝐮𝐞𝐳

Ok. As festas e raves da Espanha e dos Estados Unidos são melhores, mas essa não deixa a desejar. A viagem foi muito cansativa, mas estávamos bem animados para curtir e dançar bastante na festa, e a mesma compensou a espera. Chegamos na rave umas 04:40 da madrugada e o sol ainda não havia começado a nascer.

A festa é em galpão que fica próximo à praia de Cabourg, localizada perto de Paris. A maioria das pessoas que estão curtindo a festa estão na praia e outras, em menor quantidade, estão no galpão dançando como se esse fosse seu último dia. Há um primeiro andar onde algumas outras pessoas ou foram para se pegar ou eram "vip's". Se é que tinha vip's ali. O galpão contém, também, alguns espaços para danças mais quentes como uma jaula e algumas barras de pole dance para as pessoas dançarem. Tem pessoas dançando e se beijando nessas barras.

No galpão há dois portões, um que dá acesso à entrada (onde nós estamos), e o outro fica oposto a este dando, assim, passagem para a praia. O galpão é enorme. Há um local mais à esquerda onde a DJ se localiza e anima a festa. Luzes neon's iluminam todo o ambiente. Glitter não faltava na festa, assim como muita pegação.

Estamos lado a lado na entrada do galpão. Vejo Carlos hesitar um pouco para entrar no mesmo, mas Gemma pega o braço dele, da mesma forma que estava a fazer com o meu. Ela deve ter notado sua hesitação também.

Minha amiga nos conduz para dentro da rave e não demorou muito para encontramos Stroll. Ele estava próximo a DJ, provavelmente dando em cima dela, e dançando bastante. Carlos foi lá falar com ele, mas eu e Gemma ficamos onde estávamos.

Eu e ela começamos a nos soltar aos pouco e, quando Carlos voltou, já estávamos dançando muuuuito. Carlos logo se juntou a gente, mas não dançava com tanta intensidade feito eu e minha amiga. Rimos de alguns passos estranhos que fazíamos enquanto dançávamos.

-- Querem que eu pegue cerveja pra gente? - Gemma propõe.

-- Pode ser - Carlos concorda e eu aceno positivamente com a cabeça -, eu vou contigo.

-- Tá certo. - Ela fala e eles somem no meio da multidão.

Decido ir pegar uns baseados pra a gente poder dar uns traguinhos.

Meus olhos já buscam pessoas que vendam. Vou indo pra praia e, nossa, tá beeem mais animado aqui. Muita gente dançando na areia e no mar também. Não demoro muito para ver algumas pessoas vendendo e comprando maconha, e outras drogas, mais ao canto da praia. Me aproximo do vendedor e pergunto quanto é preço de cem gramas da erva. Ele me responde em francês, mas, definitivamente, não sei me virar nessa língua. Penso em diversas formas de como me comunicar com um cara que não fala nem inglês e nem espanhol e está, visivelmente, chapado.

Um homem atrás de mim começa a falar com o vendedor em francês. Meu Deus, devo estar atrasando a fila e a venda dele, penso. É melhor deixar pra lá, vou encontrar alguém que venda em outro canto e fale inglês ou espanhol. Saio da fila e procuro outro vendedor, mas antes, faço uma pausa na minha busca e pego um copo de cerveja. Logo, logo vou entrar nessa água, tenho certeza. As pessoas brincando e dançando na maresia e várias luzes fazendo o papel da Lua, que já está a se esconder, de iluminar a todos. Há algumas fogueiras presentes para aquecer e auxiliar as luzes neon's a clarear o ambiente.

Repentinamente, sinto alguém tocar meu ombro. Me viro e recuo um pouco por causa do susto. O homem abre o sorriso desconcertado mais lindo que já vi. Ele é muito fofo. Tem cara de ser jovem. Provavelmente, deve ter uns 20 a 25 anos. Seus olhos são da cor do mar quando o Sol atinge a água. São olhos vivos e alegres como os da mãe natureza quando criou o mar.

Sua pele é branca como a neve que cai na França nos dias de inverno, mas é uma neve que todo mundo adora, porque chega para acalmar os corações agitados e quentes das pessoas. Uma neve que traz paz e aconchego às pessoas. Uma neve calma e delicada que não seria capaz de causar danos nem a uma formiga.

Porém, diferentemente de sua pele, seus cabelos são loiros como os primeiros raios de Sol que surgem quando chega o alvorecer. São cabelos que, quando iluminados pelo fogo emanado pelas fogueiras, ficam mais claros que o próprio Sol, fazendo com que as chamas sentissem inveja da luz que o loiro tem.

Reconheço esse garoto da fila. Ele era o cara que tava falando com o vendedor em francês. Mas, tenho a impressão que o reconheço de algum outro lugar. Ele me parece, de alguma forma, familiar. Ele deve ser francês. Ele fala muito bem a língua tal como um nativo falaria.

-- Olá! - Ele fala, ainda sorrindo um pouco do meu susto - Eu não queria ter te assustado. Desculpa. - Ele para de sorrir e põe um semblante preocupado.

-- Relaxa - falo -, foi só um susto. - Rio pra descontrair e ele se junta a mim nisso.

-- Eu percebi que você estava com dificuldade em se comunicar com o vendedor e quis te ajudar - Ele parece um anjo enquanto fala. A luz da fogueira está ao seu redor e o tornando divinamente belo. -, só que você saiu de lá e nem deu pra falar com você. - Fico em silêncio, mas, depois, eu falo:

-- É. - Não sei o porquê de sentir isso, mas não consigo o encarar nos olhos. Ele não é a pessoa mais bonita do mundo, mas ele parece ser a mais pura. Certamente, parece um anjo. - Eu não sei falar francês e ele não sabia falar inglês nem espanhol, então dificultou o diálogo. - Olho pra ele pra ver sua reação e, de algum jeito, ele estava me olhando com preocupação, atenção e carinho.

-- Então... - ele começa -, eu comprei as cem gramas de maconha que você tinha pedido. - Ele parece desconfortável me entregando o saquinho que continha a erva. Faço menção em ir pegar o saquinho, mas ele recolhe a mão. - Mas, só se você aceitar fumar comigo. - Ele faz uma cara que identifico ser sua cara safada e/ou sedutora.

Sobre ele ser um anjo, não tenho dúvidas que ele é um, mas que comportamento estranho para um anjo fazer: oferecer maconha para fumarmos juntos. Me parece mais um diabinho que um anjinho agora.

-- Quer dizer - ele pigarreia e reformula a frase mudando, assim, seu semblante sedutor e voltando pro anjinho que conheci mais cedo. Acho que devo ter feito uma cara de quem foi desapontado por a erva ser minha só se eu a dividisse com ele -, você pode ficar com a sacolinha inteira, é só qu- eu o interrompo:

-- Não, não. Vamos fumar juntos. Cem gramas é muito para uma pessoa só. - Pisco e sorrio para ele que o mesmo retribui parecendo bem menos apreensivo que segundos atrás quando fiquei em silêncio com essa nova versão que ele apresentou.

Why can't we be like that? ~ F1 (Boy x Boy)Onde histórias criam vida. Descubra agora