𝐕

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𝐂𝐡𝐚𝐫𝐥𝐞𝐬 𝐋𝐞𝐜𝐥𝐞𝐫𝐜

-- Pierre! - Exclamo.

-- Que foi, Charles? - Ele retruca chateado. - Não foi você que teve um romance seu vazado na inter- interrompo ele:

-- Mas, são só suposições! Vocês podem dizer que não é verdade! Não se preocu- dessa vez, ele quem me interrompe:

-- Me deixa terminar de falar! - Ele grita e me assusto. Fico em silêncio e espero ele continuar com o que estava dizendo. - Desculpa. Eu não tô tão preocupado com a notícia. Tô preocupado que Yuki não falou NADA comigo. - Agora, sua insatisfação faz bem mais sentido. - Sei que podemos dizer que é mentira essa matéria. Não é esse o problema. A questão é que: Yuki não falou NADA comigo a partir do momento em que soube da notícia do vazamento de nosso relacionamento. E já se passou 2 dias que teve esse vazamento! - Ele se joga no sofá e coloca as mãos no rosto. 

Pierre sempre confiou em mim. Fiquei feliz quando ele disse que estava namorando com Yuki. Ele confiou em mim pra contar isso.

-- Pierre - começo -, vai ficar tudo bem - me sento ao seu lado e o abraço -. Yuki vai falar com você, ele só precisa de um tempo. Pode confiar em mim. Vocês vão continuar juntos. - Nos separamos do abraço e o vejo chorando e não se preocupa em enxugar as lágrimas.

Conversamos mais um pouco e vejo que ele já está mais calmo. O relógio mostra que já está perto da meia noite.

Fico perto da cama dele até a sua respiração acelerada ir, aos poucos, diminuindo sua velocidade e se tornando calma. Ele dorme como um anjinho.

Sorrio ao vê-lo dormir e vou até o guarda-roupa dele e pego o travesseiro e o lençol que estava usando para dormir. Saio do quarto. Estávamos em seu quarto de hotel. Eu estava lá com ele desde que saiu a notícia.

Me aconchego no sofá e me preparo para dormir. Mas, minha mente não desacelerou como a respiração de Pierre a minutos atrás.

Começo a pensar em muitas coisas.

Confesso que fiquei triste por todo esse sentimento, essa ansiedade que Pierre estava sentindo fosse causada pelo vácuo que Yuki tava dando. E não por mim.

Quer dizer, hoje eu não sinto mais nada além de irmandade/amizade por ele, mas já gostei dele. Na realidade, nem sei se o que sentia era paixão ou só atração pelo desconhecido, proibido. Eu e Pierre sempre fomos amigos e se intensificou ainda mais com a morte de Jules, meu padrinho, e de meu pai. Ele me deu apoio e suporte para passar por fazes difíceis. Fazes que nem sabia se conseguiria passar. 

Enfim, meu primeiro beijo com um homem foi com ele e ocorreu quando comecei a correr na categoria de Fórmula 1. Fui comemorar com alguns amigos. Ele era um deles. Fomos para uma boate e, depois de várias doses e algumas pílulas, nos beijamos. No meio da pista mesmo, sem medo de sermos pegos. Parecia que ali ninguém se importava com o que acontecia ao seu redor, só com suas vidas e com a música que tocava ao fundo. Foi mágico. Muito por causa do efeito das drogas, mas foi muito bom.

Nos separamos e continuamos a dançar.

No próximo dia, descobri que ele não se lembrava do beijo. Mas, eu me lembrava. Preferi não contar pra ele, porque ele gostava, na época, de nosso outro amigo, Esteban. Queria que ficassem juntos, logo não podia contar pra ele do beijo. Preferi que ficasse sem saber. A partir daí, eu comecei a me interessar mais pelo meu amigo.

Ele e Ocon não deram certo como namorados, mas continuam amigos.

Quando ele disse que tava namorando com Yuki, eu tive a certeza de que ele nunca sentiu e nem sentirá nada por mim. Ele e Yuki são um casal muito fofo. Eles merecem o mundo, mas o mundo é muito pequeno pro amor que eles tem pra dar.

Já estava começando a pegar no sono quando um toque de celular me desperta completamente e espanta o sono que estava começando a sentir.

Me levanto em busca do som e vejo que é o celular de Pierre que toca. Pego o objeto que estava em cima da mesa e vejo quem está ligando. Carlos.

São 23:42. O que ele quer? Atendo ou não?

Decido atender à ligação:

-- Oii Pierre, como vocês tá? - Ele fala com uma voz sonolenta.

-- Oi Carlos, sou eu, Charles. - Faz-se um silêncio do outro lado da chamada. - Pierre já tá dormindo. Quer que eu o acorde pra você falar com ele?

-- Não, não. Precisa acordar ele não. - Ele responde. - Mas, e aí? Como você tá? - Ele pergunta.

-- Cansado. - Respondo me sentando no sofá e olhando para o teto. - Muito cansado. Pierre da muito trabalho quando não tá pensando direito. - Escuto uma risadinha do outro lado - Mas, e você? Como tá? Tava bom o sushi caseiro que você fez antes de ontem? - Pergunto fazendo com que o espanhol risse um pouco.

-- Tava sim, muito bom. - Faz-se um silêncio um pouco constrangedor, mas logo é quebrado pela voz embargada de sotaque e sonolência dele. - Posso fazer pra você agora, se quiser.

-- Hã? Agora? - Pergunto. - Você tá sem sono, é? 

-- Eu tinha feito aquele sushi pra você, Lorde Percival - sinto meu rosto corando com a revelação e como ele me chamou -, então não estarei satisfeito se você não vier para experimentar ele. - Faz-se um silêncio mais constrangedor do que o que estava antes. 

-- Tá certo. Tô indo para aí. - Respondo depois de um tempo.

-- Ótimo, vou preparando os materiais aqui. - Nos despedimos e encerramos a ligação. Vou me arrumar para ir para o quarto dele, pois nos hospedamos no mesmo hotel.

Eu já estava sem sono mesmo.

Why can't we be like that? ~ F1 (Boy x Boy)Onde histórias criam vida. Descubra agora