𝐗𝐕𝐈𝐈

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𝐂𝐡𝐚𝐫𝐥𝐞𝐬 𝐋𝐞𝐜𝐥𝐞𝐫𝐜

A noite está fria hoje.

Congelando os ossos dos vivos e as lembranças dos mortos.

É inevitável não pensar em Jules, meu padrinho e melhor amigo. Ele dissera que eu seria capaz de encontrar um amor tão forte e bonito feito o dele com Daniel.

Eu não acreditava nisso até conhecer Carlos. Me apaixonei imediatamente. Sua pele marrom combinando perfeitamente com seus olhos castanhos e cabelo esvoaçado cor de carvão. Humor exótico e uma risada que mais parece uma foca. Corpo sarado, e que fica muito bem quando pega um bronzeado.

De início, não queria acreditar que estava apaixonado por ele, pois éramos rivais. Ele dizia que eu não era bom, eu dizia a mesma coisa para ele e provava que era bom conseguindo pódios, etc. E, acho que ele tinha um casinho com outro piloto (Lando). Além de ele estar namorando publicamente na época.

Mas, tudo se intensificou quando eu e ele fomos pilotar pela mesma escuderia, a Ferrari.

Nos tornamos próximos e percebemos que nossas diferenças eram mínimas em comparação às nossas afinidades. Descobri muito sobre ele. Conheci sua família: irmã, pai, mãe, primo, inclusive sua namorada.

Os membros da família dele gostaram de mim e eu deles. Inclusive, minha família também adorou Carlos. Lorenzo, meu irmão mais velho, disse-me que eu ficava uma outra pessoa quando estava próximo a ele. Ficava com um brilho diferente nos olhos e um sorriso sincero no rosto.

Não conseguia disfarçar que estava gostando dele.

O pai dele, que também se chama Carlos, me convidou pra uma ceia de Natal na casa dele. Como já tinha comemorado o Natal com minha família, não vi problema em jantar com eles e comemorar uma noite importante. Aceitei.

Balanço a cabeça para tentar não me lembrar daquela noite, mas minha mente nunca me obedece mesmo. Continuo olhando para a janela e bebo mais um gole de vinho tinto que desce saboroso, porém amargo ao decorrer que as lembranças aparecem.

Foi aí que nossa amizade evoluiu para algo mais. Fui jantar com eles, mas no decorrer da janta, as pessoas foram se retirando. Restou apenas eu e Carlos que ainda estávamos bebendo bastante. No outro dia não haveria nada com o quê se preocupar. A não ser com a ressaca que nos acompanharia.

Conversamos várias besteiras de bêbados, até que, em um determinado momento da noite, ele me fala que eu fico lindo quando estou bêbado. Fico sem jeito e minhas bochechas coraram ainda mais do que estavam com a bebida. Ele percebeu minha inquietação e, repentinamente, depositou um beijo em meus lábios. Foi o melhor beijo que já senti. Doce. Transmitia segurança em seu toque. Havia romance, mas também safadeza. Nossos corpos se moviam em sincronia. O gosto do vinho e do champagne se misturando (quando acabou o estoque de champagne, fomos para o vinho). Quando me dei conta, estava em cima de seu colo e olhava para aqueles olhos amadeirados mais vivos e românticos. Não haveria dinheiro no mundo que me fizesse querer estar em outro local se não ali, olhando em seus olhos.

-- Quer ir pro seu hotel? - Ele perguntou. Na época, eu tinha alugado um quarto de hotel para passar um tempo na Espanha.

Aceno com a cabeça. Ali poderíamos ser pegos por qualquer um. Mas, seria uma experiência única. Toda aquela sensação de sexo proibido me fazia rebolar ainda mais em seu colo. Ele me beijou, e fez uma carinha triste como se quisesse dizer pra eu não fazer aquilo e irmos pro meu hotel.

Why can't we be like that? ~ F1 (Boy x Boy)Onde histórias criam vida. Descubra agora