Cap 9-

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Jisung e Minho conseguiram criar uma atmosfera agradável durante o almoço, apesar de o segundo ter tido certa dificuldade para calar a boca e quase estressado o primeiro em alguns momentos, mas, na medida do possível, as coisas fluíram bem.

Aquela era a primeira vez, em dias, que o humor do Han passava de péssimo para aceitável. Ele ainda não estava sorrindo de orelha a orelha, mas, a julgar pelo número de palavrões que escaparam pelos seus lábios em momentos não tão distantes, sustentar a neutralidade podia ser considerada como uma evolução e tanto. A prova viva disso foi quando ele se disponibilizou a pagar pelo almoço de Minho- isso após insistir bastante, visto que o mais velho não costumava desistir fácil quando queria alguma coisa. Agora estavam saindo de uma das sorveterias do shopping, Jisung com uma casquinha de morango e Minho com uma casquinha de limão. Dessa vez, o Lee conseguiu ganhar a batalha e pagar pela sobremesa.

-Como é trabalhar aí? apontou com o queixo para a loja de eletrônicos que ainda estava fechada, só para puxar assunto.

-Normal-Jisung devolveu ao seguir seu olhar.- Pelo menos é silencioso.

-Só trabalham Changbin e você?

- Isso não é algo que você já devesse saber pelo seu amigo?

-Nós não temos tanto tempo assim para conversar - lamentou Minho. Geralmente, não falamos muito sobre trabalho quando estamos juntos.

-Sei como é. Jeonghan também trabalha conosco, mas só a partir de quinta-feira, quando o movimento é maior-Jisung não tinha contato algum com o último rapaz citado, então não viu motivos para levar o tópico adiante.-Com quantos você divide o teto?

-Mais três.

- Deve ser estressante.

-Nem tanto - Minho chupou a pontinha da colher do sorvete com um estalinho, a fim de capturar as raspinhas de calda. - À tarde, Jennie faz estágio no hospital e à noite se tranca no quarto para estudar e fazer os trabalhos da faculdade. Changbin e Felix fazem o mesmo quando não decidem namorar, e comigo também não é tão diferente assim. Na realidade, chega a ser um pouco solitário nos dias de semana.

- E o que muda nos finais de semana?

-Bom... - Minho pensou um pouco e riu baixo. - Nada. Minha vida social não costuma ser agitada.

- Imaginei - Jisung mordeu um pedacinho da casquinha, novamente certo de que ela era melhor do que o sorvete em si. — Você trabalha todo sábado à noite?

-Não, só uma vez ao mês. Naquele dia, estava substituindo Felix.

Aquele dia. Por mais que Jisung tentasse, os pensamentos continuavam o rondando como abutres, de modo que, quando uma mísera frestinha surgia, não tardavam em roubar espaço dentro da sua cabeça. Minho percebeu o silencio

dentro da sua cabeça. Minho percebeu o silencio repentino e observou o mais novo mexer o sorvete distraidamente com a colher.

-Ei-chamou sua atenção de volta, batendo o cotovelo em seu braço. - Desculpe se eu tiver dito algo errado.

-Não-Jisung balançou a cabeça, tentando fechar a fresta novamente. - Você não disse nada errado.

O silêncio desconfortável persistiu e o loiro aproveitou para reparar nas ações alheias. Era susposto que Minho logo se cansaria da ideia maluca de cultivar uma amizade, afinal, Jisung não se encontrava em condição alguma de socializar com pessoas novas. Seu humor estava amargo, tudo nele estava amargo, e foi por esse motivo que aceitou aquele "encontro". Na sua cabeça, deixar Minho se aproximar resultaria na desistência do mesmo, pois, quando o Lee conhecesse realmente o que era a conivência com Han Jisung, certamente descartaria o projeto de criação de vínculo entre os dois. Só assim para fazer o cabeça dura entender que aquela interação não geraria nada de bom.

Mas, ao contrário do que Jisung pensava, Minho não havia entrado naquela "relação" apenas para colher flores. Desde o início, ele também esperava os espinhos. E motivado por uma súbita onda de determinação, jogou o resto do sorvete em uma lixeira quando o mais velho fez o mesmo e, surpreendendo-o, envolveu seu corpo em um abraço.

Jisung hesitou a princípio e cogitou seriamente a possibilidade de afastá-lo com um esporro, mas Minho apertou-o com tanto carinho que quebrou sua irritação e transformou-a em algo mais brando. Mesmo que um pouco incerto, o loiro o abraçou de volta e teve o olfato agraciado por um cheiro suave de pera e pêssego, não sabendo identificar se o mesmo vinha dos fios castanhos do mais velho ou do seu pescoço. Foi só então que Jisung se deu conta do quanto estava precisando de um abraço.

-Eu sei que tem uma pessoa maravilhosa ai dentro -disse Minho, batendo levemente com a ponta dos dedos nas costas alheias. - Cuide dela, sim? Não a deixe inibida pelas más atitudes dos outros.

- Você não costuma ser agradável assim comigo - Jisung retorquiu em tom de brincadeira.- Onde estão os conselhos desmotivadores?

Eu também sei ser profissional, tá? - Minho deu um tapinha em seu ombro, desmanchou o abraço e checou as horas no celular.-Tenho que ir, meu turno começa em trinta minutos.

-Quer uma carona? A loja ainda vai demorar um pouco para abrir.

O moreno ponderou e chegou à conclusão de que era sacanagem tirar Jisung do shopping para levá-lo até seu local de trabalho, sendo que, em seguida, o Han teria que fazer todo o percurso de volta e parar no mesmo lugar.

-Não precisa, eu pego um táxi.

-Mas....

-Sem mas-Minho sorriu e começou a andar em direção à saída, não dando espaços para mais intervenções. Vejo você amanhã!

Os protestos de Jisung morreram em sua garganta conforme o mais velho se afastava, e tudo que conseguiu fazer foi se despedir a tempo de ele poder ver. Lee Minho e sua teimosia.

Jennie chegou do trabalho e decidiu fazer algo diferente para o jantar, uma vez que não aguentava mais comer porcarias e, como a médica que estava se preparando para ser, tinha que passar um exemplo de boa saúde.

Sozinha em casa, já que sempre chegava primeiro que os amigos, a morena prendeu os fios escuros em um rabo de cavalo e arregaçou as mangas do suéter azul marinho até a altura dos cotovelos. Ao abrir a geladeira, se deparou com o que já era esperado encontrar naquela cozinha: chocolates, refrigerantes, uma pizza pela metade, hambúrgueres de microondas, frango frito e várias outras ameaças ao organismo. Revirou os olhos, disposta a fazer algo com os legumes que ainda podiam ser encontrados em meio a toda aquela gordura, mas parou quando sentiu o celular vibrar no bolso de trás da calça jeans.

Havia um grupo de fofoca em que Jennie frequentava como um fantasma. Inicialmente fora criado para se tratar de um trabalho, mas uma das integrantes era Park Chaeyoung, ou seja, sinônimo de popularidade. Na época, uma pérola sobre alguém que Jennie não conseguia mais se lembrar do nome havia vazado, e todos do grupo queriam saber mais a respeito, o que levou Chaeyoung a adicionar sua melhor amiga, Lalisa Manoban, para explicar melhor o assunto. Prestes a se formar em jornalismo, a tailandesa honrou a fama que sua turma tinha e rapidamente foi adicionando mais gente para falar sobre novas pérolas, e, assim, o antigo grupo de seis pessoas acabou se transformando em um grande grupo de cinquenta pessoas. Jennie podia simplesmente ter saído, mas, de vez em quando, era bom ter uma fonte para se manter informada.

Assim que viu o conteúdo das mensagens, seus olhos se arregalaram até quase saltarem das órbitas. Changbin, que estava entrando na cozinha, franziu o cenho.

- Que foi? - ele perguntou, se aproximando da geladeira para pegar uma garrafa d'água, mas Jennie foi mais rápida e lhe entregou o celular.

- Olha isso.

As duas mensagens eram de Jackson Wang. Uma delas dizia "parece que alguém superou o chute muito rápido", e a outra era uma foto tirada de longe, com o zoom claramente no máximo.

Changbin examinou a imagem onde Minho e Jisung apareciam abraçados no meio do shopping e uma sábia palavra saiu dos seus lábios:

- Eita.

Listen to me - Minsung Onde histórias criam vida. Descubra agora