Cap 5-

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-Já estive melhor - Jisung respondeu a pergunta de Minho depois de soltar um pigarro e desviar os olhos de seus traços delicados, sendo sincero.

- Você se lembrou da minha voz- um sorriso pequeno delineou os lábios do mais velho ao que ele verbalizou a constatação. Será que devo me sentir feliz por isso?

-Não vejo motivos para se sentir feliz quando um fracassado qualquer resolve te dar um pouquinho de atenção.

- Você não é um fracassado! - Minho deu um tapinha na mão de Jisung, como se já tivessem intimidade há anos, o fazendo juntar as sobrancelhas. Abusado!-Só teve a infelicidade de se apaixonar pela pessoa errada, o que é bem normal e acontece com muita gente.

-Olha, eu não quero falar sobre isso agora, ok?

Quer falar sobre o que, então?

- Tem certeza que quer isso?-Jisung cruzou os braços sobre a mesa e assistiu as sobrancelhas de Minho se unirem em sinal de confusão.

- Isso o quê?

Ficar conversando comigo - respondeu como se fosse óbvio. Eu sou um saco, cara. Se quer um amigo menos tedioso, vai ter que procurar outra pessoa.

-Eu também sou um saco, é por isso que combinamos.

Disso Jisung não podia discordar, afinal, nunca havia conhecido alguém que despertasse tanto sua irritação como Minho conseguia despertar em tão pouco tempo.

- Como é o curso de Letras? - antes que pudesse dizer qualquer coisa a respeito, o Lee trocou de assunto drasticamente. - Você está se formando para ser professor?

- Claro que não-Jisung torceu o nariz, não levava o mínimo jeito para ensinar qualquer tipo de coisa às pessoas, pois perdia a paciência muito rápido. - Quero trabalhar na parte da editoração.

-Julgar e corrigir o trabalho dos outros requer muita competência, essas pessoas são tão inteligentes... Você não tem cara de editor, não.

- Você também não tem cara de psicólogo, passa longe-Jisung bufou. - Aliás, eu nunca pagaria por uma consulta com você.

E diferente do esperado, Minho riu. Uma risada gostosa, nem muito baixa e nem muito alta, acompanhada pela visão do seu sorriso de propaganda de creme dental ou clínica odontológica famosa.

-Eu já disse que não sou assim com todo mundo.

-É, você me escolheu e resolveu encher meu saco eternamente - Jisung rolou os olhos. - Seu jeito de fazer novos amigos é bem peculiar, huh?

-Desculpe - Minho não parecia tão arrependido assim. -Brincadeiras a parte, minha mãe tem uma amiga que trabalha na edição de um jornal. Ela disse que é legal, basta gostar da profissão, então você deve se sair bem futuramente.

-Sua mãe vive aqui, em Seul?-não que Jisung estivesse tão interessado na vida alheia, mas, considerando seus nervos à flor da pele, era certo dizer que ele precisava urgentemente de uma distração momentânea, senão surtaria ali mesmo.

-Não, no interior-Minho percebeu que os amigos de Jisung já estavam voltando para a mesa, porém não fez questão de se levantar.-Moro com meus amigos em um apartamento perto daqui.

-Entendi.

Hyunjin e Jeongin se sentaram ao lado de Jisung, e o segundo colocou um saquinho de balas sobre o tampo. Com o passar dos anos, Minho aprendeu a ser mais comunicativo, de modo que não tinha dificuldades para se aproximar das pessoas, mas ficou um pouco sem graça depois que um minuto de silêncio se instalou na mesa, isso até Hyunjin repousar seus olhos escuros no rosto do Lee e abrir um sorriso amistoso.

-Não vai nos apresentar, Jisung?

Sem muita vontade, o loiro falou quem era quem rapidamente e logo Jeongin estava oferecendo as balas para Minho.

O assunto entre os quatro não seguiu um padrão muito desigual do que estava seguindo quando ainda havia só duas pessoas na mesa, a única diferença era que Minho não pegou no pé de Hyunjin e Jeongin como estava pegando no de Jisung, coisa que deixou o último particularmente indignado, ainda que ele não houvesse dito nada a respeito.

Quando o intervalo acabou, Minho se despediu do casal e lançou um último sorriso ao Han antes de se juntar aos seus amigos, tudo com muita naturalidade. Só então Jeongin se virou no banco para encarar o hyung de cabelos loiros.

-Seu amigo parece ser legal, onde comprou?

-Engraçado — ironizou Jisung. Jeongin costumava brincar que ele era tão chato que a única maneira de conseguir um amigo era oferecendo dinheiro, e ele só não quebrava aquela carinha fofinha porque tinha certeza que Hyunjin faria o mesmo com a sua logo em seguida. Ele nem é meu amigo. Só nos falamos três vezes, e duas foram por telefone.

-Mas foi legal da parte dele vir saber como você está comentou Hyunjin.

E corajoso - acrescentou Jeongin.

-Bebê, shh.

-De qualquer forma, eu não ligo-Jisung se levantou, pronto para abandonar a praça de alimentação. Daqui a pouco ele vai embora mesmo.

- Por que diz isso?-indagou Jeongin.

"Porque é sempre assim. Mais cedo ou mais tarde, todos sempre vão embora."

- Porque é assim que funciona - as palavras que deixaram seus lábios, no entanto, foram essas, e ele saiu sem dizer mais nada. Ainda tinha duas longas aulas para assistir e não queria ocupar sua cabeça com pensamentos indesejados novamente, mas Hyunjin e Jeongin sabiam.

Mesmo que não dissesse em voz alta, Jisung estava quebrado por dentro.

Listen to me - Minsung Onde histórias criam vida. Descubra agora