"When will you arrive?"

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"NÃO! POR FAVOR, NÃO! EU ESTOU GRÁVIDA! POR FAVOR!" gritou em desespero
Sentia o coração forte em seu peito, lágrimas grossas escorriam pela lateral do seu rosto. Não sabia explicar, mas agora não pensava mais nela, mas naquele pequeno serzinho que ela acabara de se dar conta que poderia estar carregando.
Ouviu uma gargalhada as suas costas, Einar parecia que não estava acreditando no que acabara de acontecer.
"É claro que ela está mentindo, não aguenta umas chibatadas! Mas se você não quer levar, é simples, princesa. Só precisamos do local que vocês se esconderam!" Ele voltou a levantar o braço para dar o golpe, mas foi interrompido pela mão da líder que cortou o ar. Ela olhava fixamente para Lavagirl. Via o desespero na cara da mesma
"Einar, vá buscar Lumen" Ordenou
"Senhora, ela está mentindo!" protestou Einar, frustrado.
   Apenas o olhar frio dela fez ele se encolher e obedecer-la. O silêncio tomou conta. Lavagirl respirava pesado, não acreditava que eles pararam, para falar a verdade, não fazia sentido, ela não aparentava estar grávida. Quando leu a data no seu caderno se deu conta que estava atrasada há quase duas semanas. O que significava que poderia sim estar esperando um bebê, mas não tinha total certeza. Porém, só de imaginar que ela e Sharkboy teriam um filho e, que essa realidade estava mais próxima de acontecer a enchia com uma alegria que nunca imaginou ter. Einar voltou momentos depois com um senhor, Lavagirl o achou parecido com uma tartaruga. Ele tinha mais rugas que qualquer pessoa que ela já tenha visto, era calvo, andava apoiado em uma bengala de madeira escura e vestia uma túnica preta, por cima vinha um poncho vinho com arabescos em negro, parecido com a roupa dos outros homens. Ele, com dificuldade, se posicionou a frente da líder. Ela conversava baixinho, na verdade, falou com um utensílio em formato de concha que ele trazia para colocar no ouvido. O senhor balançava a cabeça em concordância, falou alguma coisa o que Lavagirl não conseguiu compreender. "Saiam todos!" Disse a mulher com autoridade. Momentos depois estava só ela, Lavagirl e Lumen no cômodo. Lumen se dirigiu para frente da heróica, a chefe o acompanhou e colocou uma cadeira a suas costas para que ele pudesse se sentar, ela também colocou ao seu lado uma bolsa de couro com vários objetos dentro. "Solte-a" Disse o velho pela primeira vez, sua voz era baixa, mas reconfortante. A mulher pálida tirou da bainha uma adaga afiada e ornamentada e cortou as cordas que prendiam Lavagirl. Quando viu suas mãos livres tentou massagear os pulsos com calma, suas mãos ardiam com o contato, quase não conseguia fechar os dedos, sentiu a mão gelada dele segurando a dela para não forçar o movimento. Ficou parada, viu que o senhor começou a procurar alguma coisa em sua mala, pegoubuma espécie de pomada e começou a passar no local irritado pelas palmatórias, ela sentiu um alívio enquanto suas mãos absorviam o remédio que ele passava, deveria ter algum tipo de analgésico. Depois, ele olhou intensamente para os seus olhos e ela com vergonha os baixou.
"Não" disse firme "Preciso avaliar os seus olhos:
colocou a mão sobre o seu queixo e levantou o seu rosto para olhá-la bem.
   A profundidade do olhar dele era tão intensa que Lavagirl ficou sem graça. Ele tinha olhos castanhos, mas que quase não podiam ser vistos devido às rugas. Puxou um pouco da pele para ver embaixo dos seus olhos azuis. Colocou seus dedos frios em seu pescoço, sentindo a batida de seu coração. Mandou ela colocar a língua para fora e assim por diante. A mulher pálida apenas ficou ao lado dos dois totalmente quieta e em silêncio, deixava ele fazer todo o seu trabalho. Lavagirl obedecia todos os comandos que o senhor lhe passava. Ele avaliou a sua barriga lisa, dando pequenos apertões em algumas áreas, percebendo como o corpo da jovem respondia aos seus toques, em alguns pontos doía quando ele fazia pressão. Fez ela respirar fundo algumas vezes colocando o seu aparelho auditivo no seu peito e por fim voltou a se sentar à sua frente. Pegou um pergaminho e uma pena com tinta. "Quando foi o seu último sangue?"
"Há quase 6 semanas" viu que ele anotou a informação.
"Você teve alguma relação sexual com um homem nesse período?" Ela ficou sem graça de responder esse tipo de coisa para dois estranhos "Com um cachorro é que não foi" Ela nunca perde seu deboche
"Por favor Lavagirl, responda!" Axel pediu
"Sim" Respondeu baixinho virando os olhos
"Quantas?"  Era sério isso? Pensava Ela
"Não sei"
"Uma média"
"Prefiro levar chibatadas do que responder a essa pergunta!" Seu cabelo se iluminou, estava recuperando a força.
"Ninguém vai te dar chibatadas em uma mulher grávida! Se você estiver grávida, pense no seu filho, o quão mal isso pode fazer a ele"
"Dia sim, dia não..." Sua temperatura começa a se alterar
"Ela muda de temperatura? Está com febre?" Lumen pergunta se direcionando a Axel que retorna seu olhar a ela "Pode colaborar Lavagirl?" Como resposta, Lavagirl diminui a sua temperatura. Viu que ele rabiscou no papel mais algumas coisas.
"Como vem se sentindo?"
"É séria essa pergunta?" Seu tom de voz mostrava estar indignada, afinal vinha sendo torturada nos últimos dias. Ele apenas a olhou sério.
"Teve alguma tontura?"
"Sim"
"Dor de cabeça"
"Sim"
"Vômitos e ânsias?"
"Sim"
"Cansaço?"
"Sim"
"Vou precisar de uma amostra da sua urina"
"Oi?"
"O seu xixi."
"Eu sei o que é urina! Para quê?"
"Só um último teste" Disse e lhe entregou uma vasilha. Ela olhou de um lado para o outro, como se
esperasse que eles explicassem o que ela tinha
que fazer. Viu que a mulher apontou para um canto da sala. Lavagirl levantou cambaleando e caminhou até o local indicado. Não estava acreditando no que estava acontecendo. Que loucura é essa? Depois de alguns minutos, ela voltou colocando a vasilha na mesa e voltou a se sentar. Estava vermelha de vergonha com aquilo. Lumen voltou a procurar alguma coisa em sua bolsa. Pegou um pote escuro e, com uma colher, colocou um pó branco na urina da moça. Após alguns segundos, uma reação transformou a cor amarelo-claro em um vermelho vivo. Ouviu a líder bufar ao seu lado. Lavagirl olhava para Lumen esperando uma resposta, seu rosto era
indecifrável. Ele começou a guardar os seus utensílios e se levantou para sair da sala.
"O que isso quer dizer?" perguntou antes que ele saísse.  A líder que o ajudava apertou um pouco o braço dele e juntos saíram do quarto. Ela se viu sozinha encarando o líquido vermelho sem entender muito bem o que acabara de acontecer.
***
Sharkboy avaliava a frota a sua frente. Seria um desafio atacá-los, eles tinham pelo menos o dobro da quantidade de pessoas que eles tinham. Precisava pensar em algo, talvez a melhor ideia não seria chegar atacando, será que eles estariam abertos a uma conversa? Mas o que ele poderia oferecer?
"Fenômeno!"chamou Sharkboy
"Oi, Shark. - disse ele aproximando.
"Quero ir lá conversar com eles"
"Não acredito que eles estejam abertos a uma conversa"
"Não temos muitas chances se enfrentarmos. Olha a quantidade de navios que eles têm!" comentou, passando as mãos pelo seu cabelo castanho o bagunçando
"Talvez possamos fazer uma troca"
"Como assim?"
"Alguma informação que podemos negociar. Até agora só suspeitamos do motivo. Não temos certeza do que eles querem e nem se ela está bem"
"Vai dar tudo certo! Lavagirl é a única de nós que aguentaria algo assim!"  Recebeu um olhar irritado de Sharkboy
"Quê? Eu estou só falando a verdade!"
"Quero que você fique tomando conta do navio. Cuide deles e esteja preparado para qualquer coisa. Se perceberem sinais de luta ataquem imediatamente, entendeu? Chame o meu pai, Anitta, Vox, Marcos, Max e Ofuscante." Fenômeno ouviu atentamente e concordou com a cabeça, sabia que Fenômeno gostava de estar em uma posição de líder, ele sempre falava era o número dois. Ele saiu do seu lado para começar os afazeres, Sharkboy  fechou os olhos e suspirou. O que ele podia fazer? Seu peito estava apertado há dias, dormia mal, estava com olheiras profundas e com a barba por fazer, demonstrando ainda mais o nervosismo interno que ele tinha. Sentiu que todos a quem mandou Fenômeno chamar estavam atrás dele, os chamou e foram sentar em uma mesa para poder pensar em alguma estratégia. Tinha que ter ideias melhores, as que passavam na sua cabeça só iria piorar a situação dos Heróicos e de Lavagirl. "Bem, chamei vocês para me aconselharem no que eu devo fazer. Sabemos que militarmente iremos perder deles, a quantidade de navios na frota dos inimigos é bem maior do que a nossa. E supomos que isso foi por causa do nossos novos poderes, mas nada foi confirmado"
"Filho, sendo Axel de quem falamos, é certo dizer que o quê ela quer é saber onde os heróicos estão para matar-los" James diz
"Mas pode ser outra coisa também?" Sharkboy pergunta
"Acho pouco provável, filho" James responde
"Ok... então, como devemos prosseguir?" Shark pergunta
"Bem querido, realmente os números deles são mais favoráveis, mas não conhecem a força dessa nova geração heróica" Expressou Anitta com um sorriso  "Poderíamos atacá-los a noite" complementou ela
"Eles já sabem que estamos aqui, Anitta" Vox comenta
"Não fomos nem um pouco sutis em aparecer. Acredito que a melhor estratégia é o diálogo" Seu  pai falou segurando a sua mão.
"Podemos pensar em enganá-los também" Marcos falou
"Suponho que eles são muito espertos para isso. Mas eu preciso saber se ela está bem, se está viva"  "Então vamos descobrir, filho"
°Enquanto isso...°
   Ela voltara para a sua cela há algumas horas. Andava de um lado para o outro, frustrada, odiava não ficar sabendo o que se passava. Não sabia se realmente estava grávida, se Sharkboy estava chegando, se eles ainda iam tentar tirar alguma informação dela. As horas se arrastavam, já tinha relido alguns dos cadernos, tentado abrir a cela, mas nada a fazia se tranquilizar. Seus pensamentos não eram mais focados. Por instinto colocou a mão em seu ventre, fazendo um carinho no local. Acreditava que eles confirmaram a gravidez, era o único motivo para deixá-la apenas presa, se ela não
estivesse, ainda estaria naquela sala da tortura. Mas o que também não faz muito sentido, por que poupar uma grávida? Ouvia o barulho no convés, homens gritando, coisas sendo arrastadas, barulhos que ela não conseguia identificar. Bufou alto, estava muito entediada e queria respostas! Com os sons no andar de cima ela não ouviu quando uma figura pálida entrou na escuridão. Apenas a percebeu quando ela estava bem próxima. Ficou em silêncio até a mulher estar a sua frente, completamente ereta e em silêncio. As duas se encaravam, Lavagirl estava com os braços cruzados na frente do seu peito, enquanto a mulher estava com as mãos entrelaçadas a suas costas.
"Então?" Perguntou Lavagirl
"A sua suspeita está correta"
O coração da mesma deu um pulo e automaticamente uma de suas mãos voltou para o seu ventre, como se pudesse sentir aquele
serzinho se formando dentro dela, só de saber
que era real, Lavagirl faria de tudo para sair daquela
situação. Sentiu que seus olhos estavam marejados e um sorriso fraco surgiu nos seus lábios. Tentando se controlar, piscou algumas vezes e olhou firme para a mulher na sua frente.
"O que vocês vão fazer comigo?"
"Sabe, Lavagirl, gosto de você, gostei da sua atitude desde o primeiro momento em que te vi. Percebi sua força como mulher e, você e eu sabemos, como é difícil nos igualar aos homens" A mesma só concordou com a cabeça.
"Mas a situação mudou tanto para você,
como para mim. Consegui chegar aonde cheguei
sendo muito dura, forte e determinada. Mas uma
coisa que prometi lá nos meus 20 e poucos anosera que nunca machucaria uma criança"
"Por quê?"
"São crianças, esse já é um motivo suficiente"
"Mas deve ter alguma história por trás" Lavagirl continua a se questionar. A pálida ficou em silêncio. Lavagirl sabia que ela tinha algum trauma do passado.
"Bem, agora temos um problema. Você está grávida, ou seja, tem uma criança envolvida na história. Não posso tirar de você a informação necessária, que tanto quero, por meio da violência. Mesmo todos os meus aliados julgando que essa minha decisão é absurda. Todos querem continuar com o interrogatório, mas não posso fazer isso com o seu filho"
"Obrigada, agradeço por estar pensando nele" Viu que ela apenas deu um leve aceno com a cabeça.
"Sabe, posso me identificar muito com você, pois me lembra muito de mim mesma na sua idade. Era a melhor heróica em minha geração, tínhamos ataques constantes de vilões, perdemos muitas pessoas. Matei um inimigo quando tinha 14 anos,  apenas larguei a carreira heróica por motivos pessoais. Poderia conseguir muito mais com isso. Eu queria mais, depois mais velha, já com filhos, decidi ser a hora de sair da minha vida e começar uma nova, assim poderia ajudá-los mais" Lavagirl apenas a olhava, não conhecia muito sobre a mulher que a raptara e, no fundo, a achava fascinante e queria saber mais. "Matar os heróicos seria uma vingança. Consegue entender o impasse que estou vivendo?"
Viu que a garota flamejante  apenas confirmou com a cabeça.
"Então, o que eu proponho é uma trégua, como viu, estou sendo muito compreensiva com a sua situação, portanto gostaria que você cooperasse comigo"  A olhou com intensidade.
"Não posso te dar essa informação" respondeu a garota
"Vamos, não seja ingênua, como falei, a sua situação é delicada e estamos sendo compreensíveis"
"Eu não posso dar essa informação porque eu sou um deles" confirmou
  Viu que a líder a avaliou, precisava que ela acreditasse nela. "A casa é extremamente protegida"
Seu coração estava acelerado, colocou a sua melhor cara de inocente e olhou nos olhos da sua raptora.
"Lavagirl, Lavagirl. Eu sei que ele divide tudo com você. Sabe, li todos os cadernos do Shark. E, devo dizer, que é um rapaz bem excêntrico. Ele se interessa por coisas que nenhum Herói  que eu conheço jamais imaginou gostar. O que me admira é você ter caído nas graças dele, como conseguiu uma mulher tão especial?"
"Ele é meu melhor amigo! Crescemos juntos em outro planeta"
"Que planeta?" conquistara o interesse da mulher
"Ele se perdeu de seu pai em uma tempestade, foi cuidado pelos tubarões e foi parar no planeta Baba a procura do pai. Durante uma de suas expedições, nós nos conhecemos. Desde então, não nos desgrudamos" A mulher a olhava com intensidade, conseguia ver que ela queria saber mais. A mulher a avaliava, não conseguia interpretar a sua feição. Demorou alguns minutos e no momento que ela ia abrir a boca, as duas foram interrompidas por um homem truculento que descia as escadas com rapidez. "Senhora Axel, Sharkboy veio negociar! Veio ele, mais alguns heróicos e seu pai! E estão a esperando para entrar em um acordo!"

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