Duas Vidas. Um Destino. [DEGUSTAÇÃO]

Capítulo 7

A campainha tocou. Era uma visita muito esperada. Levou um tempo, mas ele conseguiu. Após conversarem muito pelo aplicativo, e não apenas nos dias da fisioterapia de Augusto, finalmente ele receberia a visita de uma jovem cheia de alegria e com algumas histórias interessantes.

— Boa tarde — disse Letícia, assim que foi atendida por Raquel, a outra enfermeira da noite.

— Boa tarde, seja bem-vinda. Augusto está lhe aguardando.

— Obrigada.

Na sala de estar, Augusto apenas a observa entrar a passos lentos e com um olhar admirado. Ela nem o notou, o tamanho da sala e os móveis tornam o local tão atrativo que ela se perdeu em seus pensamentos. Assim que ela o viu, apressou-se até ele.

— Oi. — Abaixou e beijou o rosto dele, o cumprimentando.

— Oi. — Ele correspondeu ao beijo, no mesmo momento em que ela o beijou no rosto.

Augusto se agradou com o perfume que Letícia exalava e ela, por sua vez, ficou encabulada ao ser beijada no rosto.

— Senta. — Ele esticou o braço na direção do sofá e ela se sentou, colocando sua bolsa de lado. Não muito à vontade, estava com vergonha, ainda.

— Bebe alguma coisa?

— Apenas uma água.

Augusto nem precisou chamar, Neide logo apareceu com uns copos, uma jarra de suco de laranja e duas garrafinhas de água mineral. Após ser servida, Letícia bebeu sua água e olhou novamente para o lugar.

— É tão grande. — Seus olhos brilhavam e ela sorria para ele, que gostava muito de admirá-la sorrindo.

— Fica mais fácil.

— Sim... claro. — Ela se culpa por admirar o lugar sem ao menos se tocar do motivo.

— Vem. — Augusto segura na mão de Letícia. — Vou te mostrar o apartamento.

Ela se levanta e ele torna a segurar nos aros de suas rodas. A sala ela já conhece, mas ele faz questão de andar pelos quatro cantos e então ele passa ao corredor. Uma a uma das quatro portas são abertas, revelando um banheiro social, uma suíte de hóspedes, um quarto transformado em uma academia e por último, a suíte de Augusto. Um quarto confortável com um closet espaçoso e um banheiro grande.

De volta à sala, ele conduz Letícia até a cozinha, encontrando Neide preparando o jantar que ele pediu.

— Daqui a uma hora eu apronto a mesa, Augusto.

— Obrigado, Neide.

— Oi, sou Letícia, muito prazer. — A jovem caminha até a empregada e a abraça, surpreendendo aos dois.

Augusto apenas abaixa a cabeça, escondendo um sorriso, depois de ver a cara que sua empregada fez. Neide ficou confusa, mas retribuiu o abraço, sentindo-se feliz com aquele gesto.

— Sua comida cheira bem.

— Obrigada. Gosta de moqueca de peixe com banana da terra?

— Adoro peixe, mas nunca comi desse jeito, com banana. — Letícia diz de forma interessada no que a empregada acabou de lhe informar, ela está muito empolgada em experimentar essa refeição.

— Acho que estou sobrando.

— Alguém está com ciúme. — A empregada brinca, arrancando um sorriso encabulado de Letícia, que torna sua atenção para Augusto.

— Vamos? — Ele a questiona e retorna com ela para a sala.

Uma conversa agradável, sobre como teria sido o dia de cada um até que o jantar fica pronto e a mesa é servida. Eles comem, bebem um suco, já que nenhum dos dois é adepto ao álcool, conversam mais um pouco, dessa vez, sobre os não dotes culinários de Letícia.

— Eu não sei fazer muita coisa. Minha madrinha sempre foi muito protetora, ela... — diz pesarosa, se lembrando da adolescência difícil após o acidente. — Acho que era medo.

— Entendo. — Ele percebe que Letícia ficou sem jeito e não insiste na conversa. — Mas, você estudou, isso é bom.

— Sim — diz mais animada, pensando na escolha de seu curso. — Eu gosto de ajudar as pessoas.

E outra vez aquele sorriso que ele já estava se acostumando a admirar.

Após o jantar, Letícia pede para usar o banheiro. Dentro de sua bolsa ela carrega um kit de higiene bucal. Augusto não perde tempo e também vai até o banheiro do quarto e faz sua higiene, afinal, a moqueca até poderia exalar uma fragrância saborosa, mas apenas enquanto cozinhava.

Na sala, mais uma vez, Augusto se aconchega no sofá, aguardando o retorno de Letícia, que se admira ao vê-lo sentado tão confortavelmente.

— Senta aqui. — Ele bate no estofado, bem ao lado de onde ele já se encontra. — Não se preocupe com a hora, eu te deixo em casa.

— Ah... não precisa se dar ao trabalho, eu posso chamar um carro.

— Nem pensar.

Ela senta. Ele a admira. Um instante constrangedor, já que a proximidade deles pode acabar revelando outras coisas.

— Quer ver alguma coisa na TV? — Ele pergunta, tentando quebrar um pouco do gelo que se formou de repente.

— Eu prefiro conversar. — Ela apoia o cotovelo no encosto do estofado, segurando a cabeça de lado e na direção dele, após puxar a perna esquerda para cima, ficando de lado, podendo encarar melhor a face indecifrável de Augusto.

Letícia está tentando ficar mais à vontade. Ela quer que este encontro seja leve, sem amarras e descomplicado. Não quer correr o risco de acabar falando alguma bobagem por conta do nervosismo que está sentindo, afinal, é a primeira vez que ela fica sozinha na companhia de um homem adulto que não seja seu padrinho ou o pastor de sua igreja, que já é um ancião.

— Estou contente que tenha aceitado meu pedido, eu queria muito que fosse em um final de semana, mas com sua agenda cheia. — Ele sorri.

— Ah... me desculpa. — Ela ri e toca na mão dele, que repousa sobre a perna, e ele segura, acariciando levemente os dedos dela.

— De verdade, eu gosto da sua companhia. Há muito eu não conversava com uma pessoa como você.

— Falastrona? — Sorri sem jeito.

— Agradável, bonita... — Ele permanece acariciando os dedos de Letícia e a encara nos olhos. — Com um sorriso encantador. — Seus olhos param nos lábios de Letícia, que...

— Você mexe comigo. — Letícia desce a mão que apoiava a cabeça e acaricia a barba de Augusto, que fecha os olhos por alguns segundos e respira fundo, prendendo em seguida. — Eu gosto de você. — Ela se aproxima e cola seus lábios nos dele.

***

CADÊ A TURMA DO "FINALMENTE UM BEIJO"?

NÃO SAI, NÃO! ESSE BEIJO CONTINUA NO PRÓXIMO CAPÍTULO.

VEM COMIGO...