Após o almoço, eles caminharam até a área de jogos. Um ambiente agradável e muito arborizado. O cheiro das plantas conquistou Letícia. Eles entraram em uma sala de vídeo e sentaram em um imenso estofado, daria até para duas pessoas dormirem. Era confortável.
— Vem. — Augusto se aconchegou nas almofadas. — Vamos descansar um pouco.
— Não vou dividir uma... um sofá com você. — Ela ficou preocupada e estática, diante do convite ousado de Augusto, que já estava deitado.
— Ia dizer cama — afirmou e sorriu. — Está pensando demais, meu amor.
Letícia ficou ruborizada com a declaração de Augusto, foi a primeira vez que ele a tratou dessa forma. Ele percebeu e esticou seu tronco até alcançar a mão de Letícia, que se deixou levar pela carícia em seus dedos.
— Não estamos fazendo nada demais, vem, deita aqui comigo.
— O que seus pais irão pensar se nos pegarem assim? — questionou, já deitada e aconchegada no peito de Augusto. — Por que seu cheiro é tão bom? — Ergueu a cabeça e olhou para ele.
— Me olhando desse jeito, pode ser que eu não resista. — Tocou no rosto dela, que já se preparava para levantar. — Não seja boba, o que acha que eu vou fazer com você, tem a vantagem, não tem?
— Não fala assim. — Ela tornou a se deitar no peito de Augusto.
Ele acariciava as madeixas de Letícia, um cafuné gostoso que a deixava adormecida, com suas pálpebras pesadas. Ela tentava acariciar o peito dele com sua mão apoiada, mas ficou difícil e ambos adormeceram.
Alguns minutos se passaram, o suficiente para que o sono deles se tornasse pesado e Augusto fosse tragado em um sonho que sempre o atormentava. Nesse sonho ele podia andar, era como se ele nunca tivesse sofrido aquele acidente, em alguns momentos do sonho ele até corria. Ali, trancado naquelas imagens, ele poderia ser o antigo Augusto, o jovem que vivia de forma aventureira. Como em uma passagem cinematográfica, o sonho mudava de ambiente e ele estava dirigindo um carro de corrida, o mesmo que ele ainda mantém guardado em uma das garagens de seu pai. A expectativa de vencer mais uma competição o deixa tão animado que ele chora.
— Augusto. — Ela toca gentilmente em seu rosto, tentando acordá-lo. — Augusto, acorda...
Ele abre os olhos, ainda perdido dentro das imagens, sem saber distinguir a realidade do que é irreal.
— O que faz aqui? — pergunta aturdido, querendo se afastar dela.
— Augusto, sou eu, Letícia.
Ao ouvi-la proferir o próprio nome, ele se dá conta de quem ela realmente é, e a abraça forte.
— Desculpa.
— Tudo bem.
Todas as vezes que ele teve um sonho como esse, ele estava com a Sandra, sua ex-namorada barra psicóloga. Foi difícil distinguir a imagem que se formou diante de seus olhos, assim que ele acordou.
Letícia ficou muito preocupada, sem saber o que de fato havia acontecido com ele. Pensou que talvez ele tivesse tido um pesadelo com o dia do acidente. Pois, vez ou outra ela passava por isso.
Abraçados por um tempo, nenhum dos dois ousaram proferir uma só palavra. Até que ela se desfez do abraço e sentou.
— Você quer conversar?
— É... acho que não podemos mais fugir dessa conversa.
Ela concordou. Eles conversaram. Suas histórias eram tristes demais, até que um ponto em comum foi citado e Letícia se deu conta das palavras de Augusto.
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Duas Vidas. Um Destino. [DEGUSTAÇÃO]
SpiritualAugusto já foi um jovem cheio de vida e que sabia aproveitar as oportunidades. Ele tinha um grande sonho: vencer a famosa Corrida do Milhão, promovida pela Stock Car Brasil. Letícia é uma mulher muito especial, apesar das perdas sofridas, ela conseg...