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Caio

Sim, eu estava planejando pedi-la em casamento. Queria falar sobre morarmos juntos e, em seguida, seguiria o casamento. Mas ela me pegou de surpresa e isso doeu, não vou negar. Alguns podem pensar o quão terrível eu sou por aparentemente abandoná-la, mas na verdade só queria ficar sozinho para processar essa rejeição.

O fato de ela não saber quando estará pronta me deixa preocupado com uma coisa: ela pode nunca estar pronta. E isso me assusta. Porque, honestamente, eu a amo de verdade.

Raquel

Entendo que vocês possam estar frustrados comigo por recusar um cara como ele. Mas já disse antes, não quero me envolver com ninguém até que esteja realmente estabelecida. Não importa o quão diferente ele seja do Roberto, simplesmente não quero mais depender de ninguém. Tenho um objetivo e vou alcançá-lo para poder mostrar a todos que duvidaram de mim.

Dias se passaram e ele não me ligou nenhuma vez. Comecei a ficar com medo de que algo tivesse acontecido. Tinha vontade de ligar para a Sabrina, mas como ele mesmo disse, ninguém sabe sobre nós e seria estranho perguntar. Enquanto isso, meu coração dá um pulo a cada vez que meu celular vibra, esperando que seja ele.

Estava trabalhando na boate, cobrindo uma garota até as duas da manhã, quando meu celular tocou. Tinha quase certeza de que era ele, mas para minha surpresa não era. Era um número desconhecido, o que era incomum. Fiquei cautelosa ao atender a ligação.

Era uma atendente do hospital, informando que meu filho Alef havia sofrido um acidente. Meus pelos se arrepiaram ao ouvir aquilo. Sem pensar duas vezes, joguei meu avental para o Jerry e saí correndo em direção ao hospital. Peguei um táxi e fui correndo até a recepção, ficando sem fôlego.

— Me ligaram, meu filho está internado aqui.

A atendente pediu o nome dele e me informou o quarto. No quarto trinta e quatro, no terceiro andar, lá estava ele, Alef, sentado na beira da cama, sorrindo para a enfermeira. Ele tinha um corte na testa. Quando nossos olhares se encontraram, senti como se estivesse pegando fogo. Aquele olhar dele parecia querer me matar.

— O que você está fazendo aqui? — ele disse com desprezo.

— Eles me ligaram, me disseram que você sofreu um acidente.

— Então você veio conferir se estava morto?

— Não, meu filho, eu só estava muito preocupada.

— Não me chama de filho. E onde estava essa preocupação quando você foi embora e me deixou para trás?

Aquelas palavras foram como um soco no estômago. Nunca imaginei que meu garotinho, aquele que segurei nos braços quando nasceu, pudesse me odiar tanto assim.

— Eu jamais te deixaria para trás, Alef. Seu pai não permitiu que te levasse.

— Humhum, sei. Bem, já viu que estou vivo, pode ir embora.

— Mas...

— Você me ouviu, vá embora.

Saí daquele quarto com lágrimas nos olhos. Nunca pensei que meu filho, a luz da minha vida, fosse me odiar dessa maneira.

Voltei pra casa, e naquele mísero apartamento nunca me senti tão sozinha, e aquilo me fez chorar a noite toda. Naquele momento, só queria uma ponte para me jogar. 

A semana se arrastou na mesma situação, mas pelo menos uma notícia boa: havia conseguido um estágio em uma das melhores empresas da cidade. Essa notícia, no entanto, não diminuía minha dor e sentimento de solidão. Caio não me mandou nenhuma mensagem, o que me fez pensar que ele não queria mais me ver. Meu coração estava sangrando, e percebi o quanto o amava e nunca tinha dito isso a ele.

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