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Caio

Eu nunca iria deixá-la voltar para casa em um táxi qualquer, mas ir com ela também tinha o intuito de descobrir onde estava morando.

Quando estamos chegando próximo ao endereço que ela falou, vejo o bairro onde ela está morando, extremamente pobre, com alguns usuários de drogas na rua e pessoas com uma aparência solitária. Fico receoso em deixá-la ali.

Chegamos em frente ao prédio dela, que é muito simples e parece estar quase caindo aos pedaços.

— Obrigada, eu posso ir daqui, é melhor você não ficar por aqui. 

— Eu vou te levar até a sua porta. 

— Realmente não precisa, Caio. Até mais.

Antes que ela abra a porta e saia, eu a chamo. 

— Espera. 

Ela vira para mim. 

— Passa seu telefone para ter certeza de que está bem. Eu vou te ligar. 

Ela me entrega seu telefone, coloco meu número nele e faço uma ligação para que o número dela fique salvo. 

— Você pode me ligar sempre que precisar. 

— Obrigada, e desculpe por estragar seu aniversário. 

— Mesmo se tentasse estragar algo, não conseguiria, Raquel. 

— Eu tenho que ir. 

— Estava pensando, que tal a gente se encontrar enquanto eu estiver na cidade? 

Ela me olha pensativa. 

— Caio, me desculpa por te decepcionar, mas eu não estou em um bom momento, e não quero sair com ninguém. 

— Eu entendo, mas se um dia precisar de alguém só para conversar, estou por aqui. 

— Vou pensar nisso. 

— Boa noite, Raquel. 

— Boa noite, Caio! Tchau.

Eu a vejo sair pela porta e entrar naquele prédio que parecia que ia cair a qualquer momento. Poderia ficar bravo com a resposta dela, mas caramba, a mulher está passando por um inferno agora. Eu esperei anos por essa chance, posso esperar um pouco mais.

Raquel

O tempo sempre passa, e eu só espero que meus filhos me liguem. Mais seis meses se passaram e nada. Eu continuo trabalhando tanto na lanchonete quanto na boate, e dou graças por não ver mais o Roberto entrar pela porta.

Aquele tempo todo passando e eu apenas sobrevivendo a tudo. Naquela noite em que dei meu telefone para o Caio, não esperava realmente que ele me ligasse. Mas ele cumpriu o que prometeu e me ligou. Na verdade, falávamos por mensagens todos os dias, e ele se tornou um bom amigo.

Quando estava na boate, chegou uma mensagem dele e eu fui olhar, não percebi que a Solange estava atrás de mim.

— Uau, que gato.

Eu nunca pensei nele dessa forma, mas sim, ele era realmente muito bonito, e a forma como ela falou me deu até uma pontada de ciúmes.

— É seu namorado?

— Não, é só um amigo.

— Nossa, ele é lindo. É militar?

— Como você sabe?

Histórias Curtas 2Onde histórias criam vida. Descubra agora