5

7 0 0
                                    


— Meu irmão mais velho chegando próximo aos 40.

— Ainda não, mas não posso me vangloriar disso por muito tempo.

— Você já está ficando velho, quando é que vai apresentar uma garota para as nossas mães?

— Estou bem nesse departamento, e acho que a Sabrina supre bem como nora da nossa mãe.

— Pode até ser, mas eu quero um sobrinho para estragar.

— Vou ficar te devendo essa, mas aí, cadê a minha cunhada favorita? Achei que ia chegar e ela ia só me criticar, pela roupa, sapato e tudo mais.

— Ela tá com a Raquel, foi um ano bem difícil pra ela, e foi mais difícil ainda convencer ela a vir.

Chegou no assunto que eu queria discutir.

— Aquele idiota largou mesmo ela?

— Sim, e sem nada. Nós a ajudamos no início, mas tive alguns problemas que ele causou, tive que parar de ajudar.

Sinto uma raiva crescente daquele cara, tudo o que eu queria era dar um soco nele.

— Como assim? Ele ameaçou você?

— Não posso dizer que foi ameaça, mas posso ter perdido clientes por causa disso. Quando Raquel ficou sabendo, ela logo quis ir embora para não causar problemas, e por mais que eu a oferecesse dinheiro ou qualquer outra coisa, ela não aceitava nada.

Claro que ela jamais aceitaria colocar em risco seus amigos, como eu havia dito, ela é uma pessoa boa.

— Mas e os filhos dela? Eu sei que são as coisas mais importantes pra ela.

— Aquele juiz de divórcio foi horroroso, Roberto a acusou de loucura e a afastou totalmente das crianças. Eles estão em um colégio na Suíça, e ele cortou totalmente a comunicação dela com eles. O cara é um escroto.

Naquele momento, penso que escroto é pouco para definir o Roberto.

— Para onde ela foi depois que saiu daqui?

— Eu não sei dizer. Na verdade, ela não fala. Acho que tem vergonha ou não quer que a Sabrina se preocupe. A única coisa que sei é que está trabalhando como garçonete e tem se virado para sobreviver.

Garçonete. Como pode uma flor como Raquel trabalhar limpando mesas e servindo pessoas, limpando banheiros com aquelas mãos delicadas. Eu não soube da história antes. Se tivesse sabido, talvez eu teria tentado ajudar. Mas estava em uma base secreta, sem comunicação nenhuma com o mundo externo por muito tempo.

— Bom, mas você vai ver sua cunhada hoje se divertindo com ela. Fazia um bom tempo que as duas não se encontravam.

— Sim, estou ansioso por vê-la brigando comigo.

Na verdade, minha ansiedade era por vê-la. Pela primeira vez, tanto eu quanto ela estaríamos sem ninguém que pudesse nos impedir de nos aproximarmos.

— Tá pronto? Acho melhor nós irmos, porque as garotas podem ir depois.

— Vamos, então, maninho!

Na festa, todos estavam querendo me ver, cumprimentar, saber o que estava fazendo e por onde andava. Eu era o centro das atenções, até que ela chega na festa usando um vestido preto com um decote que cobria o que deveria, mas também mostrava um pouco mais. Seus cabelos estavam presos e soltos ao mesmo tempo, de lado, sua maquiagem era simples, mas muito bonita. Ainda dava para ver que ela estava abatida e mais magra do que da última vez que nos vimos, mas ainda assim, ela tirava meu fôlego.

Histórias Curtas 2Onde histórias criam vida. Descubra agora