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Por dias, nos encontramos com ela e a incluímos em nosso círculo. Tiffany era ousada, mas agradável, nos fazendo rir com sua inocência. No entanto, ela nunca revelava quem era seu namorado, o que deixava Sabrina com uma pulga atrás da orelha. De certa forma, ela me lembrava uma adolescente descobrindo um mundo novo.

Bom, a essa altura, nem preciso dizer quem era o namorado dela, não é mesmo? O importante mesmo foi a forma como descobri.

Eu sempre comentava em casa que havia conhecido uma garota muito legal, mas Roberto não relacionava minha descrição à pessoa, já que eu nunca mencionava o nome dela. Além disso, ele sempre estava ocupado, dizendo que precisava trabalhar ou simplesmente não me ouvia quando eu falava, como se estivesse distraído.

— Você vai ao clube hoje? - ele me perguntou.

— Não, vou ao shopping com Sabrina - respondi.

— Ok.

Até aquele momento, não havia percebido ou fingia não perceber o quanto estávamos distantes.

— Vamos fazer algo diferente hoje? - sugeri.

— Não, tenho trabalho para fazer, vou chegar tarde - ele respondeu.

— Tudo bem então, vou ver se faço algo com as crianças.

— Tá, tenha um bom dia! - nos despedimos com um beijo na bochecha. Até ali, tudo normal. Tornou-se corriqueiro ele não ser mais tão carinhoso comigo quanto eu era com ele.

Fui com Sabrina ao shopping, mas foi uma visita curta. Achava que duraria mais tempo, mas Sabrina não queria comprar nada e logo depois decidimos ir ao clube para almoçar.

— Olá, senhora Raquel. Vai almoçar com seu marido hoje? O senhor Roberto já chegou e está na sala privada para o almoço - cumprimentou-nos o funcionário do clube.

— O Roberto está aqui? - perguntei surpresa.

— Sim, ele está na sala privada.

— Você não sabia que ele estaria aqui, Raquel? - questionou Sabrina.

— Não, mas ele deve estar negociando algo. Acho que vou fazer uma surpresa para ele, aparecer de repente.

Antes que eu pudesse dizer algo, deixe-me explicar uma coisa: a sala privada do clube é um espaço exclusivo, geralmente utilizado para almoços e reuniões de negócios. É chamada de privada porque nenhum funcionário entra sem ser chamado. Isso significava que ele não esperava que ninguém, ou seja, eu, aparecesse e o flagrasse em algo.

Quando abri aquela porta, a única coisa que vi foi Tiffany seminua no colo do meu marido. Meu coração quase parou, na verdade, ele se quebrou em um milhão de pedaços e eu senti cada rachadura sendo formada. Ao contrário do que se pensa, a reação nessas situações nunca é racional e não é a mesma para todas as pessoas. Algumas mulheres reagem com violência, outras choram e gritam, mas eu fiquei em estado de choque, apenas me calei, tentando absorver tudo o que tinha visto. No entanto, como não estava sozinha e Sabrina sempre foi mais explosiva do que eu, ela começou a gritar descontroladamente.

— SEU PATIFE, DESGRAÇADO, EU NÃO ACREDITO QUE VOCÊ FEZ ISSO COM A MINHA AMIGA!

Nesse momento, Tiffany pulou do colo dele e tentou se cobrir, enquanto Roberto tentava se recompor.

— Raquel, não é o que você está pensando - ele disse, como se o que estava acontecendo ali pudesse ser explicado.

— VOCÊ NÃO FALA COM ELA, SEU IDIOTA! - lágrimas começaram a brotar dos meus olhos e uma dor profunda tomou conta do meu peito, como se eu não pudesse mais respirar.

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