Gente, mil desculpas, mas não revisei esse capítulo. De antemão, qualquer erro ou falta de nexo, podem me avisar que conserto na hora!!
Tô triste que clarena terminou, mas feliz que a Clara não vai depor a favor do Theo. Enfim, era só isso mesmo.
Beijos! Boa leitura. ❤️
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O fluxo da cafeteria estava fraco na manhã de domingo. Em algumas mesas, famílias tomavam café assistindo o nascer do sol e conversavam amenidades. E, apesar de vários clientes fiéis que apareciam sempre para fazer seus pedidos cotidianos, ela era a que mais me chamava a atenção.
Eu a observava de longe todos os dias. Ela era misteriosamente curiosa, seus cabelos lisos escorriam pelo seu rosto como numa cachoeira e seu olhar sempre tão compenetrado naquele maldito computador me pegava.
Durante a semana, ela costumava pedir um café puro e forte. Mas, em dias como aqueles, o seu pedido variava entre um capuccino ou um macchiato, acompanhado de uma porção de croissant — os quais eu sempre fazia questão de escolher os mais belos e quentinhos para ela.
— Você sabe que ficar olhando não vai fazê-la simplesmente vir aqui e te chamar para sair, não é? — levei um susto.
Com a mão no peito, lancei um olhar cortante a Bruna. Ela me olhou com sua cara irritante de quem estava sempre certa, e eu revirei os olhos com desdenho.
— Não me enche, Bruna! — murmurei.
Bruna, uma mulher negra de cabelos trançados e coração bondoso, era minha melhor amiga desde que havia entrado na cafeteria — há alguns anos atrás. No começo, estranhamos uma à outra um pouco, mas logo passou e viramos grandes amigas.
E ela sabia sobre minha paixonite pela moça do café.
Sequei as mãos rapidamente em um paninho branco e me direcionei até a mesa dela. Mas enquanto eu ia ao seu encontro, ela se levantou.
Ah, ela estava indo embora.
Desviei o caminho e fui em outra mesa, mas Bruna pigarrou alto o suficiente para quem estivesse do lado de fora da loja pudesse ouvir também.
Olhei-a com espanto, esperando por uma resposta. Ela apenas disse:
— Helena! Tem como você atender a moça da mesa 21?
Bruna não brincava em serviço. Eu sabia muito bem quem ocupava aquela mesa todos os dias. Era ela. E agora eu queria aniquila-lá.
Permaneci em silêncio e caminhei em passos nervosos até a mesa vinte e um. À essa altura, ela não estava mais lá.
Porém, suas coisas, sim. Isso significava que ela não estava de saída, talvez tivesse ido ao banheiro. Vai saber!
Limpei sua mesa milimetricamente organizada e quando estava prestes a sair, ela voltou. Droga! Era agora ou nunca. Respirei fundo.
Não vai amarelar agora, Helena.
— Bom dia! — desejei — A senhorita deseja mais alguma coisa?
Caramba.
Seus olhos aparentavam ser ainda mais belos de perto. Ela levantou o olhar até mim, me fitando por baixo de seus grandes óculos de sol. Eu tentei parecer normal e oferecer-lhe um sorriso contido, mas sinto que falhei miseravelmente.
— Sim — disse, e eu tive a impressão de que sua voz soou arrastada — Eu queria saber porque você me olha tanto.
Ela insistiu em continuar me encarando enquanto aguardava por uma resposta, e eu senti como se fosse desmaiar.
E então, como uma bela covarde, a respondi:
— Eu acho que houve um engano — dei um sorriso amarelo.
Eu realmente pensei que fosse me safar, mas eu estava completamente enganada. A mulher molhou os lábios e suspirou antes de me rebater.
— Então está insinuando que eu seja louca ou esteja vendo coisas? — a mulher disse desafiadora.
O.K. Eu queria enfiar minha cara num buraco tão profundo que não houvesse fim. Ela permanecia me olhando com aquele olhar penetrante, e eu me encontrava surtando internamente.
Talvez fosse um grande passo um pouco adiantado. Eu não queria que as coisas tivessem acontecido daquela forma, mas acho que talvez elas nem teriam acontecido se não fossem por ela.
— N-Não foi isso que eu quis dizer — gaguejei vergonhosamente. — Eu só...
Calei-me instantaneamente ao senti-la tocando minha mão esquerda com delicadeza. Sua mão era macia e quente, porém deixou-me miseravelmente arrepiada.
O que diabos ela queria com aquilo?
— Está tudo bem, Helena — sorriu. Céus, era a primeira vez que eu a via sorrindo tão abertamente, e, por um instante, me senti derreter por completo. Mas não tanto quanto quando ela tocou no meu ombro.
— Como você sabe o meu nome?
Ela soltou uma risada.
— Digamos que sua amiga não é nada discreta — ela disse com humor. — Nem você.
Passei a mão pelos meus cabelos em um ato de nervosismo.
— Desculpe-me por isso — pedi envergonhada.
— Eu já disse que estava tudo bem — assegurou. — E eu gosto disso, Helena.
O meu nome em sua boca soava deliciosamente bem. Ela parecia dizer-lhe com gosto, e eu adorei aquilo. Sorri.
— E, quem sabe, não marcamos algo, não é mesmo? — Clara disse, se levantando.
Não fazia ideia se tinha sido intencional ou não, mas, quando se pôs de pé, ela passou desnecessariamente próximo de mim, e pude sentir o calor do seu corpo no meu.
— Eu iria adorar, Clara.