eu despareci mas nao me matem pf
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— Tia, me ajuda, por favor? — pediu, com os olhinhos piscando.
Numa manhã de sábado, Clara e Helena cuidavam da pequena Liz, a filha adotiva do casal Clara e Marina. A menina era uma verdadeira princesa. Seus olhos eram castanhos claros, os lábios rosados e os cabelos claros e ondulados.
Agora, Clara tentava amarrar os cabelos da menina num coque frouxo. Porém, com certeza, não levava jeito para isso. Helena entrou no quarto de visitas onde Clara e Liz estavam, com duas canecas de chocolate quente nas mãos e um sorriso no rosto.
— Quem aqui vai querer um chocolate quentinho? — perguntou.
A garotinha soltou um grito exasperado. Correu até Helena e ficou esperando que ela a entregasse a xícara.
— Bom dia, meu amor! — desejou, deixando um beijinho em sua cabeça.
— Bom dia, dinda — falou, agarrando a xícara.
Liz saboreou o conteúdo e lambeu os lábios em satisfação.
— Ela é tão fofa — Helena comentou, sentando-se com suas garotas na cama arrumada. Puxou Clara pela cintura e a abraçou de lado, com amor, depositando um selinho em seus lábios.
Liz observava-as com carinho e admiração nos olhos, enquanto saboreava sua xícara de chocolate quente, com um sorriso estampado no rosto.
A garotinha se tornara afilhada delas desde logo depois que foi adotada pelo casal. Marina, Helena e as Claras tinham uma relação de irmandade entre os casais, sentiam-se como se tivessem conhecido uma a outra de outra vida. E, realmente, parecia. Marina ajudava Helena com Clara, Clara ajuda Clara com Helena. E, assim, ia. Até o dia em que Clara ligou para as duas e contou que finalmente o processo de adoção tinha dado certo. E elas conseguiram! Conseguiram a pequena e linda Liz, que era o amor da vida delas junto com o Ivan, filho de Clara que foi fruto de um casamento antigo.
Um dos momentos mais felizes para elas foi quando receberam os convites para se tornarem madrinhas da Liz. Um sentimento eterno de gratidão as invadia o peito. Era muita alegria.
E agora, enquanto Liz ainda bebia seu chocolate quente, elas a olhavam com muito amor no peito, até trocarem olhares e perceberem que pensavam na mesma coisa.
— Você tá pensando no mesmo que eu? — Clara perguntou, a olhando.— No quão bem essa pequena nos faz?
— Sim — respondeu sorrindo.
Helena correu, pegou a garota nos braços e a jogou na cama para um abraço em grupo. Ela ria sem parar enquanto as mais velhas a abraçavam e seus olhos saiam lágrimas de tanto que gargalhava.
— Eu amo vocês, titias!
[...]
— Tchau, dindas!
— Tchau, meu amor! — disseram em uníssono ao se despedir de Liz.
As mães da pequena vieram buscá-la pela noite, pois ela teria uma festa de aniversário de uma amiguinha para ir às 18h30. Ela acenava freneticamente pela janela do carro com seus dentinhos brancos e as mais velhas acenavam de volta.
— Tchau, meninas! Obrigada.
— Tchau, Marina! Foi um prazer ficar com essa linda — a Albuquerque disse.
Helena encostou-se no batente da porta com o olhar perdido, olhando a imagem delas ficar cada vez menor.
— O que foi, meu amor? — Clara perguntou, colocando uma mecha de seus cabelo para trás da orelha.
Helena chacoalhou a cabeça negativamente.
— Nada... — afirmou, mas Clara a conhecia. Sabia que aí tinha coisa.
— Fala pra mim, vai — pediu, fazendo biquinho.
— Assim não vale, Clara! — revirou os olhos.
— Então, me diz.
— Eu não sei bem como dizer. Quer dizer, você já tem o Rafa e eu não posso ter filhos e não acho que você queira tentar de novo por conta de tudo que aconteceu na sua gravidez, e eu nem deveria ter começado isso, mas é que sempre que eu vejo a Liz eu sinto meu lado materno aparecendo, e...
— Ei, calma. Olha pra mim, meu bem — disse, virando o rosto de Helena delicadamente para encara-lá. — Eu sei que eu já tenho o Rafa, nós o temos, e que você não pode engravidar e de tudo aue aconteceu na minha gravidez... Mas não significa que não podemos ser mães.
— Sério mesmo? — Helena perguntou com o olhar brilhando.
— Sim. A gente pode tentar adotar que nem a Clara e a Marina ou qualquer outra coisa que vier, amor.
— Isso quer dizer que...
— Sim. Nós vamos ter um filho!
