Ally Jones

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Após ler a carta, eu não sabia o que sentir. Uma mistura de tristeza, raiva e decepção. Se ele não desse ouvidos para a mãe dele, onde estaríamos agora?

Mas Alex acertou em uma coisa. Se Sammy me machucasse, eu estaria sozinha. Eu não aprendi ainda a ficar sozinha e isso era um peso que eu ainda carregava.

Tinha feito ótimas amizades, sim, depois de sair do apartamento mas todas estavam ligadas a Samuel. Até mesmo a Annelise, que eu tinha conhecido por causa de trabalho, tinha alguma ligação com o garoto então não sei se poderia contar cem por cento com ela.

Guardo a carta no fundo de uma gaveta e sento na cama passando as mãos pela cabeça. Eu estava muito irritada por tudo que eu permiti acontecer na minha vida. Tinha até esquecido que Wilk estava ali.

Ele se aproxima das minhas costas e me abraça deixando beijos pelos meus ombros. Os dois estavam sem saber o que falar, eu pela irritação que sentia e ele por não saber o que se passava na minha cabeça.

Eu não acreditava que ele tinha me culpado por algumas coisas. Como eu fui tola em perdoá-lo rapidamente na primeira vez e ignorar as outras. Não entendia como ele era capaz de afirmar que eu não o amava sendo que antes de tudo, eu tinha muita admiração e amor por ele. E ele ainda estava atrás de mim. De alguma forma ele recebeu a tal foto de eu beijando Sammy no golfe, ele sabia da briga entre Sammy e Thomas, e ele estava lá quando eu passei na prova prática da autoescola. Eu não tinha me livrado dele mesmo após sair daquele maldito apartamento.

- Você... lembra onde eu guardei o laudo do hospital... - quebro o silêncio e me xingo mentalmente pela minha voz estar fragilizada.

- Acho que você deixou no meu quarto quando dormiu lá na primeira noite e eu guardei nas minhas coisas - ele responde calmo e me abraçando tentando me passar essa calma - Por quê?

- Já passou da hora de eu denunciá-lo... - respiro fundo e me viro ficando de frente para ele - Eu preciso fazer isso para me livrar dele de vez.

- Se você tem certeza disso, eu vou estar lá com você - o garoto diz na minha frente olhando nos meus olhos - Quer ir agora?

- Pode ser amanhã? - respondo me aconchegando no peito dele - Me sinto exausta e só quero ficar deitada aqui com você.

- Tudo o que você quiser, gatinha - ele deixa um beijo na minha cabeça e se ajeita comigo ali na cama - Vamos amanhã antes de ir para a academia e depois do almoço tenho ensaio.

- Combinado.

Junto nossos lábios de maneira calma. Queria mostrar para ele que eu estava bem, mas a realidade é que por dentro eu estava uma pilha de nervos. Ainda não acreditava que ele foi capaz de mandar aquela carta falando coisas absurdas e ainda esperar que eu voltasse para ele.

Deitada no peito de Sam prometi a mim mesma que, mesmo que eu e o Samuel não acabassemos juntos, eu iria dar meu máximo para me manter firme e determinada. Eu continuaria pensando em mim.

Um bom tempo depois, notei que o garoto tinha caído no sono. Eu tinha noção que não dormiria com facilidade essa noite. Então, me levantei com calma para não acordá-lo e desci escutando algumas vozes na cozinha, era Johnson e Nate.

- Boa noite, meninos - digo deixando um beijo na bochecha de cada e indo fazer um chá.

- Uau, você está péssima - o moreno falou dando um sorriso de lado.

Eu reviro os olhos e mostro o dedo do meio para o garoto que dá risada e me puxa para um abraço enquanto a água esquentava.

- Tá tudo bem? - o loiro pergunta com certo receio.

Clave de Sol - Sammy WilkOnde histórias criam vida. Descubra agora