Ally Jones

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Samuel abriu e fechou a boca algumas vezes como se tomasse coragem para falar comigo ou repensasse nas palavras que usaria. Ele estava com a parte perto dos olhos mais arroxeada provavelmente pelo soco que tinha recebido do Nate, pelo que eu fiquei sabendo por mensagem. Fiz um sinal para ele permanecer em silêncio e me aproximei dele mantendo uma boa distância entre nós.

- Não quero ouvir suas explicações e suas desculpas... - respiro fundo para falar tudo que precisava - Na verdade, não quero ouvir mais nada de você, Samuel. Sei que não tínhamos nada mas não acho que foi justo o que você fez, não dessa forma.

Ele tenta falar e me tocar, mas eu nego com a cabeça e dou um passo para trás mantendo a distância. Eu precisava ser firme e forte nesse momento.

- Pensei que o que tínhamos era recíproco, mas me enganei - falo olhando no fundo dos olhos dele - E ta tudo bem ou pelo menos vai ficar... Eu preciso pensar em mim agora e por isso eu vou embora.

Samuel me olha surpreso e parecia triste, mas eu não poderia deixar eu me enganar novamente.

- Vou seguir um sonho meu, por mim mesma - minha voz começa a ficar mais embargada mas eu ignoro - Me equivoquei em sair de um relacionamento para outro, em não dar tempo para eu mesma. Não ache que não sou grata pelas coisas que fez por mim e que me ensionou, porque eu sou. Foi uma boa música, mas ta no momento de uma nova clave de sol - dou um sorrisinho de lado - Tá na hora da borboleta sair do casulo e usar suas asas para voar sozinha, entende?

Samuel concorda com a cabeça quieto. Se eu o conhecesse totalmente diria que ele estava triste, bravo e puto. Mas eu não o conheço como imaginava.

- Obrigada, Samuel... - digo baixinho depois de respirar fundo e vou em direção ao elevador sem olhar para trás.

Não tinha tempo para me arrepender e nem queria fazer isso. Queria sair da cabeça para cima, grata por esse tempo mas ciente que agora eu teria que focar em mim.

Conhecer a verdadeira Allessia Jones e não a garota que se tornou dependente.

Assim que a porta do elevador se abriu, dei de cara com o Maloley. Sua sobrancelha estava um pouco inchada e ele estava com um corte na boca, mas mesmo assim quando me viu, sorriu e me puxou para um abraço.

- Melhorou, Zé Gorfinho? - ele pergunta zoando com a minha cara.

- Tirando a leve dor de cabeça, estou bem - me afasto do abraço mas continuo com as mãos no ombro dele - Como você tá? Por que brigou com ele?

- Samuel mereceu - ele deu de ombros - Mas fique tranquila e depois a gente se resolve, ele também sabe que mereceu.

- Preciso contar uma novidade para todos - digo mudando de assunto não querendo falar sobre Samuel.

- Vamos lá na piscina, estão todos la - ele diz já me puxando para o local - Temos que pedir algo para a senhorita comer também.

Sorrio e concordo. Era muito fofo o jeito que Nate se preocupava e cuidava de mim. Eu ia sentir saudades dele, mas sei que realmente precisava de tempo e espaço para mim.

Quando chegamos na piscina, Maloley chamou atenção de todos que se reuniram em torno de uma mesa, até a chata da Tana. Pedi um hambúrguer com fritas para mim e o moreno quis me acompanhar.

- O que vocês querem? - Tana perguntou impaciente.

- Com você nada, gata - falo pegando uma batata - Pode voltar a fazer o que estava fazendo.

- Ok ok, sem mais brigas - Johnson falou segurando a loira na cadeira dela - O que queria nos falar?

- Ah sim, vamos ao que interessa! - sorrio voltando a ficar animada - Vou ir embora hoje, vou para Chicago!

- O que?! - praticamente todos falaram juntos.

- Você passou? - Dino perguntou se levantando.

- Sim! - digo super animada e levantando para ser abraçada por ele.

- Puta que pariu! Você é foda, Less! - ele me aperta - Não vai se livrar de mim, entendeu? Eu vou ir te visitar!

Dou uma risadinha e concordo com a cabeça. Explico para eles o grande motivo por de trás dessa mudança repentina sendo abraçada por todos em seguida, menos por Nate que estava sentado ainda pensativo. Agradeci ao Gilinsky e ao Johnson pelo tempo que deixaram eu ficar na casa e por tomarem conta de mim esse tempo, disse também que iria dar uma última passada lá para pegar o resto das minhas coisas. Logo em seguida eles começaram a bagunçar falando que tinham que comemorar. Na verdade, era só mais uma desculpa para eles expulsarem o clima estranho da briga e beberem mais ainda.

Me sento perto do Nate e dou uma batata na boca dele. Ele da um sorrisinho e come mas continua meio tristonho e pensativo. Dou uma leve ombrada nele e pergunto:

- Hey, o que foi? Ta tudo bem?

- Você vai por causa dele? - ele pergunta na lata olhando para mim.

- Não, Nate... - respiro fundo - Eu vou por mim, porque preciso fazer algo por mim mesma sabe? Preciso me desapegar um pouco do que eu sinto pelos outros e pensar em mim. Me conhecer melhor e amar a mim mesma antes de qualquer coisa.

- Se é por esse motivo, eu fico feliz por você - ele abre um sorriso e segura a minha mão - Não quero que vá para fugir disso, de Samuel... Mas não é por ele, tudo bem, eu vou ter que viajar mais para Chicago pelo jeito.

- Vou adorar te receber lá - sorrio e o puxo para um abraço.

Volto a comer com o garoto me acompanhando e eu não parava de sorrir vendo o quão boa foi essa fase da minha vida e o quão empolgada eu estou com o que está por vir. Era uma pena Samuel não estar por perto, apesar de não querer conversar com ele, são os amigos dele que estão aqui e ele fez parte dessa fase também.

Subi com Nate para arrumar minhas coisas. O garoto mais atrapalhava do que ajudava, mas a companhia dele sempre é bem vinda. Quando tudo estava pronto, desci com as malas e todos estavam lá esperando para se despedir. Samuel não estava lá. Com a ajuda de Matt e Nate, coloquei as malas na van e abracei um por um.

Deus, como eu ia sentir falta deles e dessa bagunça todos.

Anne me abraçou dizendo que estava muito orgulhosa de mim e me fez prometer que continuariamos conversando sobre tudo. Matt foi o penúltimo a me abraçar, me esmagou tanto que jurei que quebraria um dos meus ossos. Me separei dele escutando a promessa de logo iríamos nos ver. Nate me abraçou por um bom tempo, foi um abraço confortável, ele me desejou boa sorte e disse que esperava mensagens minha. Alem disso, disse que se eu precisasse de alguma coisa, poderia contar com ele.

Entrei na van com os olhos cheios de lágrimas. Era difícil ir mesmo sabendo que é o certo a se fazer. Acenei para todos eles e a porta se fechou, quando o carro começou a se mover, Sam apareceu correndo mas para mim era tarde demais. Era hora de seguir com meu sonho e deixar essa ferida para trás.

É momento de saber quem é a verdadeira Ally Jones.

The End

Notas da autora:

vcs leriam uma continuação? uma segunda temporada?

penso em postar aqui uma descrição da história para ver se interessaria vocês :)

Clave de Sol - Sammy WilkOnde histórias criam vida. Descubra agora