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TAMARA

FLASHBACK

Scott revirou os olhos pela terceira vez e eu bufei!

— Pare de implicar! — Eu o censurei um pouco divertida.

— Que futilidade! — Ele exclamou e eu franzi o cenho.

Tínhamos acabado de sair de um restaurante. E, na saída, vimos dois jovens adolescentes com demonstrações bem animadas de afeto. Foi engraçado, e até bonitinho, vê-los declarando o amor eterno que sentiam.

Ou, que pelo menos, achavam sentir.

Nessa idade, todos nós temos nosso amor que juramos ser pra sempre. Alguns têm sorte de realmente terem encontrado um amor duradouro. Outros... aprendem que não foi dessa vez!

Só não estava entendendo a chateação do Scott.

— Por que diz isso? — perguntei interessada.

— Essa coisa de ficar falando "eu te amo" para qualquer coisa ou pessoa!

— Ainda não entendi seu ponto!

Scott suspirou. Estávamos caminhando em direção ao seu carro no estacionamento.

— Sei lá... nem eu sei qual é meu ponto!

A curiosidade brotou com força. Meu radar de descoberta apitando como louco.

— Nunca disse eu te amo pra alguém?

Scott me olhou de soslaio e retrucou:

— Minha mãe conta?

— Definitivamente, não!

— Então... não. Nunca falei isso pra alguém.

Fiquei e não fiquei surpresa com sua declaração. Eu sabia que Scott era todo racional e fora de sentimentos românticos, por isso não me surpreendi tanto. Mas é difícil imaginar que alguém na sua idade nunca tenha declarado um sentimento assim tão importante.

O que me levava a perguntar se ele também nunca tinha ouvido um eu te amo. Isso era simplesmente solitário demais.

— Você já, não é? — perguntou meio como uma afirmação.

— Sim. Mas, o que realmente te incomoda na frase, Scott?

Chegamos perto do seu carro e ele encostou na porta do motorista. Eu encostei ao seu lado e admirei a noite. Estava frio, mas estávamos bem agasalhados.

— Sei lá. Parece que pegam algo importante e ficam distribuindo assim... sem muito merecimento.

Arqueei as sobrancelhas. Agora eu estava chocada com sua afirmação. Scott estava dando importância ao sentimento que sempre menosprezou: o amor.

— Como assim? — perguntei, tentando demonstrar indiferença.

Mas meu coração estava começando a acelerar o ritmo.

— Minha mãe uma vez disse que ao pronunciarmos essa frase ela tem que ser como uma promessa. Algo que tem que ser levado muito a sério. — Scott falou e deu de ombros. — Dizer isso muitas vezes, para muitas pessoas, faz com que a promessa seja quebrada e remendada várias vezes, não acha?

Ele perguntou e me olhou. Eu estava tão atordoada com suas palavras que demorei um tempo para encontrar minha voz. Acenei rapidamente concordando.

— Parece que você tem razão.

— Minha mãe!

— É, parece que sua mãe tem razão. — Me corrigi divertida. Depois o sorriso se perdeu, mas sentia minha pulsação forte. — Então... quando um dia você disser essa frase...

Minha Promessa (DEGUSTAÇÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora