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TAMARA

— Chegou quando de viagem? — perguntei, após alguns minutos só caminhando em silêncio pelo jardim. — Sua mãe disse que você e seu pai estavam em uma viagem.

— Acabamos de chegar.

— Se tornou mesmo um homem de negócios, hein? — Voltei a observar seu jeito de se vestir: típico empresário.

— Sim — respondeu, dando de ombros. — É a vida. Me preparei muito para ser quem eu sou agora.

— E é feliz?

Erik pensou um momento e depois deu um aceno afirmativo.

— Sim. Sou feliz assim.

Erik era uma das poucas pessoas que seguiam, fielmente, o caminho que os pais traçavam e era feliz com isso. Scott era um exemplo vivo do contrário, como ele mesmo tinha me dito uma vez, não suportava viver de um jeito totalmente diferente do que ele queria.

Mas... o que Scott estava fazendo em minha cabeça agora mesmo?

— E você? Está feliz? — A voz do Erik me ajudou a voltar a realidade. — O bebê nasce quando?

Fiquei um tempo calada sem saber qual das perguntas eu responderia.

— Ahh, sim, estou feliz, mesmo com as circunstâncias. E minha filha vai nascer daqui seis meses, aproximadamente.

— Uma menina? Parabéns.

— Obrigada — agradeci, orgulhosa.

— Nem sabia que você tinha se casado.

Sorri, sem graça. Aí estavam as perguntas constrangedoras.

— Não me casei.

Erik me olhou, surpreso, e depois se desculpou. O que aumentou meu embaraço.

— Desculpe, Tantan... eu não sabia.

Abri a boca para dizer que estava tudo bem, mas me surpreendi com o que ouvi.

Tantan? Sério? Pelo amor de Deus, Erik, nunca mais me chame assim. — Gemi, frustrada.

Eu odiava esse apelido. Tantan era horrível e eu estremecia sempre que era chamada assim na adolescência. Erik abriu um sorriso gentil e eu me toquei que ele estava quebrando o clima para algo mais leve. O que me deixou agradecida.

— Nada saiu como eu planejei. Estou solteira e grávida — falei, amargamente. — É a vida.

— Sabe, Tamara, o fato da vida não ter acontecido do jeito que sempre sonhou, não significa que não pode ser feliz.

— Eu sei. Eu estou feliz — afirmei, passando uma mão em minha barriga.

Minha gravidez era de risco, o pai do meu bebê estava nos rejeitando e, pra completar, minha mãe corria risco de morte com o aparecimento de um tumor maligno, mas, fora esses contratempos, o sentimento de gerar uma vida era magnífico.

— Bom, só pra acrescentar, você está linda grávida.

Corei um pouco. Receber elogios estando com uma pequena bolinha na barriga era algo agradável.

— Obrigada.

— Como é morar em Vancouver?

Começamos a conversar sobre nossas vidas, nossas casas, nossos empregos... E quando percebi, já tinha se passado tempo demais.

— Preciso ir, Erik. Estou cansada.

— Tudo bem. Eu te acompanho até sua mãe.

— Você a viu quando chegou?

Minha Promessa (DEGUSTAÇÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora