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Tamara

FLASHBACK

— Onde você se vê em cinco anos? — Scott perguntou, e eu o fitei.

Deite-me de lado para ficar de frente pra ele e respondi:

— Casada e com, pelo menos, um bebê a caminho!

Ele fez uma careta e tenho a impressão de que até estremeceu. Eu sorri e devolvi a pergunta:

— E você?

Ele suspirou e passou uma mão pelo rosto. Seus olhos se fixaram no teto e logo depois ele me respondeu.

— Não vejo muita mudança em minha vida. Está bom do jeito que está.

Franzi os lábios em desgosto, mas não falei nada. Eu não podia imaginar como ele estava feliz com a vida tão solitária que tinha.

Estávamos saindo há algum tempo e eu já o conhecia um pouco.

Sabia que não tinha contato com nenhum familiar. Aliás, a única vez que tocou nesse assunto foi para contar que seu pai o tinha deserdado porque ele abandonou a faculdade. Claro que achei um absurdo um pai fazer isso, mas Scott não quis se aprofundar na conversa.

Quanto aos amigos acho que ele poderia enumerá-los em dedos de uma só mão. Os médicos Liam e Paul, do hospital onde trabalho e um treinador da própria academia. Claro, ele era muito conhecido na cidade, uma vasta rede de conhecidos, mas somente esses três era com quem ele mantinha mais contato.

Como ele poderia estar satisfeito com uma vida assim?

— Você já tentou resolver as coisas com seu pai?

— Não tenho nada pra resolver com ele. — Scott suspirou, chateado.

— Acho um pouco exagerado essa reação dele só porque você largou a faculdade.

— Não foi só isso. — Ele passou a mão na cabeça, nervoso. Quando eu ia mudar de assunto para não estragar o clima, ele falou: — Eu tentei abandonar a medicina no primeiro ano e ele ameaçou me afastar da minha mãe. Então, me deixei levar por suas ameaças e voltei pra faculdade. Mas eu realmente odiava aquilo. Sentia que estava perdendo tempo fazendo algo que eu não suportava. No ano seguinte, eu criei coragem e larguei tudo. Além disso, peguei o dinheiro de uma pequena poupança que ele tinha aberto pra mim. Ele queria que esse dinheiro fosse usado pra abrir uma clínica, quando eu me formasse. Eu o usei para abrir uma academia e conseguir me sustentar. Ele ficou furioso.

Eu estava tão surpresa por ele estar me contando sobre o pai que não consegui falar nada.

— Minha mãe também se chateou com minhas ações. E, mais tarde, eu vi que agi errado. Anos depois, quando eu abri mais duas academias, e o retorno financeiro estava nas alturas, consegui devolver o dinheiro que tinha pego dele. Mas o estrago já estava feito. Nunca mais nos falamos. Mas com a minha mãe eu ainda tenho contato, nos falamos por telefone algumas vezes.

Meu peito doeu por sua situação. Não vejo como uma pessoa pode ficar afastada dos pais dessa forma. Scott deve se sentir solitário, mesmo que não admita. Família é importante pra qualquer pessoa, não importa as diferenças e problemas que enfrentam.

Ele respirou fundo, ainda olhando para o teto e perdido em seus pensamentos, e o movimento do seu peito atraiu meus olhos. Não cansava de admirar o corpo de Scott. Sem querer deixar esse momento mais pesado, pensei em algo para distrair seus pensamentos de seus problemas familiares.

Meus olhos rastrearam cada músculo definido de sua pele bronzeada, até que suas tatuagens prenderam minha atenção. Nunca fui fã de homem com tatuagens, mas tudo no Scott parecia ficar bem demais.

Minha Promessa (DEGUSTAÇÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora