𝐂𝐚𝐩𝐢́𝐭𝐮𝐥𝐨 𝟏

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O palácio estava agitado.

Pessoas correndo para arrumar os preparativos para a grande festa onde os nobres iriam finalmente conhecer a Conjuradora do Sol e presenciar suas habilidades.

Muitos estavam céticos em relação a Sankta - como costumavam me chamar -

Eu os entendia, muitas vezes também duvidava de mi mesma.

Era mesmo real?

Não conseguia me livrar da sensação de que tudo não passava de um sonho, e que quando menos esperasse iria acordar na minha antiga barraca no acampamento do Segundo Exército, com os demais cartógrafos.

Como a festa seria apenas ao anoitecer, eu aproveitava o meu pouco tempo livre.

Ria com Nádia em meu quarto de uma história que Marie contava.

— Entrei em pânico — disse a Infernal, ainda com um sentimento de culpa — nunca quiseram ficar comigo.

— E por isso colocou fogo nele? — perguntei enquanto recuperava aos poucos o fôlego.

— Mas foi um acidente.

— Os Aeros precisaram jogar ele no lago — relatou Nádia.

— Então ele foi incendiado e quase afogado? — estava me divertindo com a história — você causou uma boa primeira impressão.

Vimos o rubor nas bochechas de Marie.

Mas as risadas cessaram com a entrada de Genya no quarto, junto de uma serva do Palácio.

— Oi, Genya — comprimentou Nádia e Marie gentilmente.

— Não tem preparativos para checar? Não vamos querer o General falando no nosso ouvido se alguma coisa der errado hoje.

Sem graça, as duas se despediram e saíram do quarto.

— Graças aos Santos eu cheguei na hora — disse Genya ao olhar o penteado que as Etherealki haviam feito em mim.

— Até que elas me deixaram bonita — apontei ao me olhar no espelho.

— Você perdeu toda a noção... — com um simples gesto da Artesã, meus cabelos se soltaram, caindo graciosamente pelos meus ombros.

— Sobre aquilo que me pediu, não há notícias do Maly — lamentou Genya

— Não precisa mais me atualizar, tem outras coisas com o que se preocupar.

— Você nem faz ideia... — respondeu Genya enquanto mexiam dos frascos de sua grande maleta de ferramentas de trabalho. — A Rainha Tatiana, Vossa Alteza mandona esquece completamente que eu preciso dormir. Acordou de madrugada e exigiu que retocasse seu rosto antes do resto da equipe chegar.

Enquanto falava, Genya pegou uma pétala de flor de sua maleta e com seu dedão deslizou pelos meus lábios, os deixando da cor da pétalar.

— Se você quiser, eu posso cega-lá na demonstração de hoje, sem querer é claro — brinquei

Genya tirou um besouro azul morto de suas coisas, fez uma careta e disse:

— Para que isso? — Genya me ignorou e analisou meu rosto com atenção, passando logo em seguida o dedo sobre minhas pálpebras, as tingindo de azul.

— Eu não me importo, na verdade — disse Genya, voltando ao assunto da Rainha — Isso costuma deixar o olhar do Rei voltado para ela, pelo menos até o anoitecer...

Eu entendi o que Genya quis dizer e sem dizer nenhuma palavra, lhe lancei um olhar que dizia: sinto muito.

Genya analisou melhor e optou por tirar o pigmento azul e pegou um grande anel preto com detalhes prata o colocou no meu dedo médio.

𝐭𝐡𝐞 𝐬𝐮𝐧, 𝐦𝐨𝐨𝐧 𝐚𝐧𝐝 𝐞𝐜𝐥𝐢𝐩𝐬𝐞Onde histórias criam vida. Descubra agora