Prólogo
Olivia Rodrigo POV
American Music Awards, 21 de novembro de 2021.
Patética
Essa é a palavra perfeita para me definir no momento ou pelo menos para definir a situação em que me encontro, escondida no banheiro do American Music Awards chorando por um cara idiota que não merece as minhas lágrimas, mas infelizmente por mais que a parte racional do meu cérebro saiba que ele não merece o meu sofrimento, a outra parte está em controle agora, então sei que tentar impedir as lágrimas de continuarem escorrendo pelo meu rosto seria tão inútil quanto tentar parar um rio de transbordar em meio a uma tempestade torrencial.
Respiro fundo mantendo o controle da minha crise de choro a deixando o mais silenciosa possível, pois consigo escutar o barulho de passos e vozes indistintas dentro do local e eu não quero que alguém me ouça. O barulho de uma porta sendo aberta e fechada é a última coisa que escuto antes de o silêncio tomar conta, abro os meus olhos e relaxo um pouco as minhas mãos que estavam fechadas fortemente para que assim eu não sucumbisse ao instinto de levá-las até o meu rosto limpando as lágrimas que continuam caindo, se fizer isso só vou acabar arruinando ainda mais a maquiagem que foi feita em mim para o evento.
— Chega Olivia, você precisa se recompor e sair desse banheiro.
Eu e a minha mania de falar comigo mesma em voz alta, minha psicóloga já deveria ter atestado a minha insanidade no meu primeiro mês de consultas. Há pouco tempo atrás esse pensamento teria me feito rir ou ao menos esboçar um sorriso, mas faz três dias, desde que o término aconteceu, que ninguém consegue me fazer sorrir.
— Vamos lá, esses seis meses tiveram mais momentos ruins do que bons e ele não merece você, chega de chorar por esse imbecil.
Respirei fundo outra vez enquanto repasso a conversa iluminadora que tive com a minha mãe ontem à noite sobre o término do meu namoro, ela nunca gostou dele então não foi uma surpresa para mim a sua aceitação tão rápida e as suas várias maneiras de afirmar que eu era boa demais para ele, eu amo a minha mãe.
Tendo as sábias palavras de conforto da mulher que me deu a vida preenchendo a minha mente, eu finalmente consegui saí de dentro da cabine do banheiro depois de ter passado mais de quinze minutos ali, fui direto até a pia vendo meus olhos inchados, o rímel borrado, as minhas bochechas coradas e a ponta do meu nariz vermelho, pelo menos a base usada é boa porque claramente sofreu um dano bem menor do que eu estava esperando diante da minha crise de choro.
Quando eu pensei em fechar a porta principal do banheiro para me dar um pouco de privacidade enquanto concerto o pequeno estrago que o choro fez no meu rosto, a última pessoa que eu esperava ter que falar hoje entrou no cômodo. Eu não fazia ideia de que ela estaria aqui também, o destino tem essas coisas de gostar de nos surpreender mesmo quando não pedimos né.
Eu não via a Sabrina pessoalmente desde o final das gravações da segunda temporada de High School Musical, na única vez em que ela esteve no set de gravação, e não falo com ela há meses. Eu sempre a admirei como artista, mas nunca fomos amigas e mal tínhamos trocado três palavras antes do circo midiático que surgiu após o lançamento de Drivers License acontecer.
Após o lançamento do meu primeiro álbum eu tomei a coragem de lhe mandar uma mensagem, consegui o seu número através de amigos que temos em comum na indústria, os mesmos amigos que me avisaram que seria perda de tempo tentar entrar em contato com a Sabrina através de qualquer rede social, porque segundo eles agora são as pessoas que trabalham para ela que cuidam das suas redes.
Foi uma conversa bem curta e pontual, diria até que um pouco formal, pedidos de desculpas foram trocados com ambos os lados afirmando que as desculpas não eram necessárias e que a necessidade patológica da mídia e de certos fãs de colocar mulheres uma contra as outras deve ser sempre ignorada. Nunca me arrependi de ter tido essa conversa com a Sabrina e sei que cada palavra que trocamos foi sincera, mesmo assim não consigo evitar o nervosismo estando sozinha com ela.
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Begin Again
RomanceTalvez a gente não precise esperar por uma outra vida para sermos amigas, talvez tudo que a gente precise é de um recomeço nessa. Shortfic Obs: A arte da capa é do livro Azedo da Nina Melga.