6- Valsa

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POV MON:

Sinto as mãos da Sam em meu rosto, o nosso beijo é simples e suave, a sensação é como se o meu corpo estivesse tomando um choque muito forte e várias borboletas estão voando em meu estômago, as batidas do meu coração e minha respiração estão totalmente desreguladas. Mas por que será que sinto isso? Já beijei outras pessoas, mas nunca senti isso, além disso, não estou apaixonada por ela, esse sentimento é muito estranho e confuso. De repente, ela se se afasta lentamente e me recordo que estamos no meio de uma multidão de repórteres e fotógrafos, todos eles estavam com olhares de surpresa e choque com o que viram.

-Por que estão assim? Não posso beijar a minha noiva? - Seu tom de voz era de raiva e ironia.

-Me desculpe pela grosseria dela, mas respondendo a pergunta de vocês, o nosso casamento não é arranjado. Nós somos muito discretas e estávamos com receio de como as pessoas iriam receber esta notícia, principalmente por nossa diferença de idade e por sermos um casal formado por duas mulheres. - Coloco minha mão na cintura dela e apoio minha cabeça em seu ombro, ela retribui fazendo carinho em minhas costas, provavelmente ela está sentindo o meu nervosismo e o meu coração batendo rápido.

-Vamos entrar, meu amor? Você está com uma carinha bem cansada. - Ela se vira e eu faço o mesmo, nós ficamos frente a frente novamente, vejo ela levantando sua mão para fazer um carinho em meu rosto.

Sam sempre aparece nos momentos em que estou mais frágil e é como se tivéssemos um imã que sempre nos une. E ela estava certa, nos últimos dias não conseguia dormir pelos pesadelos que estava tendo do acidente que matou a minha mãe, eu estava com memórias embaralhadas com a morte dela e do meu pai, a cada dia que passava o  mesmo pesadelo conseguia ser pior do que os anteriores. Com tudo isso, eu preferiria ficar acordada para evitar todo esse sofrimento.

-Vamos sim, venha comigo. - Pego sua mão que estava no meu rosto e entrelaço nas minha. - Muito obrigada, pessoal! A entrevista acabou, não responderei mais nada por enquanto. - Os repórteres saem rápido, pois pareciam constrangidos demais por estarem vendo Sam e eu demonstrando afeto em público.

Nós entramos dentro do castelo e eu solto um suspiro demorado, essas entrevistas sempre são longas e invasivas, elas sempre me esgotam muito. Olho para Sam, ela estava com uma feição preocupada, parecia que ela queria falar algo, mas não falava.

-Você está bem, Sam? - Sorrio para ela fingindo que está tudo bem.

-Mon, o que aconteceu com você? - Ela me pergunta com uma voz embargada e com lágrimas nos olhos.

-Nada, está tudo bem comigo, Sam. - Minto para ela.

-Se está tudo bem com você, por que você está tão magra e com o olhar tão cansado? - Droga, ela percebeu.

-Por que não falou mais comigo por mensagem depois daquele dia? Você disse que iria voltar e não voltou. - Tento mudar de assunto.

-Eu fiquei com vergonha porque pensei que você iria achar chato e que eu estava te incomodando. - Ela fala isso com um tom de tristeza.

-Não precisa ficar com vergonha, Sam. Achei a nossa conversa engraçada e você nunca irá me incomodar. - Dou um pequeno riso enquanto me lembro das mensagens.

-Mon, eu sei que você fez essa pergunta para mudar de assunto. Se você não se sente bem em compartilhar o que aconteceu com você, eu não irei te forçar a falar. Mas pelo menos você me promete que irá se alimentar e dormir bem? - Sinto sua mão apertando um pouco mais a minha.

-Não sei se conseguirei te prometer isso, mas eu tentarei dormir e me alimentar melhor. Isso já é suficiente para você, Sam? - Ela seca as lágrimas e balança a cabeça falando um sim bem baixinho.

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