Epílogo

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Pov Wednesday

Inspirei fundo e esfreguei levemente os meus olhos, adentrando a cozinha da singela e aconchegante cabana de madeira. A madrugada estava se encerrando, contudo, a escuridão ainda se mantinha presente do lado exterior.

Eu apanhei um dos potes herméticos sobre o balcão e o abri, sorrindo fraco com o intenso aroma dos grãos negros.

Separei dezoito gramas e os depositei sobre o recipiente do meu moedor, aproveitando para borrifar uma essência sobre os grãos, antes de ligar a máquina.

Assisti enquanto o processo era feito e dei um riso contido ao me lembrar do dia em que adquiri aquele equipamento. Forá apenas dois meses depois de nossa discussão sobre a pintura em minha sala.

Enid enlouqueceu quando soube sobre o valor milionário de seu quadro, mas eu consegui contornar a situação, enaltecendo a obra e prometendo que iria a consultar antes de fazer outra compra de preço alto.

Então, me aproveitei do natal e o usei como pretexto, perguntando a minha esposa se poderia adquirir um conjunto IKAPE de equipamentos para café, evitando falar a respeito de dinheiro. E ela permitiu.

Fiquei uma noite no quarto de visitas depois que a Sinclair soube sobre o valor. Entretanto, felizmente, minha mulher não conseguia dormir sem mim, alegando que a cama parecia grande e fria demais.

Fui desperta de minha mente ao escutar o sinal, indicando que tudo foi processado, e encaixei o recipiente sobre o porta-filtro, o retirando e apanhando um agitador, antes de fazer movimentos suaves com o mesmo sobre o café.

Utilizei um distribuidor e prensei o conteúdo com um calibrador, por fim, depositando uma pequena tela de disco dentro do porta-filtro e o encaixando em minha máquina.

Quando satisfeita, organizei meus equipamentos e apanhei leite, creme de leite, chocolate, açúcar e canela, iniciando uma nova receita.

Primeiramente, despejei os líquidos dentro de uma panela quente, depois o açúcar, me certificando de dissolve-lo por completo. Então, acrescentei as gotas de chocolate ao perceber o fervor, mantendo a atenção sobre para não as queimar, e coloquei uma pitada de canela, esperando a bebida engrossar.

Depositei o chocolate quente dentro de uma caneca e peguei minha xícara de café amargo, seguindo a varanda e me sentando em uma cadeira de balanço.

Apreciei o sabor de minha bebida e mantive minha atenção sobre as arvores escuras, que se inclinavam de leve quando a brisa batia contra elas.

Cerca de cinco minutos depois, a porta se abriu lentamente revelando a minha linda garota, a qual, vestia um de meus casacos e me fitava meio sonolenta.

Sorri com paixão e abri meu braços, apertando a Sinclair contra mim no instante em que ela sentou sobre o meu colo, se encolhendo em meu peito.

Lhe dei sua caneca de chocolate, recebendo um murmúrio agradecido, mas preguiçoso. A Sinclair havia tomado um banho comigo, buscando dispersar o seu sono, mas não surtiu muito efeito.

De todo modo, permaneci inspirando o seu perfume e deixando beijos carinhosos sobre os fios dourados de minha esposa.

Vez ou outra, lhe roubando um selinho singelo, nos momentos em que minha mulher me fitava manhosa.

Poucos minutos depois, devolvi as louças para a cozinha e apanhei uma simples mochila, abandonando a cabana e encontrando uma Enid ansiosa.

Eu dei um riso encantado, estendendo minha palma, a qual, foi aceita de bom grado e entrelacei nossos dedos, adorando a maneira como até o simples encaixe de nossas mãos era perfeito.

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