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O sol fica cada vez mais gélido dando um clima gostoso para assistir um filme retrô, faço uma pipoca e um brigadeiro para acompanhar a história. Um dos meus filmes preferidos, a história do soldado romano impacta muito, nos levando a refletir sobre a vingança.
No meio da cessão sou interrompida pelo estralar da campainha, mesmo sem minha vontade abro a porta e dou de cara o Leo e sua cara de cachorro sem dono. 

 — Garota você me deu um susto. — fala se sentando no puff de chão e apenas reviro os olhos e bato a porta atrás de mim. 

— Menino nem te conto, pensa em um homem carinhoso. — levo uma pipoca na boca — ele super me respeitou, apelidei ele de soca fofo, como dizem: não sei o que significa, mas ele combina perfeitamente com o apelido — falo sincera para ele que capta a mensagem no ar — e o homem é podre de rico, se vingar posso dizer que ganhei na loteria. 

 — Um rico na balada de pobre? 

 — Acontece. — dou os ombros e encaro os olhos dele que expressa confusão, como se nada nesse mundo fosse possível — ele vem de outro país, e arrisco chutar México. 

— Como soube que ele é mexicano? — ergue a sobrancelha terminando de lamber o sal da pipoca, o mesmo já inclina o corpo para pegar o meu preciso brigadeiro. 

— Como eu disse, não sei é apenas um palpite. Bom a menina que me ajudou perguntou de tipo de café eu queria, se era o brasileiro ou mexicano e acho que isso já diz tudo. 

 O silêncio volta a reinar a agradeço ao universo por isso, coloco o restante do filme para rodar, a cada minuto mando o menino calar a boca. Vinte minutos se passam e decido ir me arrumar para encarar mais uma noite de trabalho, uma mochila com kit sobrevivência é o suficiente para deixar Leoncio cuidando da casa, me despeço dele e saio batendo a porta. 

Minha limusine com espaço para trinta e cinco pessoas atrasa mais de dez minutos como sempre, respiro fundo antes de entrar imaginando a quão cheia estará, mas graças ao bom céu isso não acontece. O melhor do horário que trabalho é isso não pego trânsito e encontro um lugar para mesentar, exceto finais de semana. Encaro a viagem de uma hora e meia, olhando o trajeto feito pelo busão e refletindo sobre minha vida. Alguns flashes vêm em mente e deixo o choro tomar conta de mim, mas assim que chega ao meu destino trato de me recompor. 

— Boa noite, quando terminar de atender no caixa, fica no estoque o pessoal precisa de ajuda para organizar a prateleira, aproveita que o movimento está baixo. — o supervisor me encara com o sorriso no rosto esbanjando a simpatia — por uma boa causa, por favor. 

— Tudo bem. 

Suspiro cansada e vou atender as ordens que me é passada, adentrando no fundo das lojas percebo uma movimentação diferente. Como se tivesse escolha aceito a minha função de organizar as prateleiras, canto a música que toca de fundo procurando deixar a atividade mais prazerosa. 

— Este de aquí es Catarina, nuestra mejor empleada — a gerente da loja fala chamando minha atenção, deixo de mexer nas coisas para olhar para ela e o homem que está a minha frente — esse aqui é o dono, o senhor Esteban Martín ele quer escolher pessoalmente o próximo funcionário de cada setor a subir de cargo. 

— Hola! — ele fala formalmente como se nunca tivesse me visto na vida, sem vergonha nem parece que eu estava em tuas pernas ontem — falo mais ou menos o português, pero espero harcelo bien durante esse mês. —ele fala com sorriso no rosto, misturando as duas línguas acho engraçado, pois ainda ontem estava falando perfeitamente a nossa língua. 

— Gracias. — falo a única palavra que sei em espanhol e forço um sorriso encarando os olhos dele passando uma mensagem que possivelmente ele não entenderá — vou me esforçar.Eles saem andando pelo espaço e acho interessante essa história, além de ser cafajeste é o dono do mercado mais comentando da cidade. Rio com os meus pensamentos e volto aos meus afazeres e pensando em uma estratégia para chamar a sua atenção e como consequência subir de cargo. 

CatarinaOnde histórias criam vida. Descubra agora