Catarina

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Rubens 

O domingo é meu dia preferido, pois trabalho durante o dia e no período da tarde, então me sobrava um pouco de tempo para ir à igreja e catar latinhas na volta para casa. Hoje também será o dia de faturar já que as baladas estão funcionando, não sei se fico triste ou feliz por morar perto de algumas.
Saio do mercado que estava agitado hoje. Caminho até minha casa na esperança de encontrar algum reciclável, quando estou no meu portão não sei o porquê me sinto como se estivesse uma pessoa me olhando, olho em volta que nem nos filmes de ação, mas não vejo nada e nem ninguém, única coisa que tem é um bando de doido desesperado para entrar na casa de show.

 "Ela precisa de você, cuide dela que ela precisa de mim e eu preciso dela. Tenho planos para vocês dois." 

Outra vez esculto essa frase em minha consciência e reviro os olhos, não sei de quem é que está falando e estou começando a perder a paciência. Quando finalmente entro em casa tomo um banho rápido e abro a bíblia e leio a passagem marcada: provem e vejam como o senhor é bom. Como é feliz o homem que nele se refugia. O livro de Salmos é um dos meus preferidos e queria que todos tivessem a oportunidade de conhecer o nosso Deus. 

Lembro que nessa semana os meus dias de trabalhos tem sido divertido ao lado de Cat, ela é engraçada e debochada, mais ao mesmo tempo é séria e esforçada. A baixinha deveria ganhar um aumento ou ser promovida porque faz de tudo um pouco, literalmente a ungida não tem descanso merecido. Só de pensar nela meu coração acelera e erra batida, o que será que está havendo pelo amor de Cristo.Em meu coração volta a mesma frase, mas ainda não descobri quem é que tenho que cuidar, respiro fundo e volto a dormir. 

Estou em lugar bem bonito o meu coração emanava uma felicidade que é capaz de contagiar as pessoas ao meu redor. O Espírito Santo se fez presente neste lugar. Andei em meio ao jardim comtemplando a decoração e os pés de frutas que nunca tinha visto na minha vida, quando estou preste a tocar em uma delas uma voz me chama. 

— Ela precisa de você meu filho. — a voz é como um trovão, ao mesmo tempo tão suave que pode ser comparado com um algodão. 

— Ela quem? Por favor me fale, eis-me aqui Senhor, por favor não me deixe sem uma resposta. Vou até ela, mas me mostre quem é. 

O ambiente muda diante de meus olhos, vou para uma casa que é terrivelmente longe da minha, ela parece ser escura ali não tinha alegria,tudo é apertado, mas comparado ao lugar que moro era imenso. Então eu a vejo, Catarina, mas porque será que sua casa anda tão triste e tão sem cor, mal via os móveis ou a parede a casa é regada por uma escuridão, as trevas moram com ela e ela nem faz ideia. Vejo ela com um homem que nunca vi na vida, seus atos eram libidinosos me faziam ficar com vergonha, o beijo que o homem negro dava nela me causa nojo. Quando eles começam a tirar a roupa fecho os olhos me poupando dos detalhes e em nenhum momento vi a cara do sujeito.

Depois de minutos abro novamente e vejo ela indo na balada que novamente é longe, o sorriso em seu rosto não brilha, dá para ver a angustia em que sofria os homens na qual manda mensagem e respondem não apagava aquele buraco em seu peito. Mais uma vez fui teletransportado o dia e o local não me é estranho, a vejo numa fila e lembro na hora da fila da casa sertaneja que tem ao lado do meu lar, era ela que me olhava, eu me senti observado por ela. O dia volta um pouco onde fez uma declaração. 

— Eu queria mudar de vida sabe? — declarou após compartilhar ao que parece uma decepção — me deitar com os caras é legal para uma porra, mas deitar todos os dias com a pessoa que você gosta não há preço. 

Seus pensamentos eram meios conturbados, fecho os olhos e tudo some... 

Acordo e me sento na cama rapidamente, minha respiração é ofegantecomo se estivesse terminado uma corrida. Encaro a escuridão do meu quarto sendo quebrada pelas luzes dos postes que insistem em invadir. Pego meu celular e vejo que já são três da manhã, não consigo mais pregar os olhos e acabo saindo para o quintal e ver a lua, ela brilhava de forma intensa. Os meus olhos caminharam até a balada e vejo uma multidão de gente saindo e do meio dela vejo Catarina, ela estava sem blusa o que dava para ver a peça preta de sutiã, e sua calça estava com manchas vermelhas assim como o seu cabelo bagunçado. Corro até ela para ajudar e pelo visto o amigo foi embora mais cedo, já que ela está sozinha e assim que me reconhece abre um sorriso de canto. 

— Me leva daqui, por favor. — A voz arrastada denuncia que está bêbada.

— O que aconteceu? — pergunto envolvendo uma das minhas mãos em sua cintura e as dela veio em meu pescoço, tudo que Deus faz tem um propósito e vou alcançar a alma dessa garota, não para mim, mas sim para o Rei.

 Levo a moça para a minha casa e coloquei ela no sofá, acordei minha mãe e mostrei a menina descabelada, ela se assustou abafando um grito fino. 

— O nome dela é Catarina, essa menina é especial para Deus... — contei tudo a ela os sonhos até as falas, os seus olhos encheram de água ela disse para eu preparar algo para comer enquanto ela leva a menina para o pequeno banheiro, pois não dá para eu banhá-la apesar de estar morrendo de vontade de fazer isso. 

Em nossa mesa coloco um prato com alguns biscoitos de água e sal, e um chá de hortelã pois faz bem para o sono, escuto a água do chuveiro cair junto com o barulho estranho o que me preocupa e entre ir ver o que estava acontecendo e não ir escolho fazer uma oração pela morena, quando tudo fica tranquilo ambas aparecem na cozinha.

— Obrigada, você me salvou. — ouço a voz de Catarina, olhei para ela e ela beija minha bochecha — você é um anjo. — senta-se em minha frente.

— Não foi nada, come um pouco deve estar com fome, me conte o que aconteceu?

— Amanhã, pode ser? Eu realmente preciso descansar esse domingo não foi fácil.Concordo com ela apoiando minha cabeça em minhas mãos deixando o corpo meio inclinado, após o "lanche" acabar eu a deixo em minha cama e me deixo no sofá.