Preocupações

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Já estava quase no início da noite quando meu pai e Alessandra chegaram. Os dois pareciam extremamente cansados. Meu pai, como era de seu costume, assim que chegou, jogou sua maleta a um canto e sentou-se no sofá.

- Olá, meninos. Estou expirando cansaço. Já descobriram o problema, mas enquanto não restauram os dados perdidos temos que refazer todo o trabalho que é de imediato. - disse ele, então olhou para mim. - Como você está Eliza?

- Estou ótima, pai. Melhorei bastante, desde á tarde.

- Que bom. - suspirou ele aliviado.

- O que houve, Eliza? - me perguntou a voz de Alessandra que, se eu não estivesse prestando atenção, não notaria de tão baixa.

- Tive só um pouco de febre, efeitos da gripe. - respondi sem olhar para ela.

- Você tomou seu remédio habitual? - ela me perguntou e eu tive de virar para me certificar de que fora ela quem dissera. Seu lindo rosto estava levemente enrugado.

- Tomei, sim. - disse esboçando um pequeno sorriso para ela. Me virei novamente.

- Tome um suco de fruta, é bom...

- Eu já tomei, Alessandra, obrigada. - respondi calmamente, olhando para a TV, embora ela estivesse desligada. Alessandra não tornou a falar e, quando eu me atrevi a olhar discretamente para trás um minuto depois, vi que ela tinha saído da sala. Com um peso enorme no coração, eu me lembrei de umas noites atrás e do pedido que ela me fizera. Todos os outros três estavam estranhamente quietos e, quando eu levantei com pretexto de beber água, senti a atmosfera de acusação na sala. Eu sabia que não aguentaria mais uma situação daquelas, já estava aturando muito ultimamente. Meu pai passou por mim em direção ao seu escritório e eu voltei para a sala.

Miguel estava quieto, escrevendo em seu caderno de capa preta. Vicky estava sentada de pernas dobradas no sofá, lendo um livro. Os dois estavam apenas esperando Clóvis chegar para irem ao seu "curso" rotineiro, tormento de Miguel e felicidade de Vicky. Peguei o telefone na mesinha ao lado e disquei o número de Rafael. Uma chamada, duas chamadas, três, quatro... Eu estava prestes a desligar quando finalmente atenderam.

- Alô?

- Oi, Magna. É a Eliza. - disse.

- Oi Liza. Diga, querida.

- O Rafael está?

- Não, sinto muito. Ele acabou de sair. - disse.

- Ãhn, certo.

- Quer deixar algum recado?

- Não, obrigada Magna.

- Tchau, querida. - desapontada, desliguei o telefone. Sem mais nada para fazer, fiquei tamborilando o dedo na mesinha. Distraída, um som repentino se fez ouvir e Miguel tirou do bolso seu minúsculo aparelho celular.

- Verônica. - ele saudou. Vicky não ergueu os olhos de seu livro. - Acalme-se, pois eu não entendi nada. - falou ele suavemente. Ele deu uma pausa e de repente sua voz ficou tão alarmante que Vicky ergueu os olhos. - Não! Eu... Não soube... - ele pausou de novo, sua expressão mostrava terror. - Fique calma, eu estou indo aí. Não se preocupe, é rápido. - disse e desligou o aparelho.

Miguel olhou para Victória e disse: - A casa foi invadida.

- Quê? - exclamou Vicky.

- Eu não sei direito como aconteceu, Verônica está apavorada. - disse olhando para nós duas. - Ela disse que foram cinco, não ouvi direito. A polícia já está lá, mas os caras estão espalhados por toda propriedade.

O irmão de minha irmãOnde histórias criam vida. Descubra agora