You give me hope

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Uma mão áspera me guiava pela escuridão. Estava com medo e queria gritar por Miguel, mas não podia. A venda em meus olhos me impossibilitava de ver e a fita adesiva em minha boca de falar. Assim como a corda em minhas mãos, dolorosamente, não deixavam eu me mexer.

Fui jogada contra uma parede e cai sentada. Senti outro corpo ao meu lado e soube que era Miguel.

- Ai estão eles, Nenci. Os filhos de Márcia Agostini. - disse a voz de um dos homens.

- Hum... Confesso que achei que vocês não iriam conseguir. Estava errada. - falou outra voz, agora feminina, que logo reconheci. Era ela, a mulher loira que me parara em uma noite de meses atrás.

- Espere... Esta não se parece - a voz da mulher foi sumindo.

Mãos retiraram a venda de meus olhos levando junto alguns fios de cabelo. Meu grito de dor foi suprimido.

- Essa não é a filha de Márcia Agostini! - gritou a mulher em fúria comparando meu rosto com uma foto em sua mão. - Seus burros! Idiotas! Não viram que não era ela? - Eu me encolhi ao ver a expressão aterrorizante no rosto da mulher. Foi estranho ver os dois brutamontes fazerem o mesmo.

- Burros! - Ela foi até Miguel e também tirou sua venda, em seguida a fita de sua boca. - quem é essa?

- Não façam nada com ela! - ele gritou.

- De onde você conhece essa garota? Quem é ela? - exigiu saber a mulher.

- Eu não a conheço. Ela não importa para mim, nem para minha mãe. Podem soltá-la - gritou ainda mais, desesperado.

- Então... Ela não importa para você, certo? Acho que não renderia alguns milhões. Ela é descartável... - a mulher tirou do bolso do casaco uma arma e apontou para mim. Eu apertei os olhos.

- Não! - gritou ele desesperado.

- Acho que a resposta é sim. - disse e eu me atrevi a abrir os olhos. Ela já guardara o instrumento mortal.

A mulher chamada Nenci se aproximou de Miguel e abaixou-se ao seu lado.

- Não sei se está lembrado de mim... 6 anos de cadeia não me fizeram muito bem.

- Você? - disse Miguel subitamente.

- Nenci, está lembrado? Eu estou lembrada de você. Embora tenha mudado muito... Era só um garotinho quando nos conhecemos, não? - disse casualmente, alisando o rosto de Miguel. - Agora. - ela sorriu vagamente - já não é tão garotinho assim. É uma pena o fim que possa lhe caber...

Miguel virou a face, visivelmente enojado.

Nenci se recompôs.

- Qual seu nome, garota? - disse se virando para mim. Tirou a fita de minha boca.

Com a voz rouca pela mudez e fraca pelo medo, respondi: - Eliza. Eliza Rodrigues.

- Vou guardar este nome. Vamos precisar para mais tarde. - falou, então se virou para os dois homens. - Olhem estes dois aí. Tenho pendências para resolver.

Parei para analisar o lugar onde estava. Parecia uma grande garagem suja e mal iluminada. Com caixotes e tiras de madeira por todo lado. Um depósito, talvez. Tinha um sofá encardido e uma televisão minúscula em cima de uma das caixas. Mais atrás, uma porta por onde Nenci havia saído.

Os dois homens se sentaram ao sofá que reclinou sob o peso deles. Um deles ligou a TV onde passava um filme qualquer.

- Estou com medo, Miguel. - disse, sentindo as lágrimas caírem compulsivamente.

O irmão de minha irmãOnde histórias criam vida. Descubra agora