Capítulo 1

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Aviso/Gatilhos: Bebida alcóolica, machismo e baixa autoestima (tudo muito sutil).
Contagem de palavras: 2.700


Brianna Weber



A festa não era nada daquilo que eu esperava. Regalias chiques como as que vi na internet não chegavam aos pés do que acontecia aqui. Quero dizer, um evento no nível dos Vingadores já é nome o bastante para mensurar a magnitude dessa noite.

E eu só conseguia pensar: devia ter colocado lentes de contato.

Ajeitei o vestido, que estava justo demais, resultado da má alimentação que venho levando nos últimos meses, e tentei sorrir, mesmo que não tivesse tantos motivos para isso.

Não é que eu não goste de festas, pelo contrário, acho que elas têm papel fundamental no que dizem sobre desenvolvimento social e, sei lá, relações íntimas?

Mas festas de trabalho não eram bem algo que eu apreciava. E tudo piora quando você é nova naquilo, quando não está à vontade, quando as únicas pessoas que você conhece são: seu chefe e os outros três programadores da sua equipe.

É por isso que festas assim não são legais. Pelo menos para mim. Ser nova numa empresa é difícil. Ser a garota do TI numa empresa é difícil. Agora ser uma garota nova do TI que trabalha para os Vingadores torna tudo mais complicado ainda.

Então resolvi me esconder no bar, aqui no cantinho do balcão, dividindo a companhia de uma parede, a qual estou encostada, e um copo grande, com uma dose dupla de uísque puro.

Tinha visão de quase todo o salão, o que me passava segurança. Era um lugar grande e elegante, onde as pessoas conversavam, jogavam sinuca, a música não era nada como as festas que fui obrigada a frequentar na época da faculdade. E estava na meia luz, o que eu agradeci, pois se estivesse um pouquinho mais escuro, não conseguiria enxergar nada.

Vi um dos desenvolvedores da minha equipe apanhando na sinuca para alguém que eu não conhecia, o nome dele é Elliot e foi o mais gentil comigo até agora. Seu cabelo ruivo cacheado caía na testa e era adorável a forma que ele jogava para o lado. Eu acabei sorrindo quando ele encaçapou a bola branca, fazendo seu jogo zerar.

Desviei o olhar vendo alguns agentes que vi pela instituição, era esquisito ver eles sem o uniforme, com a postura relaxada, as mulheres estavam maquiadas e com o cabelo solto, enquanto os homens usavam camisetas e não tinham armas evidentes.

Algumas pessoas acenaram para mim enquanto passavam, acenei de volta mesmo sem saber seus nomes ou funções. Talvez estivessem sendo educados, ou pior, talvez me reconhecem do andar do TI. Essa opção era assustadora, pois, convenhamos, não sou uma pessoa muito sociável.

Tentei arrumar melhor o vestido preto grudado, mas aquilo não melhoraria, a não ser que os meses que pulei à academia viessem magicamente para minha barriga, ao invés dos salgadinhos e biscoitos que tem sido minha principal fonte de alimento ultimamente.

Virei meu uísque e acenei para o garçom, pedindo outro, seria meu terceiro e último da noite. A resistência para a bebida é algo que herdei da extensa lista de parentes da família Weber -minha família- que gosta bastante de encher a cara. Era tradição nas festas, principalmente as de final de ano, competições de quem bebe mais cerveja, quem vira o copo mais rápido e no final, sobrava para minha tia enfermeira dar glicose para todos nós. Falo no coletivo porque também já tive minha fase de bebedeira, então mesmo apreciando uísque, não bebo com frequência.

Mas hoje era uma exceção.

Elliot Alencar, o programador ruivo da minha equipe, veio até o bar e me viu ali. Ele ajeitou os cachos, se sentou no banco ao meu lado e pediu um drink.

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