Capítulo 3

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Avisos/Gatilhos: machismo, um pouco de baixa autoestima, um pouco de ambiente profissional hostil (sempre tudo muito suave)
Contagem de palavras: 4.645



Brianna Weber



Tem uma coisa que não te contam sobre a vida adulta. Digo, há muitas coisas que não te contam, mas a mais válida para mim é que os dias não tem trinta horas. Eu queria que tivessem, ah como eu queria! Com trinta horas eu poderia reservar vinte minutos para tomar um banho descente e colocar uma roupa limpa para ir trabalhar com uma aparência adequada.

Mas como o dia não tem trinta horas, o máximo que consegui foi usar um enxaguante bucal e prender o cabelo num coque alto, chamar o uber e torcer para que ninguém reparasse no meu estado deplorável de preservação.

As roupas eram as mesmas do dia anterior e cheiravam a vinho, percebi isso assim que entrei no carro. Meu celular foi usado como espelho enquanto eu limpava como dava o borrado da máscara de cílios, usando um pouco de saliva como demaquilante. O motorista me olhou horrorizado pelo retrovisor.

Nem se eu me esforçasse ao máximo, ia conseguir ficar apresentável o suficiente, por isso desisti no meio do caminho. O motorista pareceu aliviado quando sai do seu carro, o que me fez cheirar as axilas apenas para ter certeza que eu não estava fedendo a este ponto.

Como de costume, fui primeiro ao refeitório do prédio, pegando uma grandíssima dose de cafeína, com açúcar em excesso, tudo que pudesse me manter acordada. E eu estava lá, criando coragem para ir para minha sala, quando uma voz grave me chamou.

— Lady Brianna.

Ele estava atrás de mim, o que me dava vantagem. Vantagem em arregalar os olhos sem ser notada e em poder beber um gole exagerado da minha bebida quente demais. Praguejei audivelmente quando o líquido fumegante tocou a ponta da minha língua, a queimando de imediato.

Merda. -Murmurei.

— Perdão? -Voltou a falar a voz.

Tinha esperanças de que se eu ignorasse, ela poderia sumir. Digo, talvez eu tenha ouvido coisas, mas, mesmo que estivesse muito bêbada quando o conheci, vozes graves e títulos como lady não são fáceis de esquecer.

Me preparei para girar nos calcanhares e cumprimentar quem deveria ser a pessoa mais... atraente seria um termo ousado, mas diria que a pessoa mais bonita? Talvez isso.

De qualquer forma, a visão de Thor não era nada com qual eu pudesse estar preparada. Ele sorria largo, tantos dentes perfeitos e brancos que fazia eu me questionar se os dentistas em Asgard são melhores. E me fez lembrar também que havia séculos que eu não visitava um.

— B-Bom dia. -Consegui cuspir as palavras.

Eu devia fazer uma reverência? Não fiz quando o conheci, seria essa uma falta de educação tremenda? Ele era um príncipe, afinal. Ou melhor, um deus!

— Vossa Alteza. -Adicionei quase de imediato.

Comecei a me curvar, mas parei antes que pudesse ser mais constrangedor, já que o rosto dele se contorceu numa careta.

— O que está fazendo? -Perguntou surpreso.

— Eu não sei. -Admiti. – Desculpe.

Ele sorriu de novo, parecia alguém que gostava muito de fazer isso. A pele de Thor, agora que pude ver em uma iluminação que definitivamente era melhor que a luz baixa daquela festa, era bronzeada. Um bronzeado de dar inveja, como se ele passasse tempo demais ao sol, tanto tempo que mal conseguia se lembrar da cor natural de sua pele.

GOTTA BE YOU | Thor OdinsonOnde histórias criam vida. Descubra agora