Segunda taça

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Olá! Antes tarde do que nunca, capítulo novo para vocês! Esse capítulo tem várias quebras de tempo, e eu sinto muito por isso, mas eu não queria estender muito sem necessidade. De toda forma, boa leitura!

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Chuuya não era o exato maior fã de trabalhar com a Agência, mas ordens diretas do líder da Máfia não poderiam ser contrariadas. Foi por isso que, quando uma mulher de cabelos coloridos e de alta estatura apareceu no escritório dos detetives procurando por ajuda, ele estava lá, também, apenas esperando pela verdadeira missão.
Toda a sua devoção à Mori Ōgai, porém, não o impediu de suspirar em pura irritação quando finalmente descobriu com quem estaria trabalhando naquela tarde. Era muito tarde para voltar ao seu apartamento e desfrutar de um bom vinho enquanto assistia alguma série idiota na televisão?
"Um cachorro?" Dazai perguntou, totalmente desgostoso com o que sua missão se tratava. "Quer que procuremos um cachorro?"
"Ele não é qualquer cachorro, ele é o meu Momo!" A mulher reverberou em resposta. "Ele sumiu faz alguns dias. Devem tê-lo pegado ou alguma coisa assim. Por favor, você precisa encontrá-lo." Disse para Osamu diretamente, ignorando a presença do ruivo a menos de dois metros de distância.
"Bem, senhorita..." O moreno continuou, ainda sem vontade de lhe fazer o que era pedido. "...nós somos uma Agência para casos importantes." Ela estava prestes à respondê-lo da maneira mais grossa possível, quando ele prosseguiu. "Mas, se ainda quiser o cachorro — o que não faz sentido, — o Atsushi-kun pode fazer o serviço e—"
"Não!" Ela praticamente gritou. "Tem que ser você! Q-Quer dizer..." Se corrigiu depois de receber um olhar questionador e estranho de todos os próximos suficientes para ouvir o que dissera. "B-Bem... é que... os seus casos são sempre muito bem resolvidos, n-não é? Quer d-dizer... E-Eles dizem isso... p-pelo menos..." Osamu a teria encarado em confusão se já não tivesse entendido o que estava acontecendo ali; afinal, ele mal trabalhava, como poderia ser reconhecido por isso? Era apenas mais um caso de uma cliente querendo atenção do "detetive mais bonito", como o chamavam (e ele concordava, mesmo que o resto de seus colegas de trabalho não o fizessem).
O ex-mafioso sorriu, tendo um plano em mente. "Já que insiste..." Ele chegou perto da moça para que ela o ouvisse apenas com um sussurro. "Vou achá-lo, para você. E se eu descobrir que alguém o pegou, vou fazê-lo pagar, tudo bem assim?" Ela apenas assentiu, como se estivesse hipnotizada demais para reagir de qualquer outra forma. "Ótimo!" Se afastou com uma espécie de sorriso travesso no rosto. "Vamos, Chuuya!" Puxou o homem mais baixo pelo braço, o levando até a porta. Antes de saírem ele parou e olhou mais uma vez para a mulher, mandando um beijo no ar em despedida.
Quando os dois finalmente saíram do prédio, Atsushi sussurrou para o homem loiro ao seu lado. "Dazai-san não tem medo de morrer, né', Kunikida-san?"
"Seria ótimo se Chuuya conseguisse socar um pouco de vergonha na cara dele." Mas, ao se lembrar dos acontecimentos recentes e da briga acontecida ali mesmo, entendeu que ninguém conseguiria fazer isso.

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"Certo, Chibi, agora o resto é com você." O moreno disse despreocupado, saindo da rota certa para ir a qualquer lugar, menos procurar o animal. "Quando encontrar aquele negócio, você me avisa."
"Ei, ei, ei! Pode parar aí, Mackerel!" Agarrou a gola da camisa dele, o arrastando consigo. "Você vem comigo procurar o cachorro. Não vai se livrar dessa."
"Mas—" Ia protestar, entretanto o olhar mortal que recebeu o fez desistir. Não que tivesse medo do Nakahara, só sabia que era melhor não deixá-lo bravo. Pelo menos por enquanto, porque sua verdadeira intenção ao ajudar a moça era o irritar. "Tá, tá..."
A busca, em suma, não durou muito, graças aos esforços que vinham unicamente do membro da Máfia. O animal foi encontrado perto da residência de sua dona, o que ajudava a provar que era tudo uma armação, como os dois bem sabiam desde o início, ela apenas queria atenção. De qualquer forma, tendo encontrado o que procuravam, restava voltar para a Agência e terminar as coisas.
Chuuya teve que carregar o pequeno Momo, simplesmente porque seu parceiro no caso não queria fazê-lo. O ruivo sabia bem o quanto o outro desgostava de cachorros, e era engraçado vê-lo se afastar do pobre bichinho.
"Sério, como você consegue gostar dessas coisas?" Reclamou ao ver o homem mais baixo fazer carinho no pelo claro e sorrindo para si, com isso. Ele não tinha raça, aparentemente, o que apenas aumentava o amor alheio pelo bichinho. Algo que o mais velho nunca entenderia era o fascínio pelas tais criaturas de quatro patas.
"Não são 'coisas', idiota." Sequer olhou para ele enquanto falava. "E o problema está em você, é impossível não gostar deles." Continuou o carinho quando percebeu que estava sendo muito bem recebido.
"Falando assim, parece que você gosta mais dele do que de mim." Fez uma cara de nojo quando viu o filhote colocando a língua para fora.
"Uau! Para um detetive, você demorou pra' entender!" O fitou, divertido. Pensou em chamá-lo de "Sherlock", mas seria uma ofensa para o respeitoso personagem de Conan Doyle.
"Chuuya!" Todavia, o mais novo não se importou com a lamúria alheia, muito pelo contrário: se o ex-executivo da Máfia estava incomodado, então aquilo o deixaria feliz.
"Como aquelazinha pôde te deixar lá, só, no relento, sem comida nem nada?" Perguntou para o cachorriho, forçando a voz como se falasse com um bebê, deixando Osamu incrédulo. "Pobrezinho... Eu poderia cuidar de você muito melhor." O pequeno ser pareceu concordar, pelos seus latidos animados. "Isso mesmo. Quem é o bom garoto, em? Quem é o— Ei, Dazai! O que está fazendo?!"
O mais alto tomou-o de suas mãos, fazendo uma careta de desgosto; era um "sacrifício" necessário, o importante era afastar seu namorado daquilo. "Chega, Chibi! Você não pode preferir essa coisa!"
"Já disse que não é uma 'coisa'!" Impôs. "Me devolva!"
"Não!" Para sua felicidade, não houve muito mais insistência, e eles percorreram os poucos quilômetros até a Agência em um silêncio confortável. Vez ou outra acabavam se esbarrando de leve, e a ideia de que poderiam ter andado de mãos dadas caso ele não estivesse segurando o bichinho apenas o fez odiá-lo ainda mais. Ah, o destino conseguia ser cruel com ele...

Cinco taças de vinho e uma de vinagre - SoukokuOnde histórias criam vida. Descubra agora