Capítulo 5

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   Uma das primeiras coisas que vem em minha mente é, será que minha família já ficou sabendo dessa palhaçada? Torço com todas as minhas forças para que não, os Ferraris não muito conhecidos por sua compreensão, temos muitas qualidades, mas demonstrar empatia pelos membros da família não está entre elas. Minha mãe fará um inferno em minha vida assim que por os olhos nestas noticias, Agatha Ferrari é uma mulher implacável e o fato de um seus filhos estar relacionado a alguém da concorrência seria motivo o suficiente para uma das tenebrosas reuniões familiares com o time de relações publicas e incontáveis horas de sermões de como isso afeta a empresa. Além do maior fator de todos a minha entrada para a Scuderia, já era difícil de mais provar que eu merecia o meu lugar no time sem ter Riccardo ligado a minha pessoa.          

Meus pensamentos são interrompidos quando um forte estrondo vindo do andar de cima do meu apartamento. Ouço portas batendo e a não ser que alguém tenha invadido meu apartamento é Laura quem está fazendo todo o barulho. De repente ela surge aos tropeços descendo a escada em uma velocidade que não sabia que ela era capaz de se mover. Minha melhor amiga começa a falar enquanto tenta recuperar o ar.

- Isabela! - ela diz esbaforida. 

- ISABELAA! Você tem que ver isso!! - ela para e respira mais um pouco. - Saiu uma matéria, não, saíram varias matérias sobre o seu namoro. - Laura fala - Eu honestamente não sei o que esta acontecendo com a mídia hoje em dia, até parece que você ia querer namorar aquele cara.  - Nesse momento ela finalmente nota a presença de Daniel em nossa casa e passa e me encarar de uma forma confusa. - Espera aí, então é verdade ? Você tá namorando e não me contou!? Não. Pior, você está namorando ele e não me contou. - Ela fala em um tom de desprezo que sempre usamos quando falamos de Ricciardo. 

- Nunca recebi tanto amor, meninas. - Ele diz com sarcasmo.

Laura olha para ele e depois me encara ainda confusa e a entendo. Nunca escondemos nada uma da outra, temos níveis de  intimidade que tenho certeza que assustaria algumas pessoas, ás vezes até parece que dividimos o mesmos cérebro. Nos conhecemos na adolescência e desde então vivemos tudo juntas desde o primeiro beijo a primeira ressaca. Lembro-me de quando tínhamos dezesseis anos e achamos um cara que fazia tatuagens em menores de idade e simplesmente decidimos que iriamos tatuar, e eu fiz "No Matter What" e ela fez " No Matter Where", nossas mães surtaram, mas não estávamos nem ai porque sabíamos que teríamos uma a outra para sempre e nada mais importava. Então eu entendo a confusão no olhar dela, pois se realmente namorasse alguém ela seria a primeira a saber.   

- Que bom que está se sentindo amado em nosso lar, essa era mesmo a nossa intenção. -  Respondo a ele e me volto a Laura e digo. - Definitivamente não é o que parece amiga. Você acha que namoraria com ele, serio mesmo? Isso até me ofende Laura. 

- O que ele faz aqui então? - Pergunta ela - Porque tenho certeza de que não foi convidado.

- Estou começando a sentir que vocês tem algo contra mim. - Ele fala.

- Não que temos algo contra, é só que não temos nada a favor. - Eu falei enquanto pisquei um olho para ele. Viro-me para Laura e começo a me explicar. - Ele veio aqui por conta das noticias que estão saindo sobre nós, ele pensou que a melhor maneira de espantar esses rumores é trabalhando juntos. E por incrível que pareça eu...

- Vai, pode falar. Não vai doer tanto assim. - Ele diz

- Eu... eu... eu concordo com ele. - Falo rapidamente.

- Viu só bruxinha nem doeu. - Diz ele em tom carinhoso.

  Mostro meu dedo do meio para ele e caminho novamente até a sacada para mostrar a Laura o alvoroço que está acontecendo em frente ao nosso prédio, não mudou nada desde a hora que Ricciardo me mostrou pela primeira vez. Sinto arrepio pelo corpo, não era isso que eu queria que virasse noticia sobre mim. Sou a primeira engenheira chefe da Scuderia Ferrari, era para eles estarem falando sobre isso e como isso é um marco importante para o automobilismo e para as mulheres no esporte, mas em vez disso estão falando sobre o meu envolvimento inexistente com Daniel. Laura me traz de volta a realidade quando fala.

- Não querendo discordar dos pombinhos, mas os rumores não vão ficar piores quando virem ele saindo no nosso apartamento, porque no estado que as coisas estão lá em baixo é impossível ele sair daqui sem ser visto. 

   Eu e ele nos entre olhamos e ficamos em silencio por um tempo. Como é que não pensamos nisso ou melhor como ele não pensou nisso antes de vir até a minha casa, os rumores já estão a todo vapor com as pessoas inventando ter nos visto juntos se ele realmente for visto saindo do meu apartamento já era, nunca vamos conseguir desmentir essa história. De repente ''Don't Blame Me'' da Taylor Swift começa a tocar, é o celular da minha melhor amiga e para piorar que está ligando é o meu irmão. Ela joga o celular para mim como se ele fosse uma bomba prestes a explodir e eu o jogo de volta da mesma maneira, ficamos nessa por um tempo até ela finalmente se irritar e atender.

- Alô. Oi Francesco. - Ela fala em um tom irritado. Lau e meu irmão não se dão muito bem, sempre fazem de tudo para irritar um ao outro. - Sim, ela está. Sim, Francesco eu posso passar para ela. - Ela me passa o telefone enquanto faz uma cara de vômito.

- Oii Fran, eai tudo bem com você? - Falo da forma mais despreocupada possível. 

- Será que pra você atender a porra do seu celular Isabela. Estou te ligando a horas e você que eu odeio ter que ligar para a sua outra metade. - É assim que ele se refere a Laura, porque apesar de sermos gêmeos eu e ela somos tão ligadas quanto nós dois. - E não me venha com essa tudo bem. Você por um acaso viu os sites de fofoca hoje?

- Sim, Francesco eu olhei.

- E?

- E o que irmãozinho?

- É verdade o que estão falando? Você tá mesmo namorando o Danny? - Meu irmão e Daniel não são tão próximos assim para que ele use do apelido, mas acho que amizades entre homens funcionam de um jeito diferente basta um olhar e um aperto de mão e pronto já são amigos.

- Olha só eu não te devo explicação alguma. - Falo de maneira grossa.

- Bela, você sabe que eu odeio brigar por telefone. Então faz o favor e fala para o seu porteiro liberar o seu irmão favorito para eu poder brigar com você pessoalmente.

- Você esta aqui no meu prédio?

- Sim irmazinha, e deixa eu te contar uma coisa está uma loucura aqui em baixo.

- Eu mesma desço e libero você. - Falo rápido e desligo na cara dele antes que ele tenha chance de falar mais alguma coisa. Viro- me para Daniel e digo. - Você precisa ir em bora agora. Meu irmão é pior que todos os sites de fofoca juntos se ele te ver aqui não há chance sairmos dessa. Vem comigo vou te levar pela saída dos fundos.

  Antes que ele tenha tempo de pensar em uma resposta já o estou empurrando para fora do meu apartamento em direção a saída de incêndio. Temos que descer vinte andares de escada, nunca achei que estivesse em má condição física, mas depois de descer todas as escadas começo a me questionar sobre isso, Daniel não parece nem um pouco abalado o que só me irrita mais. Quando finalmente chegamos ao térreo estou mais perto da morte do que jamais estive, Riccardo nota esse fato, mas é esperto o suficiente para não comentar nada. Assim que avisto a porta de saída falo.

- Foi um prazer imenso ter a sua companhia por esse tempo, mas chegou a hora de você ir em bora.

- Tenho certeza que você vai sentir muito a minha falta.

- Pode apostar. - digo.

   Assim que abro a porta dos fundos fundo para que ele posso sair sinto um puxão no meu braço e flashs de câmeras começam a piscar. Daniel empurra os paparazzis de volta para a rua e puxa para perto. E nessa hora penso que está tudo perdido, eles finalmente tem uma foto nossa juntos e a partir de agora os rumores só vão ficar piores de desmentir.         



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