Heart Racing

Capítulo 12

    Assim que saio do hotel de Ricciardo sou atacada por paparazzis, puxo meu casaco para cobrir meu rosto ao mesmo tempo que a enxurrada de perguntas se inicia. Sinceramente não sei como eles conseguem, rastrear as pessoas e ainda assedia-las com vários questionamentos. Tento manter-me focada em achar onde deixei o carro estacionado, eles vão me acompanhando durante todo o percurso pondo flashs em meu rosto, sinto-me atordoada com toda essa confusão ao me redor, quero só chegar logo em casa para poder deixar esse dia infernal para trás. Antes que eu consiga ligar o veiculo e dar o fora daqui mais perguntas são lançadas para mim todas ao mesmo tempo.

- Como você e Daniel se conheceram?

- Vocês planejam morar juntos?

- Como vocês lidam com o fato de estarem em equipes rivais?

- Como sua família reagiu ao namoro? Eles ficaram muito surpresos?

- Então quer dizer que o seu relacionamento com Charles Lecclerc chegou ao fim?  

   A última pergunta me pega desprevenida. Eu e Charlie tivemos aquele tipo de namoro vai em vem, ouso dizer que passamos mais tempo em nosso relacionamento terminados do que juntos. Nos conhecemos na adolescência, quando ele e meu irmão ainda corriam na formula 4, gostaria de dizer que foi amor a primeira vista, mas foi longe disso. Passei boa parte dos meus quinze aos dezesseis apaixonada por ele, e, obviamente ele nem notava a minha afeição por ele, ocupado de mais pensando sobre automobilismo ou  seja o que garotos pensam. Charlie e eu só começamos a namorar quando fiz dezoito e ele entrou para formula 1, acho passamos seis meses juntos antes do nosso primeiro termino, juro, chorei como se tivesse perdido um membro da família, e depois de todo esse sofrimento voltamos a ficar juntos em duas semanas. Terminamos novamente quando eu fui para a faculdade, ficava muito complicado conciliar nossos horários e decidimos que era melhor assim, mas ainda ficávamos esporadicamente quando nos víamos. E tivemos nosso último termino em fevereiro desse ano, descobri que durante nosso termino de uma semana ele havia transado com Kennedy Walsh, e isso foi a gota da água para mim, Charlie até tentou se explicar, mas, honestamente eu já não aguentava mais nossas idas e vindas, e decidi que seria melhor assim.

   Ligo o carro e não espero nenhum deles sair da frente, estou ficando sem paciência para toda essa perseguição. Acelero em direção a minha casa, sentindo o vento em meus cabelos encaracolados, aproveito para ligar o rádio e para minha surpresa está tocando One More Night, sinto a batida da música e danço enquanto dirijo. Desfruto desse momento para fingir que minha vida não está um caos, que sou só uma garota normal dirigindo à noite pela cidade. Isso me lembra de quando eu era criança e desejava ter uma vida comum como os outros, sem ver minha família nos noticiários ou ter minha existência inteira voltada ao automobilismo, cheguei até a odiar o esporte por um período de tempo na infância, como se ele fosse o culpado por tudo que dava errado na vida de meus parentes. No fim entendi que era isso que nos unia, isso fazia de nós uma família, apesar das perdas era por ele que vivíamos, e sendo bem franca não tenho ideia de que seríamos sem ele.

   Vou chegando perto de meu prédio e para minha total surpresa a rua está calma, sem carros da impressa ou repórteres. Estaciono bem em frente a entrada e faço um nota mental de ligar para Fran vir buscar seu carro, isso é se ele ainda já não tiver percebido seu sumiço. Adentro o saguão e não vejo sinal  de Roberto, preciso agradecer a ele por ter deixado Daniel entrar, graças a ele minha vida está uma bagunça. Ok, talvez eu esteja exagerando, mas preciso de mais alguém para culpar além de mim mesma e Daniel. Eu não tenho a menor de ideia de como vou começar a explicar isso a Laura, ela certamente vai achar tudo uma loucura, principalmente depois de eu ter negado veementemente meu namoro com Ricciardo.    

   Destranco a porta para entrar em minha casa, está tudo surpreendentemente silencioso e a não ser que tenha surgido uma festa de última hora era para Lau estar em casa. A sacada está aberta, o vento entra deixando todo o apartamento em clima agradável, passo pela sala e subo as escadas, o corredor está tão escuro que tenho dificuldade em achar a maçaneta do meu quarto.