THE POLICE.

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16 de novembro de 1999;

Se algum dia me dissessem que minha banda estaria passando por tudo aquilo, desde às apresentações ao contrato com a gravadora e o álbum, eu provavelmente teria gargalhado bem na cara da pessoa até ficar com falta de ar. Mas acontece que, pela primeira vez depois de muito tempo, o destino começou a realmente trazer um pouco de sorte para mim.

E tudo parecia tão real, que eu fiquei com medo. Estava bom... Estava ótimo demais para ser verdade! Fiquei com medo, nos primeiros meses. Eu cheguei a pensar que tudo não passava da porra de um delírio meu, que a qualquer momento eu seria puxada para baixo junto a todos meus sonhos porque é isso que acontece com pessoas como eu, sabe?!

Foi surreal pensar que eu poderia finalmente viver da música. Saber que estaria me encaminhando para algo que eu amava de verdade não tinha preço.

As garotas estavam no mesmo barco que eu, porque elas vieram de baixo também. É claro, Minjeong era uma situação diferente, mas não deixava de ser importante. Eu quero dizer, ela enfrentou o pai apenas para poder participar da Black Ivy, mesmo quando não tinha certeza se iríamos para algum lugar. Minjeong foi contra sua família para perseguir seus sonhos, então tudo aquilo era uma realização e tanta.

Ela não mantinha contato com seu pai, mas devido aos acontecimentos recentes, ele muito provavelmente já sabia de tudo. Não tinha como não saber, na verdade. Minjeong se encontrava com a mãe três vezes na semana, entretanto.

Senhora Kim não era como o pai de Minjeong, ela tinha consciência e parecia amar a filha. O único problema era que morria de medo do marido, então seus encontros tinham que ser todos secretos. Taeyeon a ajudava nisso, também.

Ela é uma garota legal, por isso não fiquei muito acanhada quando Taeyeon começou a nos acompanhar em nossos ensaios. Ela queria estar mais presente na vida de Minjeong, e eu ficava feliz porque isso deixava Joplin feliz. Tudo o que eu queria era ver o sorriso de Minjeong, no final de tudo.

Eu não sabia se Taeyeon sabia sobre mim e sua irmã. Quero dizer, não estávamos namorando ou coisa do tipo, mas evidentemente não éramos amigas, só que, se ela contou isso para alguém além de Miyeon, não estava em minha alçada. Taeyeon as vezes parecia saber sobre algo, porém.

Fiquei pensando que aquilo era uma vontade minha, sabe?! Eu queria que Minjeong falasse da gente para sua irmã, já que minha mãe e minhas amigas sabiam. Eu não a pressionava nem nada, nunca havia tocado no assunto, mas era algo que eu queria. Queria que Minjeong mostrasse que eu era importante para ela tanto quanto ela era para mim, mas aquele era um pensamento infundado.

Joplin jamais me apresentaria para sua família, porque, mesmo depois de tudo, eu ainda sou uma mulher e isso não vai mudar.

Aquilo me aborreceu por algumas semanas. Pensar que Minjeong estava comigo por... Conveniência. E eu fiquei triste, mesmo sabendo que eram coisas idiotas da minha cabeça.

Acontece que Minjeong gostava mesmo de me surpreender.

Num dia desses, ela apareceu na garagem de Giselle com um sorriso sapeca no rosto. Estava feliz demais, eufórica demais, e eu tentava entender.

- Falei de você para minha mãe e minha irmã. - Minjeong disse, os olhos brilhando. - Minha mãe quer conhecer você, baby.

Sentar de frente para a mãe e irmã mais velha de Minjeong em um restaurante, era algo muito bizarro para mim. Tudo bem, Taeyeon era gentil e doce, mas eu não sabia o que esperar a partir daquele momento. Não depois dela saber que eu estava... Com sua irmã.

LITTLE GIRL BLUE (WINRINA) Onde histórias criam vida. Descubra agora