JANIS JOPLIN: THE LITTLE GIRL BLUE.

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Fiquei quase sete anos sem falar ou ter qualquer tipo de contato com Minjeong. Soube que Ningning e Giselle ainda conversavam com ela, mas como ela nunca me procurou ou perguntou por mim, tive vergonha de ir atrás.

Algumas bandas conseguem resistir aos baques que a vida dá, outras não. Infelizmente, as coisas não eram e nunca seriam as mesmas para todo mundo. Nós conseguimos seguir com a Black Ivy sem uma vocalista principal durante alguns meses, Ningning e eu conseguimos segurar as pontas, mas não por muito tempo.

Depois de seis meses, anunciamos uma seleção aberta para a nova vocalista da Black Ivy. A preferência por uma vocalista que fosse asiática era tamanha, mas diversas garotas passaram pela gente até finalmente encontrarmos uma luz no fim do túnel.

Jeon Soyeon era a personificação exata de uma estrela. Ela amava atenção das pessoas que gritavam sempre que pisamos no palco, e não era tímida em deixar que soubessem disso.

Com longos cabelos pretos que caíam como cascatas por suas costas, olhos escuros e postura confiante, Soyeon era tão linda que chegava a irritar. E quando ela sorria, com as covinhas aparecendo e as sobrancelhas arqueadas, eu sabia que deixava todo mundo caidinho.

Tinha um espírito selvagem, confiante e rebelde. Quem a amava, amava para valer. Agora, quem odiava... Então odiava pra caralho! Não haviam meios termos em questão à isso.

Nós saímos da da gravadora Rothchild poucos meses depois de Soyeon entrar para banda, então criamos nossa própria marca. Foi só aí que eu soube que a música estaria para sempre comigo, independente de ter Minjeong ao meu lado ou não.

Por alguns meses, me senti uma baita de uma egoísta por seguir em frente. Parecia errado, mas minha mãe e as garotas sempre estiveram ao meu lado.

Quando Minjeong me deixou, eu sabia que não tinha condições alguma para me envolver com outra pessoa, então eu deixei estar. Eu não me casei, obviamente falando, mas acabei me envolvendo com algumas mulheres ao decorrer dos anos. Nada que me fizesse esquecer Minjeong, mas eu tentava seguir em frente.

Acho que, durante aquele tempo todo, Soyeon foi o mais próximo de um relacionamento que eu havia chegado depois de Minjeong. Não tínhamos rótulo algum, mas fazíamos sexo vez ou outra. Éramos boas amigas, no final de tudo.

O único problema é que eu tendia a procurar resquícios de Minjeong nas mulheres em que eu me envolvia. Eu sabia que não era certo, mas fazia do mesmo jeito, e Soyeon me lembrava ela em alguns momentos. Talvez fosse o jeito de ver o mundo, não sei.

- O que foi? - ela perguntou, acendendo um cigarro. - Você sempre fica assim quando conto sobre minha adolescência.

- Assim como?

- Sei lá, assim. - deu de ombros. - Nostálgica, talvez.

- Ah. É que isso me lembrou alguém... - um sorriso triste escapou de minha boca. - Alguém que eu perdi.

Soyeon ergueu o queixo, seus olhos escuros queimando minha pele numa intensidade desmedida. Quando se inclinou para frente, sorrindo atrevida, quis sentir alguma coisa... Qualquer coisa!

- Não se pode perder alguém que não é esquecido, Karina.

Ela tinha razão, de qualquer forma. E me doía ter que aceitar isso, porque eu ainda amava Minjeong depois de todos esses anos, enquanto ela estava seguindo em frente sem mais preocupações.

Se ela me odiava, faria sentido e eu a entenderia. Agora, se ela sentisse nada além de indiferença por mim, eu provavelmente decairia. Cheguei a um ponto de pensar que preferia ter o ódio dela, que nada. Isso sim era mesmo deprimente.

LITTLE GIRL BLUE (WINRINA) Onde histórias criam vida. Descubra agora