Ryujin nunca se arrependeu de ter dado uma chance para Yeonjun, o garoto se mostrou alguém de confiança, seu senso de humor era peculiar e sua mente também funcionava de uma forma única, mas depois de alguns meses de convivência passou a considerar ele como um amigo.
Aos poucos as tardes ouvindo discos de música clássica e de rock dos anos 60 passou a ser rotina para o trio, vez ou outra Ryujin conseguia roubar garrafas de vinho ou latas de cerveja de sua mãe, eles fumavam cigarros e bebiam e se sentiam subversivos.
A sua maneira estavam desafiando suas amarras, um pai fanático e conservador, um passado de violência e abusos, toda uma sociedade moralista.
Compartilhavam suas dores e suas alegrias, a cada disco que escutavam ousavam sonhar um pouco mais com a banda que idealizavam.
Yeonjun tinha uma boa noção musical, ensinou Ryujin alguns conceitos básicos da guitarra, juntos passaram a escrever algumas músicas, nada concreto de fato, mas eles sentiam que havia algo ali, se tornado mais e mais real, todas as tardes que passavam juntos dava a The Rogue um pequeno suspiro de vida.
O primeiro ensaio oficial da banda aconteceu na sala do coral da igreja, Yeonjun roubou a chave de seu pai e encontrou uma forma de levar os amigos até lá, naquele ponto Ryujin já conseguia tocar, com alguma dificuldade, sua guitarra.
Definiram que o vocal seria de Yeonjun, mas que todos poderiam fazer participações eventualmente e Felix, que não sabia nada sobre nenhum instrumento, acabou se apaixonando pelo contra baixo que fora esquecido na sala, raramente sendo usado nas apresentações do coral.
No começo eles eram péssimos, não existia ritmo, os instrumentos se atravessavam e mais atrapalhavam um ao outro do que se complementavam.
Mas o tempo - muito e muito tempo na percepção de Ryujin - deu uma sincronia invejável ao trio, eles não estavam nem perto de serem os melhores músicos do mundo, mas transmitiam juntos uma energia excepcional, do tipo que não se encontra em bandas que nascem e morrem em garagens.
Musicalmente no entanto, sentiam que ainda faltava algo ou... alguém.
Só encontraram quem faltava depois de quase um ano de ensaios árduos, na primeira noite em que Yeonjun conseguiu fugir de sua casa para ir em um show de uma banda local com seus companheiros, Ryujin e Felix fizeram tanta propaganda do pub em que frequentavam e das bandas que tocavam lá, a expectativa de Yeonjun estava nas alturas, talvez esse tenha sido o erro.
O garoto assistiu a todo o show e achou péssimo, odiou todas as músicas e para ajudar a aguentar aquela tortura sonora, ele se encheu de cervejas compradas com a ID falsa de Felix.
"Essa banda é uma merda."
"Você deu azar cara, normalmente as bandas são melhores."
"Aposto que sim."
Yeonjun sentia o corpo formigar com a cerveja, por algum motivo se sentia frustrado de forma desproporcional, o cérebro nublado já não funcionava direito.
"Se a próxima música for ruim, vou jogar cerveja neles."
Ryujin e Felix riram, inocentemente acreditando que o amigo estava fazendo mais uma das suas piadas estranhas.
Mas então a próxima música começou - inegavelmente a pior de todas - e Yeonjun apenas cedeu aos pensamento intrusivo, arremessou sua garrafa em direção ao palco, acertando em cheio a cabeça do vocalista e gritou algo como "DESCE DAI PORRA."
Ninguém lembra muito bem como foi a ordem das coisas a partir disso, Felix jura que quem deu o primeiro soco foi a namorada de um dos membros da banda, Ryujin sempre diz que foi o dono do bar que na tentativa de impedir a briga acabou desmaiando alguns clientes, Yeonjun nem tenta explicar como tudo aconteceu, sua memória acaba na garrafa arremessada.
Talvez quem melhor lembre da história real, seja Bang Chan, uma vez que ele estava sóbrio e acompanhando tudo de cima do palco, atrás de sua bateria.
Na versão dele a história começa com o guitarrista da banda arremessando uma caixa de som em Yeonjun, porém o trambolho acertou algum desavisado ao invés do alvo, e então a briga se tornou generalizada, Chan não era do tipo que brigava, mas seria errado da parte dele não usar os músculos enormes para defender sua banda - embora ele admita que odiava os caras desde o começo - foi assim que ele conheceu Yeonjun, acertando um belo soco no olho do rapaz, e em seguida conheceu Ryujin, quando a garota quase acabou com a linhagem dele com um chute certeiro nos países baixos, Felix agarrou os amigos e os arrastou para fora do bar com pressa em sair dali antes que a banda toda partisse para cima deles.
Naquela noite Bang Chan dormiu com uma dor insuportável nas bolas e sonhou com o trio de amigos bizarros.
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The Rogue
FanfictionE quando eu encontrei a banda, eles perguntaram "você ainda tem um homem?"